O tempo passou, mas a relação entre os cineastas Quentin Tarantino e Spike Lee não melhorou. De passagem por São Paulo nesta segunda-feira (23) para divulgar seu oitavo filme, “Os oito odiados”, o diretor de “Django livre” (2012) não escondeu seu desprezo pelo colega, com quem tem pouca amizade há quase dez anos.
Acompanhado pelo ator britânico Tim Roth, o cineasta participou de coletiva de imprensa para discutir seu novo longa, que chega ao Brasil no dia 7 de janeiro de 2016. Por “limitações técnicas”, o país não receberá a versão exibida em filme de 70 mm, com alguns minutos a mais e edição ligeiramente diferente. Assista ao trailer.
Tarantino também aproveitou a ocasião para falar sobre o desejo de trabalhar com Johnny Depp e Kate Winslet, e seus planos de largar a carreira no cinema após sua décima produção. Lacônico quando perguntado se trabalharia com Spike Lee - “Não” -, o diretor não resistiu no final do evento.
“Eu tenho dois filmes sobrando. Não vou gastar um deles trabalhando com o porra do Spike Lee”, afirmou Tarantino. “O dia em que eu trabalhar com ele será o dia mais feliz de sua vida.”
(Foto: Divulgação)
Relação conflituosa
Os dois têm uma relação conflituosa desde que Lee criticou “Jackie Brown” (1997), longa de Tarantino que explora o blaxploitation dos anos 1970, na época de seu lançamento.
Mas o evento não foi tomado por sentimentos negativos. Tarantino afirmou que gostaria de trabalhar com Johnny Depp -- “eu teria de escrever algo certo para ele” --, mas que, se tivesse de escolher apenas um ator para dirigir, seria Kate Winslet. “Meu diálogo não é para qualquer um. Não importa a qualidade do ator, não são todos que têm o tempo ou o humor para as falas que escrevo”, explicou, sobre as escolhas dos elencos de seus filmes.
Ele lembrou de sua primeira passagem pelo Brasil, em 1992, quando promoveu seu primeiro longa, “Cães de aluguel”. “Eu achava que teria aprendido português até agora, porque é uma língua tão bonita, mas estou aqui novamente e aprendi bosta nenhuma”, revelou.