Bate-Papo com Mauro Chasilew, que corre a Jungle Marathon
O Pulso conversou com o ultramaratonista carioca Mauro Chasilew antes de sua viagem para disputar a Jungle Marthon, na Floresta Nacional do Tapajós, no Pará, uma das provas mais duras do planeta, com 200km por dentro da floresta amazônica, com temperaturas que variam de 40 a 24 graus centígrados. A competição, que tem a participação de atletas de vários países, começou hoje e vai até o próximo domingo.
Nesta prova, os competidores levam sua própria alimentação e equipamento de sobrevivência. A maratona é dividida em seis etapas, com postos de inspeção distribuídos a cada 6km, onde os atletas são monitorados por equipes médicas e reabastecidos com água. A etapa mais longa possui 80km e será percorrida durante a noite. Ao final de cada etapa, os participantes são divididos em acampamentos.
PULSO: Depois de correr a ultramaratona de Israel, em abril, o que te leva para a Floresta Amazônica?
MAURO CHASILEW: Ano passado tive o prazer de correr a Jungle Marathon e fiquei encantado! Não temos idéia da força e tamanho da Floresta Amazônica. Ela te obriga a estar o tempo todo atento, pois você não vê o chão por causa da quantidade de folhas caídas, o que pode ocultar buracos e raízes. Além disso, precisa prestar atenção aonde apoiar as mãos, por causa de animais e espinhos. Na floresta parece que tudo é muito grande. Parece que até os insetos têm que ter brevê para voar!
PULSO: Como vai ser esta prova?
MAURO CHASILEW: A Jungle é uma prova de 222km dividida em 6 etapas, com distâncias variando de 16km até 87km. É uma corrida auto-suficiente em que o atleta deve levar tudo que pretende utilizar nos sete dias de prova. Ou seja, comida, rede, mosquiteiro, cobertura da rede contra chuva, primeiros socorros, roupa, etc, etc, etc. A única coisa que a organização fornece é água. Ainda assim, o atleta deve carregar consigo pelo menos 2,5 litros d'água (2,5kg só de água!!!). Um trecho mais curto não é garantia de maior facilidade ou menor tempo. O terreno é bem acidentado, faz muito calor e temos que levar tudo nas costas.
Além disso, uma boa estratégia em alimentação faz com que possa carregar menos peso.
PULSO: O que esperar dela?
MAURO CHASILEW: Serão 95 corredores. A maioria estrangeiros. Isso torna a prova interessante. Podemos ver outras realidades de preparação e perceber também como a selva os assusta. Além disso, temos a oportunidade de interagir com alguns moradores locais e ver uma realidade de nosso país que talvez nem tenhamos ouvido falar!
PULSO: Quais os seus maiores temores?
MAURO CHASILEW: Normalmente, a maior preocupação é com o sono. Entretanto, como essa é uma prova por etapas, não devo ter problemas nesta questão. Os temores passam a ser, portanto, os cuidados que devemos ter dentro da floresta, com relação a fauna e flora. Passaremos na área de maior concentração de onças do mundo (só é permitido passar durante o dia, pois esses animais têm hábitos noturnos), podemos cruzar com cobras e outros animais. E os espinhos nas árvores. Por outro lado, os animais, normalmente fogem ao ouvirem a presença humana. Gostamos de brincar que em caso de aparecimento de uma onça, o importante é estar ao lado de alguém que corra menos que você!
PULSO: Como foi sua preparação?
MAURO CHASILEW: Mantive minha rotina de treinamentos com corrida, bike, yoga, musculação e alongamentos e inclui mais atividades na Floresta da Tijuca, para me aproximar da realidade da selva.
PULSO: Quais as diferenças entre esta prova na floresta e a de Israel?
MAURO CHASILEW: A principal diferença entre as duas provas, é que em Israel a prova foi non stop, ou seja, o atleta corre todo o percurso de uma só vez. Na Jungle Marathon, são etapas diárias a serem vencidas. Ganha o atleta que tiver o menor somatório de tempos. Além disso, em Israel eu tive uma equipe de apoio, o que permitiu que eu não carregasse nada comigo. Já na Jungle, terei um bom sobrepeso por conta da mochila, que deverá pesar algo por volta de 12kg.
PULSO: Qual seu próximo desafio?
MAURO CHASILEW: Para 2011, quero correr o Ecomotion Pro, que foi adiado de novembro deste ano para abril. Em janeiro, a imperdível Brazil135 (217km) na Serra da Mantiqueira. Quero também fazer uma ultramaratona na Índia e outra na Escócia.
PULSO: Quantas provas de ultramaratona você já disputou?
MAURO CHASILEW: Até agora participei de sete ultras. E, como é tão difícil conseguir apoios e patrocinios, gostaria de agradecer à On The Rocks Aventuras, Hebraica-Rio, A!Body Tech, Solo Roupas Esportivas, Deuter/ProAtiva, CREB e Suum por darem uma boa força e acreditarem no esporte como um projeto de vida.