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Avião russo se partiu no ar, diz investigador sobre acidente no Egito

Declarações de diretor da comissão criada por Moscou foram feitas depois de inspeção na área dos destroços

Helicóptero militar egípcio sobrevoa sobre destroços da aeronave russa que caiu na Península do Sinai
Foto: MOHAMED ABD EL GHANY / REUTERS
Helicóptero militar egípcio sobrevoa sobre destroços da aeronave russa que caiu na Península do Sinai Foto: MOHAMED ABD EL GHANY / REUTERS

MOSCOU — A aeronave russa que caiu no Egito no sábado, matando as 224 pessoas a bordo, se despedaçou no ar, informou um funcionário da Aviação russa neste domingo, acrescentando que ainda é cedo para determinar as causas do acidente. Viktor Sorochenko, funcionário da comissão criada por Moscou para investigar o caso, fez as declarações após inspecionar o local da queda do Airbus.

— A desintegração da fuselagem ocorreu no ar, e os fragmentos estão espalhados por uma grande área (cerca de 20 quilômetros quadrados) — disse Sorochenko a jornalistas.

Autoridades russas também ordenaram que a companhia aérea Kogalymavia, operadora do Airbus A321, a não colocar em uso seus jatos do mesmo modelo até que as causas do incidente sejam conhecidas. O jato levava turistas do resort de Sharm el-Sheikh, no Mar Vermelho, para São Petersburgo, quando caiu em uma área montanhosa no centro do Sinai.

Os restos dos turistas mortos devem começar a chegar a São Petersburgo neste domingo. Entre os 217 passageiros, 138 eram mulheres, 62 homens e 17 crianças. Os outros sete eram tripulantes. Até agora, ao menos 163 corpos foram recuperados e transportados para hospitais da região. As buscas pelas outras vítimas recomeçaram neste domingo e, segundo um militar envolvido nas operações, o raio foi estendido para 15 km, a partir de uma base militar na província do Norte do Sinai.

— Nós encontramos o corpo de uma menina de 3 anos a 8 km — disse o militar, que não quis se identificar.

INVESTIGAÇÕES

Ainda não está claro o que causou a queda do voo 9268. O que se sabe até agora é que a aeronave caiu 23 minutos depois de decolar do balneário egípcio de Sharm el-Sheikh no sábado, quando estava a mais de 30 mil pés. Logo após o acidente, autoridades egípcias apontaram que o acidente tinha sido causado por falhas técnicas e relataram que o piloto tinha feito um contato perguntando qual era o aeroporto mais próximo. Além disso, o co-piloto da aeronave chegou a se queixar das condições do Airbus, segundo sua mulher.


Militares investigam destroços da aeronave
Foto: MOHAMED ABD EL GHANY / REUTERS
Militares investigam destroços da aeronave Foto: MOHAMED ABD EL GHANY / REUTERS

— Não havia nada de anormal antes do acidente — disse o ministro da Aviação Civil do Egito, Hossam Kamel. — De repente, ele desapareceu do radar.

No entanto, a empresa aérea russa Kogalymavia, também conhecida como Metrojet, disse que todos os seus aviões foram revisados em tempo hábil e testados antes da decolagem.

Horas depois da tragédia, o braço do Estado Islâmico afirmou nas redes sociais que tinha abatido o avião, mas sem precisar como. A região onde a aeronave caiu é um local de insurgência do grupo Província do Sinai, composto por militantes que apoiam o EI. A reivindicação foi rejeitada pela Rússia e pelo Egito.

Mas, os investigadores dos dois países declararam que só vão poder dar uma resposta sobre o que ocorreu depois de uma investigação, que inclui a análise das caixas-pretas, que armazenam um conjunto de informações sobre o voo, como velocidade do ar, altitude, desempenho do motor e posições da asa. Além disso, o gravador de voz capta sons na cabine do comandante, incluindo conversas entre os pilotos e ruídos de alerta da aeronave.

HOMENAGENS


Mulher chora ao prestar homenagem às vítimas do acidente
Foto: OLGA MALTSEVA / AFP
Mulher chora ao prestar homenagem às vítimas do acidente Foto: OLGA MALTSEVA / AFP

O domingo foi de luto na Rússia. No aeroporto de Pulkovo, em São Petersburgo, familiares e amigos das vítimas prestaram homenagens aos mortos. Várias pessoas levaram flores vermelhas e brancas, além de ursos de pelúcia para depositar em um memorial do lado de fora do terminal, que também contava com uma mesa cheia de velas.

Além disso, vários prédios governamentais hastearam russos bandeiras a meio mastro. O Egito também mostrou suas condolências às vítimas. Em um evento oficial, o presidente egípcio, Abdel Fattah el-Sisi, pediu um minuto de silêncio, depois afirmou que vai ser necessária uma longa investigação para determinar as condições do acidente.

— Esses são assuntos complicados e requerem tecnologias avançadas e investigações amplas que podem durar meses — disse Sisi.