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Área ao redor de Chernobyl virou um "paraíso" para a vida selvagem

Área ao redor de Chernobyl virou um "paraíso" para a vida selvagem

Pesquisa mostra que, para grandes mamíferos, conviver com o ser humano é mais perigoso do que se contaminar por radiação

BRUNO CALIXTO
05/10/2015 - 20h23 - Atualizado 01/11/2016 21h05
Um grupo de javalis passa por uma vila abandonada na zona de exclusão de Chernobyl (Foto: Valeriy Yurko/Polessye State Radioecological Reserve)

Em abril de 1986, a explosão de um dos reatores da usina nuclear de Chernobyl matou dezenas de funcionários e obrigou a evacuação de 100 mil pessoas que viviam nas redondezas na Ucrânia e Belarus, na época partes da União Soviética. As cidades e vilarejos da região foram abandonadas. O que aconteceu no local? Uma das hipóteses era que a radiação também causaria danos na vida selvagem. Um estudo publicado nesta segunda-feira (5) na revista científica Current Biology testou a hipótese e chegou a uma conclusão surpreendente: apesar da radiação, os animais estão prosperando na área contaminada.

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O estudo analisou população de vários mamíferos que vivem na região do acidente, como lobos, alces, cervos e javalis, e descobriu que a população de todos esses mamíferos cresceu desde o acidente. Os números mais expressivos foram os dos lobos: a sua população ficou sete vezes maior. Como explicar isso?

Segundo os pesquisadores, não se trata de dizer que a radiação não causa danos aos mamíferos. Ela matou muitos animais nos primeiros anos após o acidente. Só que um outro fator - a atividade humana - causava ainda mais dano aos animais. Quando o homem foi retirado de cena, por conta da evacuação, também sumiram a caça e o desmatamento. Sem o ser humano, os outros animais conseguiram crescer e prosperar.

"Isso não quer dizer que a radiação é boa", diz Jim Smith, pesquisador da Universidade de Portsmouth um dos autores do estudo, ao jornal The Guardian. "Mas que o que nós fazemos - caça, agricultura, desmatamento - causa mais dano do que nosso pior acidente nuclear".

Os resultados do estudo, entretanto, são controversos. Pesquisas similares feitas com populações de outros tipos de animais na região de Chernobyl, como pássaros e insetos, mostram que a radiação causa muito mais dano e que a área contaminada não era exatamente um paraíso para os animais. Em um acidente mais recente - o acidente nuclear em Fukushima, no Japão -, os pesquisadores identificaram, por exemplo, que borboletas estavam sofrendo mutações por causa da radiação.








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