Edição do dia 28/09/2015

28/09/2015 08h58 - Atualizado em 28/09/2015 08h58

Cresce número de profissionais dispostos a ganhar até R$ 1 mil

Com desemprego, trabalhadores qualificados mudam de área e aceitam salários mais baixos. Tem gente que fala até três idiomas nessa situação.

Quem está procurando emprego já se deu conta da crise e está se conformando com salários mais baixos. Bem mais baixos. Tem profissional qualificado que fala até três idiomas topando ganhar menos de R$ 1 mil por mês.

Tem até concorrência por empregos com salários mais baixos. Um levantamento de um portal que liga trabalhadores a empresas mostra que, praticamente, dobrou o número de interessados em vagas com salários de até R$ 1 mil reais.

Com o reconhecimento rápido e a sorte de uma vaga, Fernando César de Castro foi promovido a gerente de um lava-rápido há dez dias. Durante um mês, ele foi ajudante geral e caprichava no acabamento para deixar o carro brilhando. Isso depois de trabalhar durante 18 anos na área de tecnologia da informação e enfrentar seis meses sem trabalho.

“Hoje está muito difícil o mercado de trabalho em qualquer área, creio eu, mas na área de tecnologia também está muito difícil. Eu tenho família, minha esposa está grávida, está vindo um filho aí, a gente precisa trabalhar”, justifica.

O salário de lavador e de ajudante geral não chega a R$ 1 mil. O lava-rápido emprega seis pessoas nessas funções e hoje tem uma lista de trabalhadores interessados em uma vaga.

“Passa por aqui, vê o movimento, vê que tem bastante movimento no comércio e então eles veem aí uma oportunidade de emprego, então tem aparecido muito mais gente do que antigamente”, diz Eduardo Bueno de Camargo, dono do lava-rápido.

Um levantamento feito por um portal na internet, que conecta pessoas a empresas, mostra que a procura por vagas operacionais - funções mais simples, com salários entre um mínimo e R$ 3 mil - aumentou 10% este ano. E para conseguir trabalho, boa parte dos candidatos cadastrados está mais flexível, aceitando salários mais baixos.

Em 2014, 37% das pessoas que se cadastravam no site topavam receber até R$ 1 mil. Este ano, o índice saltou para 72%.

“A gente tem vários exemplos aqui de pessoas bilíngues, em alguns casos, trilíngues, procurando vagas mais básicas, vagas operacionais, mesmo. Tem uma incerteza na economia, tem uma necessidade de não ficar parado muito tempo e a perspectiva é começar a se mexer”, diz o presidente do portal Emprego Ligado, Jacob Rosenbloom.

O desemprego é um problema real para muita gente hoje no Brasil. A taxa de desocupação chegou a 7,6% no mês passado, de acordo com o IBGE. Uma alta significativa em relação a agosto de 2014, quando a taxa era de 5%.

Depois de vencer o desemprego, Fernando, que até já foi promovido, dá menos importância para o fato de ter mudado de área.

“Só de saber que você vai acordar, tem seu trabalho, no final do mês tem seu dinheirinho lá, por mais que não seja aquelas coisas, mas é seu salário, que paga suas contas, que dá comida para sua família, para mim está maravilhoso, graças a Deus”, diz.

Nos últimos doze meses foram fechadas 985 mil vagas formais. É quase um milhão de vagas a menos no mercado.

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