Quando tinha nove anos,
Kirsty Coventry acompanhou as Olimpíadas de Barcelona 1992 pela televisão. Seu
encantamento foi tanto que, dali em diante, ela só pensava em uma coisa: ser
campeã olímpica. A natação já fazia parte do seu dia a dia, mas seu país nunca teve
uma estrutura esportiva de ponta. A única medalha olímpica do Zimbábue até
então havia sido conquistada pela seleção masculina de hóquei, campeã em Moscou
1980. Apesar de todas essas dificuldades, a nadadora passou a figurar entre os
melhores atletas do mundo em um esporte dominado por americanos, australianos e
europeus, e acabou realizando muito mais do que um dia havia sonhado.
Heptacampeã mundial e
bicampeã olímpica, Coventry tornou-se uma colecionadora de recordes. Suas sete
medalhas nos Jogos representam as únicas conquistas de seu país, fora o time de
hóquei. Na África, nenhum atleta subiu tanto ao pódio quanto ela. Já em sua
modalidade, tal marca lhe garante uma terceira façanha: a de maior medalhista da
natação feminina em provas individuais da história olímpica, ao lado da húngara
Krisztina Egerszegi.
Sua estreia nos Jogos foi
precoce: aos 16 anos, em Sydney 2000. Após deixar uma boa impressão no evento, apesar
de não ter se classificado às finais, Coventry conseguiu ser aceita na
Universidade de Auburn, nos Estados Unidos, mesmo local em que o brasileiro Cesar
Cielo fez a sua preparação para Pequim 2008. A mudança permitiu que a nadadora
se desenvolvesse e passasse a competir de igual para igual contra qualquer
adversária.
Em Atenas 2004, vieram as
três primeiras medalhas, com direito a ouro nos 200m costas. O que já parecia bom ficou ainda melhor em Pequim 2008, com o
bicampeonato olímpico nos 200m costas e mais três pratas (veja todas as conquistas na tabela ao lado). Londres 2012, por sua vez, reservou outro momento
especial, quando carregou a bandeira do Zimbábue na cerimônia de abertura dos
Jogos.
Neste ciclo olímpico, Coventry
começou a fazer sua transição de carreira, dedicando-se ao desenvolvimento de
jovens atletas ao redor do mundo e ao cargo de membro do Comitê Olímpico
Internacional (COI). Mesmo assim, não deixou de lado os treinos, obtendo índice
para os Jogos Rio 2016 nos 100m costas. No ano que vem, a nadadora participará
de sua quinta olimpíada, e os brasileiros terão a chance de acompanhar aquela
que pode ser sua competição derradeira.
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