10/08/2015 08h20 - Atualizado em 04/02/2016 21h17

Streaming leva renda de música digital a superar discos no Brasil

Mercado digital rendeu mais que o físico no país de janeiro a maio de 2015.
Virada inédita é puxada por hábitos de ouvintes de 15 a 24 anos; veja vídeo.

Rodrigo Ortega e Helton Simões GomesDo G1, em São Paulo

Fãs que ouvem música online, sem baixar mp3 muito menos comprar discos, levam a uma virada inédita no Brasil e dão novo fôlego à indústria musical. Com o crescimento do streaming, a renda da música digital superou a renda física de discos no Brasil de janeiro a maio de 2015. O levantamento foi feito pela Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD). O presidente da entidade, Paulo Rosa, diz em entrevista ao G1 esperarque a tendência siga no 2º semestre, e que 2015 seja o primeiro ano com mais renda digital do que de discos no país.

(CD já ficou para trás e até mp3 está virando passado. Ouvir online é presente e futuro. Veja durante esta semana especial do G1 sobre a revolução do streaming. No 1º dia, fomos às ruas em SP falar sobre o consumo de música. Veja vídeo acima e saiba mais abaixo).

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Gif streaming 620 (Foto: Fábio Tito / G1)

O streaming permite ouvir música online sem suporte físico (discos) nem precisar guardar arquivos mp3 no computador (download). Desta forma, é possível ouvir uma canção enquanto ela é baixada da internet. A renda de anúncios do YouTube e de assinatura de serviços como Spotify, Rdio, Deezer chega cada vez mais ao Brasil.

 

A virada do digital, inciada pelas lojas de mp3, como iTunes, e agora puxada pelo streaming, já estava próxima. Em 2014, streaming e downloads já somavam 48% da renda combinada no Brasil, contra 52% de CDs, DVDs e Blu-Rays. A tendência é mundial. Os discos perderam a liderança de vendas nos EUA, em 2011, e na Inglaterra, em 2012.

Serviços de música online são luz no fim do túnel da indústria, afetada pela pirataria desde o início dos anos 2000. Dentro do campo digital, o streaming já rende mais que o download pago no Brasil. Não é por acaso que a Apple, que entrou no mundo da música apostando em vender faixas baixadas pelo iTunes, lançou o serviço de streaming Apple Music.

Ainda há entraves no Brasil. Como o streaming depende da internet móvel, a qualidade do sinal de celular pode ser um problema na hora de ouvir. Para isso, os serviços do gênero possuem modos offline, que armazena algumas faixas no próprio aparelho.

Veja abaixo perguntas e respostas sobre a virada do streaming:

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Streaming pergunta 1 (Foto: G1)

O uso de streaming no Brasil é maior entre os jovens de 15 a 24 anos, diz o estudo ConsumerLab Infocom 2014. A pesquisa foi feita com 3 mil pessoas pela Ericsson no Brasil. Segundo o levantamento, 69% dos internautas disseram fazer streaming de música em 2014. Em 2013, eles eram 59%.

streaming pergunta 2 (Foto: G1)

Os dados indicam que sim. No ano passado no Brasil, a renda com discos caiu 15%, enquanto a digital, já liderada pelo streaming, subiu 30%. O rendimento total do setor, que também inclui execução pública e direitos autorais, subiu 2%, e ficou em R$ 581,7 milhões. A ABPD não liberou os números exatos do início de 2015, mas confirmou a liderança do setor digital.

Streaming pergunta 3 (Foto: G1)

"O potencial do streaming é enorme no Brasil. Temos uma base de cerca de 60 milhões de smartphones, em expansão, e população cada vez mais conectada. O streaming pode ser a principal forma de consumo de música nos próximos anos", dizPaulo Rosa, presidente da ABPD. A entidade reúne filiais brasileiras das maiores gravadoras do mundo.

streaming pergunta 4 (Foto: G1)

Ainda não. A própria ideia do streaming ainda é nova, tanto que alguns usuários acham estranho o conceito de "alugar músicas" mesmo tendo dezenas de milhões de músicas à disposição. "Você vê espertinhos falando: 'Legal, vou assinar um mês, baixar tudo e deixar de assinar depois'. Mas não funciona assim", diz Mathieu Le Roux, diretor do Deezer no Brasil.

Nas ruas, o YouTube é de longe o serviço de streaming mais reconhecido. Mesmo sendo gratuito para o ouvinte, ele gera cada vez mais dinheiro à indústria, via anúncios pagos no site. Os serviços por assinatura ainda não são reconhecidos por todos, mas crescem cada vez mais.

Streaming pergunta 5 (Foto: G1)

Apesar do crescimento, o streaming ainda é novo, e não eliminou de vez a pirataria nem redimiu a indústria. A maior bronca vem de artistas, como Taylor Swift e o grupo Procure Saber (Caetano Veloso, Gilberto Gil e outros). Eles dizem que o repasse da renda tem sido injusto. As empresas respondem em uníssono às queixas dos músicos: quanto mais o streaming crescer, mas retorno para todos (saiba mais durante essa semana no especial).

Streaming pergunta 6 (Foto: G1)

"O grande desafio é convencer o consumidor, especialmente mais jovem, que o mercado de streaming tem um custo/benefício excelente e que vale à pena pagar, ainda que pouco, pelo acesso irrestrito a qualquer música, em qualquer lugar e a qualquer hora", diz Paulo Rosa. Ele exalta tanto o modelo baseado em acesso gratuito bancado por publicidade, caso do YouTube, quanto os serviços bancados por assinaturas, como Spotify e Apple Music.

Arthur Fitzgibbon, executivo da OneRPM, empresa que faz a ponte entre músicos e empresas de streaming, resume: "Tivemos uma geração perdida de pessoas que não sabiam consumir música. O repasse ainda é pequeno, mas é uma nova educação de consumo".

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