Política

No Senado, oposição pede renúncia de Dilma Rousseff

Aécio diz que desde Idade Média nenhum governo foi tão rejeitado. Para Caiado, renúncia seria medida menos traumática

Senador Cássio Cunha Lima discursa no plenário do Senado
Foto: Agência Senado / Geraldo Magela
Senador Cássio Cunha Lima discursa no plenário do Senado Foto: Agência Senado / Geraldo Magela

BRASÍLIA — O baixíssimo índice de aprovação do governo divulgado nesta quarta-feira na pesquisa CNI/Ibope —9% de ótimo e bom — levou líderes da oposição a ocupar a tribuna do Senado para pedir a renúncia da presidente Dilma Rousseff. O argumento é que houve um desmonte em todas as estruturas do estado, “por uma quadrilha que ocupou a gestão federal”, e que, com esse nível de aprovação, a presidente não conseguirá implementar nada que tire o país do buraco.

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse que desde o período medieval, nenhum presidente teve índice de rejeição tão alto como a presidente Dilma Rousseff. Sobre os discursos de tucanos pedindo a renúncia da presidente, por falta de condições de governabilidade, Aécio disse que há uma preocupação crescente com o vácuo de poder, mas que ele, como presidente do partido, tem adotado uma posição de cautela e espera o pronunciamento da Justiça Eleitoral e Ministério Público nas ações impetradas pelas oposições.

— O governo da presidente Dilma paga o preço da irresponsabilidade que conduziu o Brasil a esse quadro de degradação cada vez mais crescente. Infelizmente esse preço é dividido com os brasileiros e os mais pobres são os mais penalizados. O que estamos vendo acontecer é um fato inédito no Mundo, para homenagear a presidente Dilma. Desde a Idade Média, não assistimos, em País nenhum do Mundo, um presidente da República com popularidade menor que a inflação de seu governo — disse Aécio.

O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), disse que a renúncia é a única saída possível para que a economia se recupere e os brasileiros voltem a ter um pouco de esperança.

No seu discurso o tucano lembrou as denúncias feitas pelo delator Ricardo Pessoa, da UTC, que disse ter repassado R$ 7,5 milhões de dinheiro ilícito, de corrupção na Petrobras, para a campanha da presidente Dilma, em 2014.

— A nação aguarda de forma atenta todos os desfechos dessas demandas do campo da justiça. Para que o Brasil tenha seu sofrimento abreviado, renuncie Dilma Rousseff ! Nós no Brasil vivemos hoje um desmonte do estado por uma quadrilha que ocupou o estado brasileiro. Ao mesmo tempo em que a pesquisa CNI/Ibope vinha sendo anunciada, a PF fazia uma nova operação na casa da Moeda para apurar desvio de R$ 6 bilhões — discursou Cássio Cunha Lima, enumerando os outros escândalos da gestão petista: mensalão, Lava-Jato, BNDEs, fundos de pensão, Petrobras e outros.

— Renuncia presidente! Livre o país dessa crise econômica, financeira e moral que estamos atravessando — discursou também o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), engrossando o coro dos pedidos de renúncia.

O líder do Democratas, senador Ronaldo Caiado (GO), também subiu o tom dos ataques a presidente Dilma. Ironizando os números da pesquisa, o senador goiano disse ser muito simbólico que o índice de aprovação do governo tenha caído para 9% e sido ultrapassado pela índice de inflação projetado. Para Caiado, a saída menos traumática para o país seria a renúncia da presidente, porque a cada dia que ela fica no cargo, "afunda mais o país".

— A presidente Dilma criou uma situação de ingovernabilidade , colocou o Brasil numa situação, que nada que ela faça vai tirar o País do buraco, pelo contrário, tudo que faz é para afundar cada vez mais. O País continua ladeira abaixo. Seria menos traumático se ela renunciasse. Se Dilma tivesse um gesto de estadista, pelo bem dos brasileiros nesse momento, ela renunciaria. Dilma tem que entender que chegou ao fim, não dá mais — defendeu Caiado.

O presidente do Democratas, José Agripino Maia (RN), disse que o quadro mostrado hoje pela pesquisa CNI/Ibope, principalmente no Nordeste, onde Dilma tem seu maior eleitorado, não é surpresa para ninguém.

— Maior do que a reprovação é o sentimento das ruas de que ainda podemos ter pela frente o calvário de mais três anos de um governo sem rumo — disse Agripino.

DESÂNIMO

O líder tucano, Aécio Neves, disse que o desânimo tomou conta da economia e todos os setores, inclusive do PT, estão muito preocupados com a perda da capacidade de governabilidade da presidente Dilma.

— O Brasil vive hoje um vácuo de poder que preocupa a todos que acompanham a crescente deterioração do quadro político e econômico. O que vemos é o PT e o governo muito preocupados com a falta de condições da presidente em assumir uma posição pró-ativa — disse Aécio.

O presidente do PSDB criticou também a pressão do PT e da presidente Dilma para coibir as investigações da Operação Lava-jato . Para Aécio, o que garante as investigações é o fortalecimento das instituições.

— O que tem que ser combatido é o crime e a corrupção desenfreada, não a Polícia Federal e o Ministério Público. Quanto mais o PT cobrar do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que controle a PF, mais distantes ficaremos do estado de direito . Quanto mais essa onda de denúncias se aproxima do Palácio do Planalto e de figuras estreladas do partido, mais constrangem as instituições — disse Aécio.