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Lula, a grande ilusão

por Gustavo Müller


Costuma-se dizer que a arte imita a vida, mas muitas vezes algumas histórias tornam-se tão atuais que o inverso parece então verdadeiro. Regravado em 2006, o filme “A Grande Ilusão”, produzido originalmente em 1949, conta a história de Willie Stark um fazendeiro que vê a política com desgosto em virtude da corrupção.

Eis que, em determinado momento, os chefes políticos locais (boss) precisam de um candidato de fachada para legitimar um pleito. Stark é lançado como candidato e preenche a vaga oposicionista. A estratégia é tão bem sucedida que Stark é procurado quatro anos depois para a mesma função. Porém nessa segunda oportunidade Stark rompe o pacto de candidato decorativo e lança um discurso próprio: “um caipira deve votar em outro caipira para ser ajudado”.

O discurso inflamado produz resultados tão positivos que Willie Stark é eleito governador de Louisiana. Porém, a corrupção que tanto enojara o caipira agora encanta o governador que faz dela o modus operandi para obter recursos para obras populistas e, como não poderia deixar de ser, para seu proveito pessoal.

Denúncias de corrupção, tentativas de suborno de juízes e desvio de recursos públicos são tratados por Stark como uma tentativa dos poderosos para derrubá-lo do governo. No filme Stark se utiliza de um microfone para insuflar a multidão contra o parlamento que julgava seu impeachment. Na vida real Lula mente sobre seu enriquecimento.
Tal como Stark, Lula sempre fez apologia de sua origem de retirante nordestino para obter bons resultados eleitorais. E obteve. Foi eleito, reeleito, elegeu e reelegeu um poste. O sindicalista que não gostava de partido conseguiu fundar o PT para ser o oposto de tudo que de nefasto havia na política brasileira. Enquanto, no cinema, Stark usava sua própria voz para se defender e manipular a opinião pública, na vida real Lula, que antes era a voz que defendia o partido, agora precisa da voz partido para sua defesa.

A simbiose entre o PT e Lula é de tal monta que a derrocada de Lula significa o fim do PT. Diante de tal ameaça todo o resto é secundário. O grande problema é que o gosto extravagante de Lula, sem ser necessariamente sofisticado, torna sua defesa um verdadeiro exercício de contorcionismo retórico.

Deixando de lado as desculpas mais óbvias do tipo “conspiração da mídia”, “preconceito contra um operário que ascendeu socialmente (como milionário?)”, “medo que Lula volte em 2018 (de quem?)”, etc., torna-se difícil justificar que um imóvel possa ser reformado sem ser adquirido, ou que alguém de sã consciência transite semanalmente com dinheiro vivo para pagar quantias volumosas para uma loja de material de construção.

Certamente quem passa pela presidência da República adquire credenciais que de uma forma ou de outra podem ser convertidas em ganhos pecuniários. Um ex-presidente com background intelectual pode fazer palestras, o que não é o caso de Lula.

Por fim, se “ter um imóvel reformado por amigos é a coisa mais natural do mundo”, como sugeriu Gilberto Carvalho, por que tentar ocultar patrimônio? Para não pagar impostos? O ex-presidente não está ciente da necessidade de elevação da receita governamental, ou não acredita que o dinheiro arrecadado será empregado em programas sociais?

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