Economia

Com tino empresarial, Kim Kardashian passou de estrela de ‘reality show’ a dona de um império

Os negócios, que vão muito além dos 15 minutos de fama, são baseados no culto a celebridades

Ganhos em série. Kim Kardashian e Kanye West, em evento da “Time”: ela lucra com menções no Twitter e produtos licenciados
Foto: TIMOTHY A. CLARY / Timothy A.Clary/AFP/21-4-2015
Ganhos em série. Kim Kardashian e Kanye West, em evento da “Time”: ela lucra com menções no Twitter e produtos licenciados Foto: TIMOTHY A. CLARY / Timothy A.Clary/AFP/21-4-2015

RIO - Há quem diga que a fama tem validade máxima de 15 minutos. Mas um par de sapatos Manolo Blahnik conseguiu desafiar a lei das celebridades e dar o pontapé inicial, literalmente, na próspera carreira de Kim Kardashian. Como empresária, diga-se.

A voluptuosa estrela americana do reality show sobre o cotidiano da família Kardashian-Jenner e responsável por “quebrar a internet” ao posar com uma taça de champanhe equilibrada no bumbum credita aos calçados do estilista espanhol seu tino para os negócios, uma qualidade que lhe rendeu US$ 28 milhões em 2014, segundo a Forbes. Ainda jovem, ela diz ter comprado cinco pares do modelo usado por Jennifer Lopez em seu primeiro clipe. Gastou US$ 700 em cada, e depois os vendeu por US$ 2.500 no eBay.

— Fiquei tão obcecada ao ver o retorno que comecei a vender coisas que não estava vestindo mais — disse Kim este mês à revista “Variety”, que a colocou na capa e a incluiu entre as cinco mulheres que estão usando sua influência para chamar a atenção para causas nobres.

No próximo mês, ela desembarca no Brasil para lançar uma linha de roupas em parceria com a C&A para o Dia dos Namorados. A loja já colou sua marca com outros ícones pop, como Beyoncé, Fergie, Christina Aguilera e Rita Ora, e espera que a mulher do cantor Kanye West possa alavancar as vendas.

Desde 2007, Kim vem mostrando que sabe fazer dinheiro com a fama, prolongando seus 15 minutos sob os holofotes. Naquele ano, um vídeo em que fazia sexo com o então namorado vazou na internet.

CLÃ EMBOLSA US$ 100 MILHÕES EM 4 ANOS

Meses depois, ela assinou um contrato com o canal E! Entertainment para a transmissão do reality show “Keeping up with the Kardashians”, cuja décima temporada estreou no início do ano, mostrando a vida da matriarca Kris Jenner e dos filhos Kim, Kourtney Kardashian, Khloe Kardashian, Rob Kardashian, Kendall Jenner e Kylie Jenner. O programa serviu de plataforma para o único negócio das irmãs até então: a rede de lojas Dash, fundada com parte da herança de US$ 100 milhões deixada pelo advogado Robert Kardashian.

— Quando surgiu a oportunidade do programa, eu queria que chamasse a atenção para as nossas lojas. Eu pensava que não duraria muito, mas iríamos crescer nosso negócio e expandir on-line. Pensei que seria boa propaganda. Não imaginava que se tornaria o que virou — confessou Kim à “Variety”.

O reality abriu as portas para dezenas de produtos licenciados, menções pagas a marcas no Twitter, abertura de lojas de roupas e sapatos, e volumosas renovações de contrato. Estima-se que, no último contrato com a emissora, que estabelece mais quatro anos de parceria, o clã embolsou cerca de US$ 100 milhões. Em 2013, apenas o império fashion registrou vendas de US$ 600 milhões, rendendo a cada uma das três irmãs Kardashian um lucro de US$ 30 milhões.

Mas Kim soube alçar muito bem seus voos solos. Em 2009, usando sua experiência prévia como personal stylist das socialites Paris Hilton e Nicole Richie, ela criou a ShoeDazzle, na qual os clientes recebiam, por uma taxa mensal, sapatos, joias e bolsas selecionados. A start up foi vendida quatro anos depois por cerca de US$ 40 milhões.

HOLLYWOOD DE FAZ DE CONTA

No ano passado, ela lançou, em parceria com a Glu Mobile, o app “Kim Kardashian: Hollywood”, um jogo que permite aos usuários participarem de sessões de fotos e encontros, acotovelando-se entre a elite de Hollywood, a fim de se tornarem uma celebridade digna da fila A. O aplicativo teve 23 milhões de downloads nos primeiros três meses e arrecadou, em 2014, US$ 74 milhões. Este ano, deve trazer mais US$ 200 milhões, com Kardashian recebendo lucros de US$ 85 milhões.

— Ela usou o modelo de compras dentro do aplicativo, como o “Candy Crush”, e a ideia de vida virtual como o “The Sims”. Só que no caso, a vida dos Kardashian: fotos vazadas, cerimônias do Oscar. Ela soube usar o culto à celebridade para fazer com que as pessoas paguem por isso — afirma Fabro Steibel, professor de Comunicação Digital da ESPM Rio. — A Kim trouxe para si toda a cadeia de produção da indústria da fama. E ela tira seu quinhão de cada pedaço. Ela não terá só 15 minutos de fama, não será passageira.

Para quem nunca sorri nas fotos, Kim tem tudo para estar rindo à toa.