28/05/2016 15h57 - Atualizado em 28/05/2016 15h57

Médica capixaba desaparecida em SP tem alta do hospital

Segundo família, oftalmologista passou frio, fome e vagou pela cidade.
Eliza foi encontrada por passageira de trem e passou a noite em hospital.

Naiara ArpiniDo G1 ES

A médica Eliza Cremasco aparece desembarcando no Aeroporto de Guarulho levando uma mochila amarela e uma mala de rodinhas (Foto: Reprodução/TV Globo)A médica Eliza Cremasco aparece desembarcando no Aeroporto de Guarulho levando uma mochila amarela e uma mala de rodinhas (Foto: Reprodução/TV Globo)

A médica oftalmologista capixaba Eliza Cremasco, de 66 anos, que ficou desaparecida por quase três dias em São Paulo depois de chegar da Itália e desembarcar no aeroporto de Guarulhos, teve alta médica após passar a noite no Hospital Sírio Libanês. Segundo a irmã Maria Helena Cremasco, Eliza foi liberada nesta manhã (28) mas só deve voltar ao Espírito Santo na semana que vem.

Segundo o sobrinho João Cremasco, Eliza passou frio, fome e "vagou" por São Paulo no período em que ficou desaparecida. "Ficou praticamente dois dias sem se alimentar, passou muito frio", disse. Ela foi encontrada na sexta-feira (27) após ser reconhecida por uma passageira por causa da bolsa que usava, em um trem da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

A irmã Maria Helena, que mora em Nova Venécia, acompanhou o caso à distância. Ela conversou com a sobrinha que acompanhou Eliza no hospital. “Os exames não deram nada, foi só caso de hidratar mesmo. Então de manhã ela teve alta, mas vai ficar mais uns três dias em São Paulo na casa de algum dos sobrinhos que moram lá”, explicou.

Por telefone, a assessoria do Hospital Sírio Libanês confirmou que no final da manhã deste sábado (28) Eliza já havia saído da unidade.

Alívio da família
Um dos irmãos de Eliza, o dentista Pedro Cremasco, desembarcou no Espírito Santo nesta manhã (28) após ter ido a São Paulo participar das buscas. Ele contou que a família está aliviada e feliz com o desfecho da história.

“O sentimento é de alívio total. Foi uma batalha bem corrida e intensa lá em São Paulo, com participação dos irmãos, sobrinhos e amigos. Foi bem agitado, mas o importante é o resultado final”, disse.

Médica Eliza Cremasco chega ao Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, depois de ter sido encontrada em um trem da CPTM (Foto: Nelson Antoine/FramePhoto/Estadão Conteúdo)Médica Eliza Cremasco chega ao Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, depois de ter sido encontrada em um trem da CPTM (Foto: Nelson Antoine/FramePhoto/Estadão Conteúdo)

VEJA POR ONDE A MÉDICA PASSOU EM SÃO PAULO
- Aeroporto de Guarulhos (cidade a Leste da capital, a 25 km do centro de São Paulo): Eliza chegou na quarta-feira pela manhã;
- Avenida Paulista (região central, a 6 km do Centro): Ela teria dormido na sofá da recepção de um hotel;
- Avenida Ricardo Jafet (Zona Sul de SP, a 11 km do Centro): Família teve notícias de que ela foi vista por lá;
- Estação Tucuruvi do Metrô (Zona Norte, a 16 km do Centro): Imagens mostram Eliza na última estação da Linha 1-Azul do Metrô;
- Linha 7 - Rubi da CPTM: Nesta sexta-feira, Eliza pegou o trem até a estação de Francisco Morato, cidade a 32 km do Centro de São Paulo, quando foi reconhecida por uma passageira e levada até a estação Caieiras, a 23 km.

No fim da tarde desta sexta-feira, Eliza foi levada para a delegacia de Franco da Rocha e depois para o Hospital Sírio Libanês, na capital paulista. "Não tinha dinheiro, cartão, sequer agasalho e se alimentou e hidratou mal. A internação é em função disso. Exames sobre a memória, segundo ele, são 'segundo plano'", completou o sobrinho da médica.

Segundo a família, Eliza "vagou" por São Paulo utilizando transporte público por ser idosa e ter isenção nas passagens. A médica tem lapsos de memória e estava sem documentos. "Ela foi vista no Metrô Tucuruvi, [Avenida] Ricardo Jafet, na Avenida Paulista e finalmente em Caieiras. Ela circulou incrivelmente por São Paulo", relatou João Cremasco.

Médica foi encontrada por passageira e levada para a estação Caieiras da CPTM (Foto: Arquivo Pessoal)Médica foi encontrada por passageira e levada para a estação Caieiras da CPTM (Foto: Arquivo Pessoal)

Reconhecimento pela bolsa
"Quem a reconheceu foi uma passageira que estava na mesma composição que ela. Ela a reconheceu pela bolsa. A passageira a abordou e perguntou se ela era médica, e ela começou a contar a sua história", disse a agente operacional da CPTM, Sônia Oliveira.

Ainda na estação, Eliza relatou que tentou fazer contato com a família por um orelhão, mas não conseguiu. Ela pegou o trem na Estação da Luz, seguiu até Francisco Morato e retornou. No trajeto de volta, foi reconhecida por uma passageira. No fim da tarde, Eliza foi levada para a delegacia de Franco da Rocha e depois para o Hospital Sírio Libanês, na capital.

"Acionaram a Guarda Municipal e entraram em contato conosco", afirmou João Cremasco, sobrinho de Eliza, logo após ser avisado sobre a localização da médica. "Ela está bem, lúcida, mas vamos levá-la para um hospital para ver o quadro clínico dela. A família está muito aliviada e agradecida à polícia Civil, Militar, guarda civil de São Paulo e de Caieiras e à imprensa."

"Ela passou fome, estava sem recurso nenhum. Não foi agredida, em algumas situações foi assistida, um hotel a acolheu... Nós ficamos surpresos [termos encontrado] porque foram pouco mais de 55 horas, mas em uma cidade tão imensa como São Paulo", disse o irmão da médica, o empresário Jair Cremasco.

Desaparecimento
Eliza Cremasco desapareceu na quarta-feira (25) depois de chegar de uma viagem à Itália no Aeroporto Internacional de Guarulhos e se desencontrar de uma amiga. A médica deveria embarcar para Vitória, capital do Espírito Santo. A mulher sofre de lapsos de memória, segundo seus familiares, que viajaram para São Paulo para ajudar à polícia nas buscas à médica. Para eles, Eliza deveria ter ficado desorientada.

Desde o início desta manhã as equipes da polícia estavam em diligências nos bairros onde testemunhas disseram ter visto Eliza. A investigação trabalhava com a informação de que a mulher pegou um táxi de Cumbica para a Avenida Paulista. Na quinta-feira (26) cães farejadores da Guarda Civil de Guarulhos também ajudaram nas buscas, segundo policiais.

Ela estaria tentando se hospedar num hotel, mas, como estava sem a bolsa, não conseguiu pagar a diária. Por esse motivo, teria dormido no sofá de um hotel. A bagagem foi abandonada no aeroporto e acabou recuperada por parentes.

A oftalmologista também teria sido vista próxima estações do Metrô no Ipiranga, Tucuruvi e Parque Dom Pedro. A investigação trabalha com a informação de que Eliza teria usado ônibus para se locomover. Ela teria dito a algumas pessoas que buscava o endereço de um sobrinho, que é juiz em São Paulo.

João Cremasco, sobrinho da médica, acredita que a tia tenha ficado desorientada. "O fato de ela ter se visto sozinha, né? Depois que ela se perdeu da amiga, ela pode ter entrado num surto, pode ter acontecido alguma coisa", disse nesta sexta-feira ao SPTV.  Eliza não é casada e não tem filhos.

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