Política Lava-Jato

Lava-Jato: 22 pessoas ‘arrastaram’ ao menos 35 parentes para investigações

Levantamento mostra laços familiares entre envolvidos na operação

RIO — A cada fase deflagrada da Operação Lava-Jato, uma nova rede de conexões envolvendo agentes políticos e financeiros é revelada. E não só isso. O desenrolar das investigações mostrou como o maior escândalo de corrupção do país foi, ao mesmo tempo, um negócio de família. Levantamento do GLOBO mostra que 22 pessoas envolvidas no esquema “arrastaram” ao menos 35 parentes que, agora, figuram entre investigados, denunciados, réus e condenados. Um dos crimes que mais tem sido apurado é o de lavagem de dinheiro.

VEJA: Os principais envolvidos e os laços de parentesco

— Lavagem de dinheiro é tentar ocultar o produto do crime. Para isso, é preciso ter canais confiáveis. Entre os canais confiáveis disponíveis, a família está em primeiro lugar. Então, se a pessoa tiver que passar um valor para alguém, tiver de criar uma empresa fictícia, vai priorizar as pessoas em quem confia. É arriscado. A Lava-Jato trouxe isso muito claro, com pessoas que, aparentemente, não tinham nada a ver com a atividade ilícita e acabaram sendo envolvidas porque prestaram o auxílio. Prestar auxílio para a ocultação de bens é crime — explica Silvana Battini, procuradora regional da República e professora da FGV Direito Rio.

O envolvimento de parentes em investigações de lavagem de dinheiro não é uma novidade ou exclusividade da Lava-Jato. Entretanto, o alto número de laços familiares, se comparado ao caso do mensalão, por exemplo, tem um motivo que vai além do tamanho do escândalo.

— O esquema (da Lava-Jato) é maior e o centro da investigação é outro. A investigação da Lava-Jato é essencialmente sobre lavagem de dinheiro. Ela começa como lavagem. No caso do mensalão, era em cima de corrupção. O movimento na Lava-Jato foi o inverso. Começou pegando os esquemas de lavagem de dinheiro e foi se aproximando do núcleo da corrupção. No mensalão, se começou com a corrupção e chegou à lavagem de dinheiro — diz Battini.