05/12/2013 07h51 - Atualizado em 05/12/2013 12h51

Colégio em Guarulhos pede que aluno corte cabelo crespo

Mãe não cortou cabelo e diz que não conseguiu rematrícula em escola.
Colégio Cidade Jardim Cumbica diz que mãe perdeu prazo para matrícula.

Do G1 São Paulo

Um colégio em Guarulhos, na Grande São Paulo, pediu neste ano que um de seus alunos cortasse o cabelo crespo. A mãe não cortou, e o filho não conseguiu fazer a rematrícula na escola Cidade Jardim Cumbica. A Polícia Civil abriu inquérito por racismo.

Segundo Maria Izabel Neiva, mãe do garoto Lucas Neiva, de 8 anos, ela recebeu em agosto um bilhete da professora do filho para que ele usasse um corte de cabelo mais curto, que não caísse no olho. Maria Izabel decidiu não cortar o cabelo dele e mandou um bilhete à diretora da escola, que respondeu dizendo que [esse tipo de] "cabelo [black power] não é usado no colégio pelos alunos".

"Vim conversar com ela [diretora] pessoalmente, passei umas duas ou três horas, e falei que não atrapalha em nada o cabelo dele. Ele enxerga normalmente, o cabelo não está no olho, não atrapalha em nada. Mas ela disse que 'atrapalha os colegas a enxergar a lousa'". Ela [diretora] falou que o cabelo dele 'é crespo, cheio e inadequado. Venhamos e convenhamos, mãe'", contou Maria Izabel ao Bom Dia Brasil desta quinta-feira (5).

Ainda de acordo com a mãe, ela disse que não recebeu nenhum aviso sobre a rematrícula do filho e ao procurar a secretaria da escola foi informada que já não havia mais vaga para o menino.

Para o delegado do 3º Distrito Policial, Jorge Vidal Pereira, a conduta da escola pode ser qualificada como racismo. 

"Toda vez que a pessoa é impedida ou é tolhida de entrar em algum estabelecimento, inclusive em estabelecimento de ensino, que tenha a conotação que é por causa da cor ou do cabelo, está caracterizado dentro da lei que apura os crimes raciais", disse Pereira.

De acordo com a polícia, a diretora da escola já foi notificada sobre o inquérito e deve comparecer na próxima segunda-feira (9) à delegacia para prestar depoimento.

Em nota, a direção do colégio Cidade Jardim Cumbica disse que a mãe perdeu o prazo da rematrícula e que foi orientada a colocar o nome do filho na lista de espera. Ainda de acordo com a escola, a professora havia orientado a mãe a cortar o cabelo do menino porque a franja estaria atrapalhando a visão dele, mas que isso não tem relação com o fato de o menino não poder ser rematriculado. A direção considerou o inquérito policial como "absurdo".

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