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As empresas responsáveis com o planeta de 2015

As empresas responsáveis com o planeta de 2015

As vencedoras do Prêmio ÉPOCA Empresa Verde mostram que cuidar do meio ambiente é bom para os negócios. Ah, se os governos se mirassem no exemplo delas...

THAIS HERRERO
02/10/2015 - 22h17 - Atualizado 01/11/2016 21h18

Em dezembro, o mundo estará de olho na 21ª Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, a COP 21. Ela reunirá representantes de 190 países para tentar combinar uma meta de corte na emissão de gases responsáveis pelas mudanças climáticas. Enquanto os governos tentam chegar a um acordo, várias companhias atentas ao assunto estabeleceram ações próprias para diminuir seu impacto ao meio ambiente. Algumas estão entre as ganhadoras do Prêmio ÉPOCA Empresa Verde.

O prêmio é realizado desde 2008 em parceria com a PricewaterhouseCoopers (PwC). Nesta edição, criamos duas categorias especiais: Melhor Solução para Urbanização e Melhor Solução para o Uso Sustentável de Recursos Naturais. Duas empresas dividiram o prêmio nessa última categoria: Neoenergia e Honda, que se destacaram por investir em energias renováveis. Segundo Carlos Rossin, diretor de sustentabilidade da PwC, a aposta delas colabora com a revolução na matriz energética brasileira. “Com a crise hídrica do Sudeste, não dá para depender só das usinas hidrelétricas. O Brasil tem um potencial incrível para explorar a energia dos ventos e do sol. E agora é a hora certa”, afirma. A seguir, você vai conhecer o que as sete empresas campeãs fazem pelo meio ambiente e para garantir seu próprio futuro sustentável.

>> Blog do Planeta: Prêmio ÉPOCA Empresa Verde: os campeões de edições anteriores
 

Prêmio Época Empresa Verde  (Foto: Época )

EMPRESA VERDE
SERVIÇOS
ENEL BRASIL

Os brasileiros que moram no Ceará e no Rio de Janeiro sabem que o lixo produzido em suas casas vale uma conta de luz mais barata. Desde 2007, a Coelce e a Ampla, empresas da Enel Brasil que distribuem a energia elétrica nos dois Estados, respectivamente, mantêm um programa de incentivo à reciclagem em que os clientes trocam resíduos de papel, plástico, vidro, metal e óleo de cozinha por bônus na conta de energia.

Para isso, eles levam os materiais a um dos postos das empresas, onde tudo é separado e pesado. Existe uma cotação em reais para cada tipo de material. O valor obtido vai para um cartão magnético do cliente e vira bônus abatido na conta de luz do mês seguinte. O desconto não tem limites. Há quem fique meses sem precisar pagar nenhum centavo. De 2007 a 2014, mais de 22.000 toneladas de resíduos foram recicladas e viraram R$ 3 milhões em descontos. Além de melhorar os índices de reciclagem nos 43 municípios participantes, a Enel também diminuiu o número de clientes inadimplentes, que estava alto. “Hoje, ajudamos a população carente a acessar a energia elétrica, que é tão fundamental para todos nós, sem que ninguém fique devendo na praça ou corra o risco de ter o serviço cortado”, diz Marcia Massotti, responsável pela área de sustentabilidade da Enel Brasil. Desde 2014, quem troca o lixo pelo desconto recebe na conta uma informação extra: a quantidade de gás carbônico que deixou de ser lançada no meio ambiente graças ao encaminhamento do material para a reciclagem. Isso porque a reciclagem reduz a necessidade de produzir nova matéria-prima, diminuindo a emissão das fábricas.

>> Marina Grossi: “União entre empresas e governo é crucial para o meio ambiente”

EMPRESA VERDE
INDÚSTRIA
UNILEVER


Uma máquina que lava roupas de uma família com quatro pessoas gasta entre 80 e 135 litros de água por vez. De olho no valor cada vez maior desse líquido natural, a Unilever lançou uma versão concentrada do popular sabão Omo. O produto só precisa de um enxágue na máquina. Reduz pela metade o consumo de água a cada lavagem. Para Fernando Fernandez, presidente da Unilever no Brasil, isso foi possível porque “o que lava a roupa é o sabão e não a água”. Segundo a empresa, o produto tem uma fórmula que permite desprender a sujeira das roupas numa concentração menor de água.

Desde o começo de 2014, a empresa aposta na linha de concentrados e compactos. Há também amaciantes e produtos de limpeza. Em maio de 2015, foram lançados os antitranspirantes em embalagens menores, com gás comprimido.Isso permite a redução do consumo de água e de lixo tanto na fabricação quanto durante o uso dos produtos. Somente as linhas de amaciante e sabão para lavagem de roupas pouparam em 2014 cerca de 100 milhões de litros de água nas fábricas da Unilever no Brasil. É equivalente ao consumo de 1 milhão de pessoas.

Para lançar esses produtos, a empresa pesquisou e desenvolveu tecnologias especiais para tornar o produto eficiente em quantidades menores. Agora, quer que suas concorrentes também entrem nesse mercado. Por isso, tudo o que foi descoberto está disponível sem patentes para ser copiado. A vantagem, segundo Fernandez, é que assim o mercado será regulamentado e todos competirão em pé de igualdade.

>> Helio Mattar: “Empresa é muito importante para não ter responsabilidade ambiental"

Fábrica de tijolos em São Paulo (Foto: Pisco Del Gaiso)

EMPRESA VERDE
MUDANÇAS CLIMÁTICAS – SERVIÇOS E FINANÇAS
SANTANDER

No site do Banco Santander há uma ferramenta em que calculamos quanto nossas ações do dia a dia – como se locomover, comprar objetos e fazer viagens – emitem gases responsáveis pelo aquecimento global. Faz parte do Programa Reduza e Compense. Depois do cálculo, o site oferece formas de compensarmos nosso impacto ao planeta, por exemplo, com a compra de créditos de carbono de empresas que já reduziram suas emissões. Uma das empresas que estão vendendo seus créditos pela ferramenta do Santander é a Irmãos Fredi, uma fábrica de cerâmica e tijolos e blocos em Presidente Epitácio, interior de São Paulo. Para reduzir seu impacto negativo no ambiente, a empresa parou de abastecer os fornos com lenha de árvores do Cerrado. E, com ajuda da consultoria do banco, passou a usar biomassa renovável. O que aquece seus fornos agora são serragem e bagaço de cana que sobram de fazendas próximas.
Com o dinheiro da venda dos créditos, a Irmãos Fredi dá assistência a duas creches da cidade. Desde 2006, quando trocou o combustível dos fornos, a empresa já pagou a reforma das instituições, doou computadores e retroprojetores. A fábrica também fornece mensalmente cestas básicas. Com iniciativas como essa, o Programa Reduza e Compense intermediou a compensação de mais de 73.000 toneladas de gás carbônico em 2014 e ganhou dois prêmios internacionais.

Linha de produção na Natura (Foto: Rogério Cassimiro/ÉPOCA)

EMPRESA VERDE
MUDANÇAS CLIMÁTICAS – INDÚSTRIA
NATURA

Quando seu perfume acabar, você não precisa mais comprar um frasco novo. Desde 2014, a Natura oferece refis, que demandam menos matéria-prima e menos energia na fabricação, também para perfumes. Com a novidade, a empresa estima que diminuirá 72% das emissões de gases causadores do efeito estufa. E isso permite também que o refil custe 20% menos que um frasco novo para os clientes. Os refis são de plástico 100% reciclado. Isso incentiva o reaproveitamento de um material que poderia acabar em um lixão e demorar centenas de anos para se decompor. É uma estratégia inédita no ramo da perfumaria – que investe em embalagens caras e design arrojado. “O perfume é um objeto de desejo também por conta do glamour da embalagem”, afirma Keyvan Macedo, gerente de Sustentabilidade, Marcas e Produtos da Natura. Por isso, diz que a empresa está investindo em uma nova abordagem junto aos consumidores, mostrando que a qualidade e a finalidade de um perfume não estão atreladas à embalagem.

Para oferecer os refis, a Natura teve de mudar a estrutura dos vidros de perfumes – geralmente com válvulas que não podem ser retiradas. Na linha Ekos, todos têm válvulas rosqueadas que o consumidor tira com facilidade. Isso melhorou, inclusive, a reciclagem dos frascos de vidro. As versões invioláveis obrigavam os trabalhadores das cooperativas a cortar ou quebrar os frascos, correndo risco de se machucar ou de perder parte do material. Agora, o processo ficou melhor.

Placas solares  em Fernando  de Noronha (Foto: Fabio Borges Pereira)

EMPRESA VERDE
SOLUÇÕES – RECURSOS NATURAIS
NEOENERGIA

Quem viaja ao arquipélago de Fernando de Noronha, em Pernambuco, sabe que um bom dia de sol é crucial para aproveitar as belas praias. O sol ali também é precioso para o abastecimento de eletricidade desde que a Neoenergia inaugurou duas usinas fotovoltaicas. A primeira começou a funcionar em 2014 e a segunda em julho de 2015. Somadas, representam 10% do consumo de energia da ilha e menos 400.000 litros de óleo diesel queimado por ano. Os outros 90% da eletricidade vêm da usina termelétrica Tubarão – uma fonte cara e poluente. A redução no uso do diesel permitiu uma economia de R$ 1,170 milhão por ano. Para a instalação das usinas nenhuma árvore foi derrubada – algo importante para um local reconhecido como Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco.

A ilha foi também o primeiro lugar de Pernambuco a contar com redes elétricas inteligentes. Elas permitem a cada cliente saber de onde vem a eletricidade e quanto ela custa a cada momento. Também permitirá que uma pessoa possa gerar sua própria eletricidade (com um painel solar no telhado) e vender o excedente. Para a presidente do Grupo Neoenergia, Solange Ribeiro, as redes inteligentes são uma aposta para que, em breve, Fernando de Noronha não dependa mais da termelétrica. “Para conseguirmos ter fontes alternativas é importante que a ilha tenha um controle melhor do consumo e da distribuição”, diz. Na ilha, a Neoenergia está testando vários tipos de placas para saber quais têm maior eficiência e rendimento. A experiência ali, segundo Solange, é um laboratório que permitirá a instalação de mais usinas solares pelo Brasil.

EMPRESA VERDE
SOLUÇÕES – RECURSOS NATURAIS
HONDA

O município de Xangri-Lá, no litoral gaúcho, ganhou uma novidade em sua paisagem. Nove torres com hélices estão girando para captar energia a partir da força dos ventos. As turbinas geram 95  mil megawatts por ano, equivalente ao consumo de uma cidade com 35 mil habitantes, e evitam que 2.200 toneladas de gás carbônico sejam lançadas na atmosfera. O parque eólico foi construído pela Honda para suprir toda a demanda de sua fábrica de automóveis em Sumaré, no Estado de São Paulo. E também para atender à meta da empresa global de reduzir em 30% as emissões de gases geradores de efeito estufa. A Honda investiu no parque em Xangri-Lá por causa dos bons e constantes ventos da região e pela proximidade com subestação de distribuição. Agora é a primeira fabricante de automóveis do país autossuficiente em energia renovável.

Em tempos de reservatórios de hidrelétricas vazios e acionamentos de termelétricas a óleo combustível, é uma ajuda bem-vinda. A energia proveniente dos ventos é entre 40% e 45% mais barata nos horários de pico.

Pátio da Renova Ecopeças (Foto: Divulgação)

EMPRESA VERDE
SOLUÇÕES – URBANIZAÇÃO
RENOVA ECOPEÇAS

Cerca de 10 milhões de carros estão abandonados em pátios de delegacias ou pelas cidades brasileiras. Mesmo velhos ou quebrados, muitos ainda têm partes reaproveitáveis em outros veículos ou na reciclagem. Por isso, a Porto Seguro abriu uma empresa especializada em aproveitá-los: a Renova Ecopeças. Depois que a seguradora tira de circulação os automóveis com perda total, indeniza os clientes e encaminha o produto para a Renova. Peças em condições de reúso são enviadas a uma loja virtual com preços atraentes. O que é reciclável, como o aço da carroceria, também é recuperado. A Renova reaproveita até restos de lubrificante e combustível. Pneus viram solas de sapatos, pisos de quadras poliesportivas e isolante acústico para a construção civil. O que não serve nem para a reciclagem é descartado por empresas especializadas, evitando que qualquer peça chegue a lixões.

A Renova reduz riscos para o meio ambiente, como a contaminação do solo pela ferrugem dos carros, que se espalha com a chuva, e o derramamento de óleos e fluidos que sobram nas peças. A empresa também colabora com a diminuição da taxa de criminalidade nas cidades. Ao criar um mercado legal para as peças automotivas, desmobiliza o mercado clandestino e, consequentemente, os roubos. “Os desmanches não autorizados vendem porque colocam os preços lá embaixo. Mas já conseguimos fazer preços semelhantes, com um produto de procedência legal”, diz Bruno Garfinkel, diretor da Renova Ecopeças. Ele destaca que, no longo prazo, as vantagens para os motoristas são, além de uma cidade menos violenta, taxas de seguros mais baixas.

Os destaques do Prêmio Época Empresa Verde  (Foto: Época )







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