Política

Homem pede emprego do lado do Palácio do Planalto

Eudes do Carmo Pereira Silva segurava um cartaz em que estava escrito: “Estou desempregado, passando fome”.

Eudes do Carmo Pereira da Silva, de 42 anos, caminha por entre os carros em frente ao Palácio do Planalto para pedir emprego
Foto: ANDRE COELHO / Agência O Globo
Eudes do Carmo Pereira da Silva, de 42 anos, caminha por entre os carros em frente ao Palácio do Planalto para pedir emprego Foto: ANDRE COELHO / Agência O Globo

BRASÍLIA - Se estivesse em seu gabinete do terceiro andar, no meio da tarde desta sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff poderia ouvir o pernambucano Eudes do Carmo Pereira Silva berrar aos motoristas que paravam no semáforo do eixo monumental que não tinha almoçado até aquela hora, que estava desempregado e com fome. Longe do figurino dos mendigos que pedem dinheiro nos sinais, Eudes é um homem de meia-idade, bem barbeado, trajando camisa social e gravata, que carrega uma faixa com os dizeres: “Estou desempregado, passando fome”.

O ex-estudante de direito chega a assustar os motoristas que param no semáforo em frente ao Palácio do Planalto. Gritando muito, ele despeja sua revolta também contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), do outro lado da Praça dos Três Poderes.

- Estou até agora sem almoço, passando fome! E a culpa é dos juízes que contratam gente sem qualificação. Eu sou qualificado e estou desempregado - gritava sem largar a faixa.

O pernambucano que mora há anos em Brasília e já passou por vários empregos formais e informais, diz que grita mais para desabafar. Trabalhava em uma cooperativa de táxi, dando suporte a passageiros no Aeroporto de Brasília. Mas foi dispensado. Diz que cursou até o sexto semestre de Direito, mas não teve condições de arcar com os custos e trancou a matricula. Agora faz cursos complementares na internet.

A cada pergunta, ele respondia que poderia mostrar seu currículo e documentação. Ainda carrega o crachá do Sinpetáxi.

- Eu estava trabalhando no Aeroporto e ganhava muita grujeta ( sic) em Euro e Dólar dos gringos. Sei o inglês básico, chegava perto e dizia: hello! Can I help you? Eu guardava as malas, dava orientação. Por ciúmes dos gringos, criaram um círculo de inveja e me mandaram embora - contou Eudes Pereira.

O pedinte disse que já trabalhou também em uma transportadora e sabe “tudo” de Direito Constitucional. Mora há mais de 20 anos em Brasília, mas a família, mulher e filhos, moram em Recife. Desanimado, espera pouco da presidente que despacha ali do lado.

- Todo mundo bota culpa no governo e essa aí agora só quer saber de andar de bicicleta.