27/11/2015 11h25 - Atualizado em 27/11/2015 13h46

Louis Garrel, ator e diretor francês, fala em SP sobre atentados de Paris

Ele comentou sobre 'Dois amigos', seu 1º longa como diretor.
Filme estreia no dia 3 de dezembro.

Cauê MuraroDo G1, em São Paulo

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Louis Garrel divulga filme em SP (Foto: Divulgação)Louis Garrel divulga filme em SP (Foto: Cauê Muraro/G1)

O ator francês Louis Garrel está em São Paulo para o lançamento de seu primeiro longa-metragem como diretor. "Dois amigos" estreia no Brasil em 3 de dezembro. (Clique aqui para assistir ao trailer)

Garrel se desculpou no começo da coletiva porque está fumando um tipo de cigarro eletrônico. "Parei de fumar no Brasil", explicou. "Com os eventos que estão acontecendo em Paris, a gente está fumando demais por causa da ansiedade. E, quando cheguei no Brasil, em São Paulo, vi todo mundo tão relaxado que resolvi parar de fumar. Como não estou conseguindo, fico com esta piteira na boca o tempo todo", disse.

Mais tarde, Garrel falou mais longamente sobre o assunto: "Como estes problemas que estão acontecendo hoje, são várias perguntas sem respostas. Acho que todo mundo na França, nestes últimos 15 dias, está ligado na TV. E nós sempre tentávamos procurar uma pessoa que viesse explicar por que disso tudo [os atentados]. Mas isso não existe. Acho que a pessoa mais indicada, a que mais falou disso foi o Freud".

Ele disse ainda que "os atentados não influenciaram o cinema porque faz 15 dias e aconteceu numa casa de shows". "Todas as salas de cinema estão vazias, isso por causa do choque. Quem mais sente isso é a minha geração, porque a maioria das pessoas mortas tinha 30 anos. E a minha geração não fez o serviço militar, porque tinha sido anulado. E nós crescemos sem nunca ter visto a guerra." O ator e diretor francês citou ainda que "o povo  francês é muito melancólico."

Para ele, no entanto, os filmes não deveriam dar respota. "Não acho que o cinema deveria se envolver nisso, usar o terrorismo - não é o tipo de filme que gostariam de ver no cinema. É um assunto para filósofos, escritores e políticos. Como o Jean-Luc Godard diz, nós sempre temos de fazer imagens nítidas, claras, para ideias vagas."

"E é mentira dizer que 'ah, temos [na França] um problema de integração com os muçulmanos'. Tem um pouco de verdade, mas é mentira. E dizer que 'Ah, aconteceu porque fizemos a guerra no Oriente Médio' é mentira. Sim, fizemos a guerra mas já aconteciam atentados antes."

Ao encerrar o comentário sobre o assunto, Louis Garrel disse que contaria uma "boa piada", e então citou o caso de um sujeito de foi a um terraço fazer um brinde e celebrar a vida dizendo: "Bebo por todas as pessoas do meu país. E também porque sou alcoólatra".

'Filme feminino'
Baseado na peça "Les Caprices de Marianne", de Alfred de Musset, "Dois amigos" conta a história de Clément (Vincent Macaigne) e Abel (o próprio Louis Garrel). É a Abel que Clément recorre quando se apaixona por Mona (a atriz iraniana Golshifteh Farahani), que forma a terceira ponta do triângulo de personagens centrais.

Louis Garrel divulga filme em SP (Foto: G1)Louis Garrel divulga filme em SP
(Foto: Cauê Muraro/G1)

Garrel disse que o seu filme "é feminino". "Muitas pessoas me perguntam que tipo de filme é este, se um thriller ou um filme político, e falo que não, que é um filme feminino. E ele retrata dois homens de 30 anos mas extremamente imaturos", diz Garrel. "Quis fazer um filme sobre dois homens que queriam continuar a ser crianças."

Perguntado se quis fazer um "bromance à francesa", ele disse que "tinha a impressão de que ainda não tinha visto a relação de dois homens que parecem ser mulheres". Daí a ideia do roteiro. Sobre os protagonistas completou: "São pessoas muito frágeis e que precisam uma da outra".

Ele brincou também que seus personagens são como os robôs de "Star Wars", R2-D2 e C-3PO. "Eles [Abel e Clement] são os dois robôs, sempre discutindo", afirma.

Garrel brincou que os franceses não vão ficar contentes com seu retrato no filme a partir dos dois protagonistas. "Porque eles parecem completamente idiotas."

"Toda manhã me olho no espelho e falo: 'Que demais me acharem um sex symbol'. Se você me visse numa pista de dança, mudaria de ideia", afirmou sobre ser considerado o galã do cinema francês.

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