Edição do dia 24/11/2015

25/11/2015 01h52 - Atualizado em 25/11/2015 02h30

Moradores afetados pela tragédia em Mariana (MG) voltam às suas casas

Senado pode criar CPI para investigar o rompimento de barragem em
Minas Gerais. Moradores afetados voltaram ao distrito onde moravam.

Aline AguiarBelo Horizonte, MG

Foi lido em plenário na noite de terça-feira (24) o requerimento para a criação de uma CPI para investigar o rompimento da barragem da mineradora Samarco. Em Bento Rodrigues (MG), vítimas da tragédia voltaram, pela primeira vez, ao lugar em que viviam. O "antes" e o "depois" de uma das casas do vilarejo fala por si.

56 homens fazem as buscas em uma área que vai da barragem da Samarco até o Rio Gualaxo. Os bombeiros definiram uma possível rota por onde a lama passou. Eles trabalham com uma informação na cabeça: 11 pessoas continuam desaparecidas desde o desastre no começo do mês.    

"A lama veio descendo, ela bateu nas partes laterais e retorno para o centro pegando algumas casas que tavam aqui em uma parte mais central", explica o Tenente Philipp Matos, do Corpo de Bombeiros.

Na terça-feira (24), pessoas que moravam no distrito de Bento Rodrigues, quase todo destruído pela enxurrada de lama, voltaram pela primeira vez ao lugar em que viviam. É um choque: as casas não resistiram.

A lama chegou ao topo de árvores e postes e arrastou tudo o que tinha pela frente. 19 dias depois da tragédia enfim seu Marcílio Ferreira pôde ver de perto o que sobrou.

Seu Antônio, de 69 anos, morava em sua casa com duas filhas e um neto. Todos conseguiram escapar. O filho dele, Aluísio, foi tentar recuperar alguma coisa, mas os móveis, o sofá, as almofadas estavam todos revirados. No quarto não dava nem para entrar. Em outro cômodo, o mesmo cenário: a lama foi implacável.

"A gente vê e pega e sente saudade porque a vida inteira a mãe aqui, meu pai também e a gente pega e vê as coisas assim é de cortar o coração, mesmo", conta o mecânico Aluísio Alves, desabrigado.

Caminhões foram ao distrito pra transportar os pertences dos moradores, mas nenhum ficou cheio. A Lucélia foi uma das poucas pessoas que conseguiram recuperar boa parte dos móveis, que estava guardando para quando casar.

"Tudo o que a gente lutou para ter agora a gente tem que começar do zero, principalmente porque minha mãe morreu há três meses. As lembranças que eu tenho da minha mãe são aqui", diz Lucélia Santos, desabrigada.