Economia

Banco Central: era Tombini foi marcada por estouro da meta

Avaliações vão de ‘política monetária leniente’ a ‘situação fiscal desafiante’
Alexandre Tombini, presidente do Banco Central Foto: Mike Theiler / Reuters
Alexandre Tombini, presidente do Banco Central Foto: Mike Theiler / Reuters

BRASÍLIA - Alexandre Tombini deixa o cargo de presidente do Banco Central (BC) após cinco anos, com IPCA acumulado nos últimos 12 meses em 9,32%, mais que o dobro do centro da meta, de 4,5%. A era Tombini tem inflação média de 6,56%, acima do teto da meta. Em 2015, o IPCA encerrou a 10,67%, e o presidente do BC teve de escrever uma carta para justificar o estouro da meta.

— Tombini fez uma política monetária leniente com a inflação e reduziu um pouco a credibilidade do BC. A percepção do mercado é de uma perda da autonomia operacional — frisou Eduardo Velho, economista-chefe da INVX Global.

Em política monetária, as expectativas contam. Por isso, mesmo Tombini afirmando repetidamente que o BC conseguiria controlar a inflação, as projeções do mercado sempre aumentavam, dificultando cada vez mais o controle dos preços.

Alguns economistas, no entanto, lembram que Tombini não poderia resolver tudo sozinho. Diversas decisões da equipe econômica, como a redução dos preços da energia elétrica, dificultaram o trabalho do BC.

— Tombini sai na frente da curva, mas depois de ter comido o pão que o diabo amassou. Ele enfrentou uma situação fiscal desafiante e com choques de preços variados. Isso sem contar que a política monetária global mudou substancialmente no seu mandato. Poucos presidentes do BC enfrentaram tantas coisas ao mesmo tempo — disse o economista-chefe da corretora Gradual, André Perfeito.

Entre os percalços de Tombini, um se destaca. Em janeiro deste ano, ele aproveitou uma mudança nas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) para sinalizar ao mercado financeiro que não elevaria os juros, apesar de a inflação continuar alta — o que lhe valeu fortes críticas na ocasião.