• Redação Marie Claire
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Julia Roberts sobe descalça a escadaria dos Palais des Festivals, em Cannes (Foto: Getty Images)

Julia Roberts sobe descalça a escadaria dos Palais des Festivals, em Cannes (Foto: Getty Images)

Assunto pouco discutido, o uso (muitas vezes torturante) de sapatos de salto alto entrou no centro da discussão feminista nesta semana. Por que em algumas situações as mulheres são obrigadas a calçar saltos?

No Festival de Cannes, Julia Roberts, Kristen Stewart e Sasha Lane cruzaram o tapete vermelho descalças. Segundo a imprensa internacional, o ato foi um protesto por mulheres terem sido barradas em eventos do festival pelo simples fato de estarem sem salto.

Na exibição do filme "Carol", no ano passado, três mulheres não puderam entrar na sala de projeção por estarem com sapatos baixos. O caso gerou protestos nas redes sociais. Uma produtora, que tem um dos pés parcialmente amputado, foi parada quatro vezes por seguranças ao tentar entrar na exibição de "The see of trees", de Gus Van Sant.

A repercussão foi tamanha que o diretor artístisco do festival francês, Thierry Frémaux, se desculpou e organizadores do evento divulgaram comunicado, negando a existência de uma regra formal sobre sapatos femininos.

Não é de hoje que a ditadura do salto vem sendo questionada, muitas vezes por razões de saúde. Em 2011, a atriz Sarah Jessica Parker, cuja Carrie Bradshaw, de "Sex and the City", deu fama a  Manolos e Louboutins, admitiu que não conseguia mais usá-los. Questionada pelo "USA Today", Sarah confirmou: "Eu destruí os meus pés com salto, não sinto mais nada neles".

NO TRABALHO

Nicola Thorp foi suspensa do trabalho por se recusar a usar salto (Foto: Reprodução Facebook)

Nicola Thorp foi suspensa do trabalho por se recusar a usar salto (Foto: Reprodução Facebook)


Suspensa do trabalho depois de se recusar a usar salto alto, a recepcionista inglesa Nicola Thorp, de 27 anos, esquentou o debate sobre sexismo dentro das empresas. Segundo os empregadores, a vaga temporária exigia da contratada o uso de sapatos que tivessem de cinco a sete centímetros de altura. “Eles queriam que eu fizesse um turno de nove horas de pé levando clientes para salas de reunião”, comentou em entrevista à BBC. "Disse a eles que consideraria (a exigência) justa se me explicassem por que usar sapatos sem salto prejudicaria a realização do meu trabalho, mas eles não me explicaram"

O incidente estimulou Nicola criar uma petição online pedindo mudanças na lei inglesa, que dá às empresas o direito de demitir funcionários que não acatem códigos de vestuário “razoáveis”. O documento alcançou em poucos dias mais de 100 mil assinaturas, número exigido pelo Parlamento Britânico para colocar o assunto na pauta de discussões.

“ELES SÃO SEXISTAS”

A britânica Nicola Gavins publicou no Facebook as fotos dos pés ensanguentados de uma amiga, que trabalha como garçonete no Canadá (Foto: Reprodução Facebook)

A britânica Nicola Gavins publicou no Facebook as fotos dos pés ensanguentados de uma amiga, que trabalha como garçonete no Canadá (Foto: Reprodução Facebook)


Dias depois, uma fotografia dos pés ensanguentados de uma mulher viralizou rapidamente nas redes sociais e jogou ainda mais luz sobre o assunto. A foto foi publicada pela também inglesa Nicola Gavins e retratava a situação extrema encarada por uma amiga, que trabalha como garçonete em um restaurante em Edmonton, no Canadá.

No post, ela deu detalhes sobre o ocorrido: “A política deles ainda é obrigar que as funcionárias usem saltos, a menos que haja restrição médica. Os pés da minha amiga sangraram a ponto de ela perder uma unha, mesmo assim foi repreendida pelo gerente por mudar o calçado. Eles são sexistas, possuem um pensamento arcaico e totalmente nojento”. A imagem foi compartilhada mais de 12 mil vezes.

Diante da repercussão, a rede Joey Restaurants emitiu um comunicado oficial, onde desmentiu a obrigatoriedade do uso do salto durante o expediente e garantiu que o gerente seria advertido.