Política Lava-Jato

Cunha diz que tem ‘total’ condição de manter no cargo mesmo se virar réu

STF vai decidir se aceita inquérito contra o presidente da Câmara na próxima semana

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pode virar réu na Lava-Jato
Foto: Ailton de Freitas / Agência O Globo
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pode virar réu na Lava-Jato Foto: Ailton de Freitas / Agência O Globo

BRASÍLIA — O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), minimizou, nesta quinta-feira, a possibilidade de se tornar réu no julgamento do processo que apura se ele recebeu propina de U$ 5 milhões no esquema de desvio de recursos da Petrobras, investigado pela Operação Lava-Jato. O julgamento está marcado para a próxima quarta-feira e, se a denúncia feita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, for aceita, o inquérito será transformado em ação penal e Cunha será o réu na Lava-Jato no foro especial.

Cunha não quis falar sobre a decisão do STF de marcar seu julgamento para a próxima quarta-feira, mas disse, quando questionado, que a possibilidade de ele virar réu não modificaria a situação dele na Presidência da Câmara. O deputado exemplificou que já foi réu em outra ação penal e foi absolvido.

— Total, total (condição de se manter na Presidência da Câmara). Já fui réu em outra ação, aceita pelo Supremo em 2013, o Supremo decidiu por 5 a 3. E depois fui absolvido por unanimidade. Todo mundo tem a presunção (da inocência). Dou meu próprio exemplo, já aconteceu comigo de eu ter sido declarado réu e depois absolvido — disse Cunha

Para Cunha, a possibilidade também não prejudica politicamente sua permanência no cargo:

— Teve naquele momento (2013)? Qual a diferença?

O inquérito contra Cunha apura se ele recebeu os US$ 5 milhões para permitir a contratação de navios-sonda pela Petrobras. Cunha também voltou a criticar a condução dos trabalhos de seu processo de cassação de mandato no Conselho de Ética. Ele reclamou de ser acusado de manobrar para atrasar o andamento, acrescentando que o problema é que estão sendo tomadas decisões anti-regimentais. O deputadop também disse que não agiu para tirar o presidente do conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA), mas pediu sua suspeição no julgamento de seu processo.

— Ou está sendo proposital ou a assessoria é ruim. Não é tirar o presidente, é suspeição. Foi pedida, e ele não julgou a suspeição dele na hora que se arguiu. Tinha que designar relator e colocar no conselho, mas não fez. Ele tomar parte no processo depois que julgar suspeição, vai ensejar outra nulidade. Estou me antecipando para que não ganhe mais tempo, para que seja mais rápido — justificou Cunha.