Reuters

25/11/2015 20h45 - Atualizado em 25/11/2015 20h45

Premiado, 'Ausência' traz elenco competente em trama sutil

Cineasta de 'A Casa de Alice' volta a dirigir drama com família ruindo.
Longa levou três prêmios no Festival de Gramado deste ano.

Da Reuters

'Ausência' é o novo trabalho de Chico Teixeira (Foto: Divulgação)'Ausência' é o novo trabalho de Chico Teixeira (Foto: Divulgação)

Quase uma década separa o primeiro longa de Chico Teixeira, “A Casa de Alice” (2007), do segundo trabalho do diretor, o premiado “Ausência”. Em comum, ambos são dramas de famílias ruindo, cujas histórias são contadas de forma sutil, apoiadas em elencos afinados.

Mas se, no primeiro, ao centro estava uma mulher madura (Carla Ribas) que precisa recuperar seu lugar no mundo, aqui o protagonista é um jovem de cerca de 15 anos tentando descobrir quem realmente é, e o que espera de seu futuro.

O filme começa com a dissolução de um casamento. Serginho (Matheus Fagundes) é abandonado pelo pai e fica sob os cuidados da mãe (Gilda Nomacce), omissa e problemática, que lhe arruma um emprego para trabalhar com o tio feirante (Antonio Ravan), contando com o dinheiro do filho para ajudar em casa.

Serginho vai de um lado para o outro, de casa para a feira, da feira para a casa de um professor, Ney (Irandhir Santos), com quem mantém uma relação um tanto ambígua. O rapaz passa horas na casa desse homem, às vezes brincando com sua cachorra, às vezes só conversando. O que ele espera desse sujeito? É ele quem fará o papel de figura paterna na vida do protagonista?

O roteiro – assinado pelo diretor, César Turim e Sabina Anzuategui – dirige-se a um tema que é caro a Teixeira: o papel da família na formação e sustentação do indivíduo. Serginho, apesar de jovem e inexperiente, assume um papel estruturador que, em princípio, não deveria ser dele dentro de sua casa. Sua mãe, problemática e alcoólatra, depende mais dele do que ele pode contar com ela. E Serginho ainda cuida de um irmão menor.

É nesse cenário que parece sempre estar contra ele, que Serginho precisa se encontrar e amadurecer. Muito ajuda a interpretação inspirada de Fagundes –que foi premiado no Festival do Rio de 2014 por esse trabalho– e sua troca com os coadjuvantes, cujos personagens nunca são rasos ou caricatos, mas figuras repletas de nuances.

Como em “A Casa de Alice”, Teixeira constrói seu filme em cima dos personagens numa teia de relações. Por seu trabalho, foi premiado no Festival de Gramado deste ano, onde o longa também levou os Kikitos de melhor filme, roteiro e trilha sonora. Já no Festival Aruanda 2014, ficou com os prêmios da Crítica (Abraccine), direção, ator (Fagundes) e roteiro.

(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)

 

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