12/11/2015 18h05 - Atualizado em 05/01/2016 20h18

Microcefalia: saiba o que é, o que causa e como identificar

Condição afeta bebês que nascem com cabeça menor do que a média.
Governo identificou relação entre microcefalia e zika vírus.

Do G1, em São Paulo

O Ministério da Saúde declarou estado de emergência em saúde pública no país por causa do aumento de casos de microcefalia no Nordeste. O anúncio, feito na quarta-feira (11), tem relação com o crescimento drástico no número de ocorrências do problema nessa região, especialmente em Pernambuco.

A seguir, veja perguntas e respostas que ajudam a entender o problema.

- O que é microcefalia?
É uma condição rara em que o bebê nasce com o crânio do tamanho menor do que o normal.

- Como saber se o bebê tem microcefalia?
A microcefalia é diagnosticada quando o perímetro da cabeça é igual ou menor do que 32 cm (até este ano o Ministério da Saúde adotava 33 cm, mas a medida foi alterada de acordo com parâmetros da Organização Mundial da Saúde). Portanto, o esperado é que bebês tenham pelo menos 34 cm. Mas atenção: isso vale apenas para crianças nascidas a termo (com 9 meses de gravidez). No caso de prematuros, esses valores mudam e dependem da idade gestacional em que ocorre o parto.

Bebê com circunferência do crânio menor que 32 centímetros é considerado portador de microcefalia (Foto: Reprodução/TV Globo)Bebê com circunferência do crânio menor que 32 centímetros é considerado portador de microcefalia (Foto: Reprodução/TV Globo)

- O que causa a microcefalia?
Na maior parte dos casos são infecções adquiridas pela mãe, especialmente no primeiro trimestre da gravidez, que é quando o cérebro do bebê está sendo formado. Toxoplasmose, rubéola e citomegalovírus são alguns exemplos.

Outros possíveis causadores são abuso de álcool e drogas ilícitas na gestação e síndromes genéticas como a síndrome de down.


POSSÍVEIS CAUSAS DA MICROCEFALIA

- infecções adquiridas pela mãe (Toxoplasmose, rubéola e citomegalovírus são alguns exemplos)

- abuso de álcool ou drogas na gestação

- infecção da mãe por zika vírus


- É possível descobrir a microcefalia ainda na gravidez?
Sim. Pela ultrassonografia, os médicos conseguem medir o crânio do feto e perceber se está menor do que o esperado, fazendo um diagnóstico.

- A microcefalia está associada a outros problemas? Que sequelas a criança pode ter?
Em 90% dos casos a microcefalia vem associada a um atraso no desenvolvimento neurológico, psíquico e/ou motor. O tipo e o nível de gravidade da sequela variam caso a caso, e em alguns casos a inteligência da criança não é afetada. Déficit cognitivo, visual ou auditivo e epilepsia são alguns problemas que podem aparecer nas crianças com microcefalia.

- A cabeça da criança que nasce com microcefalia continua crescendo menos do que o normal?
Sim. Ela cresce ao longo da infância, mas menos do que a média.

Bebê com microcefalia é atendido no Hospital Universitário Oswaldo Cruz, no Recife (Foto: Katherine Coutinho/G1)Bebê com microcefalia é atendido no Hospital Universitário Oswaldo Cruz, no Recife (Foto: Katherine Coutinho/G1)

- Existe cura para a microcefalia? Como é o tratamento?
Não há como reverter a microcefalia com medicamentos ou outros tratamentos específicos. Mas é possível melhorar o desenvolvimento e a qualidade de vida da criança com o acompanhamento por profissionais como fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais.

- Existe prevenção?
Um bom acompanhamento pré-natal pode ajudar a diminuir o risco. A gestante também deve sempre procurar o médico se sentir sintomas de infecção, como febre, além de evitar o abuso de álcool e drogas ilícitas.

- Há relatos de “surtos” de microcefalia anteriores no Brasil ou em outros países?
Segundo o Ministério da Saúde, a situação atual é inédita e não há relatos na literatura científica de outros casos.

- Por que foi declarado estado de emergência no país?
O estado de Pernambuco registrou 141 casos de microcefalia desde o início de 2015 -- um aumento drástico em relação ao ano passado, quando houve apenas 12 casos. Foram identificados ainda 21 casos no Rio Grande do Norte e nove casos na Paraíba (além de seis outros que ainda estão sendo investigados nesse estado).

- Por que tantas crianças estão nascendo com microcefalia no Nordeste?
Ainda não está claro que é extamente o processo que está levando tantas crianças a desenvolverem a microcefalia. O Ministério da Saúde considera que o zika vírus está relacionado com esse fenômeno. O vírus já foi identificado em um bebê com microcefalia que acabou morrendo. Esse vírus foi identificado pela primeira vez no país em abril deste ano.

Segundo documento divulgado pela Secretaria de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SEVS/SES-PE), parte das mulheres que tiveram bebês com microcefalia apresentaram erupções na pele durante a gravidez. Apesar de este ser um dos sintomas do zika vírus, não há evidências suficientes para associá-lo à microcefalia, de acordo com o órgão.


POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS DA MICROCEFALIA

- atraso no desenvolvimento neurológico, psíquico e/ou motor.

- déficit cognitivo (em alguns casos a inteligência da criança não é afetada)

- déficit visual

- déficit auditivo

- epilepsia.


- Qual é a recomendação do Ministério da Saúde às gestantes?
Neste momento, o ministério pede que as grávidas não usem medicamentos não prescritos por profissionais de saúde e que façam um pré-natal qualificado e todos os exames previstos. Recomenda, ainda, que elas relatem aos profissionais de saúde qualquer alteração que perceberem durante a gestação. Como há fortes indícios de que o zika vírus tem relação com a microcefalia, também tem sido recomendado que as gestantes usem repelente e roupas que cubram braços e pernas, sempre que possível, bem como instalem telas antimosquito em casa.

 Fontes:
- Ângela Rocha, neuropediatra e coordenadora do centro de infectologista infantil do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, da Universidade de Pernambuco

- Rudimar Riesgo, membro do departamento de neurologia da Sociedade Brasileira de Pediatria e chefe de neuropediatria do Hospital de Clinicas da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)

- Ministério da Saúde

- National Institute of Neurological Disorders and Stroke (EUA)

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