RIO — Ao adotar no Complexo da Maré estratégia semelhante à utilizada para ocupar os complexos do Alemão e da Penha, o Exército — que vai assumir o conjunto de 16 comunidades de Ramos e Bonsucesso no próximo domingo — vai encontrar mais vantagens do que desvantagens, apesar de a nova região ser maior e mais populosa. A topografia da área a ser pacificada é plana, e as ruas são mais largas, fatores que acabam facilitando a distribuição do efetivo e as manobras dos veículos militares.
Juntos, os complexos do Alemão e da Penha têm 109.114 moradores, enquanto há 129.770 habitantes só na Maré, distribuídos em 426,88 hectares, de acordo com dados do Instituto Pereira Passos (IPP). O Alemão cobre uma área de cerca de 177 hectares, e a Penha, de 120 hectares.
Apesar de os três complexos terem problemas comuns, como a coleta de lixo precária e a falta de áreas de lazer, observa-se que o da Maré é um pouco mais planejado que os demais. Há também diferenças quando se compara o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) — medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento humano — do Alemão com o da Maré. No primeiro, o IDH é de 0,711, enquanto o da Maré é de 0,722. Aparentemente, os números são parecidos, mas só aparentemente. No ranking do IDH dos municípios do Estado do Rio, o Alemão seria o equivalente a Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, 48 posições abaixo do índice da capital. Diante disso, a situação da Maré é um pouco melhor, correspondendo ao município de Engenheiro Paulo de Frontin, 31 posições abaixo da cidade do Rio.
Quando o quesito é educação, a Maré também parece estar mais bem servida de escolas que o Alemão: a primeira tem 14 escolas e Cieps, enquanto o segundo conta com 13. No Complexo da Penha, há 11.
Ainda no rol das diferenças entre uma e outra, percebe-se que há no conjunto de favelas da Maré três facções rivais, incluindo a milícia, enquanto nos outros dois complexos existe apenas uma.