19/05/2016 09h23 - Atualizado em 19/05/2016 17h31

Série acreana com 13 capítulos vai abordar movimento indígena atual

'Nokun Txai - Nossos Txais' está em fase de pré-produção.
Com direção de Sérgio de Carvalho, projeto foi aprovado em edital.

Do G1 AC

Indígena Luana Manchineri é uma das personagens acompanhada na série (Foto: Talita Oliveira/ Divulgação)Indígena Alana Manchineri é uma das personagens acompanhada na série (Foto: Ana Paula Rabelo/ Divulgação)

A atual vida e movimento indígena acreano devem ser abordados de uma forma diferente em 13 capítulos da série do documentário "Nokun Txai - Nossos Txais". A produção acreana foi aprovada em um edital para a TV Pública e vai fazer uma reflexão sobre o processo histórico e contemporâneo da colonização-descolonização da cultura indígena na Amazônia.

As filmagens começam oficialmente em junho e terão como cenário regiões dos municípios acreanos Tarauacá, Feijó, Marechal Thaumaturgo, Cruzeiro do Sul e Jordão. O diretor, Sérgio de Carvalho, explica que a maior parte da série será gravada nas aldeias, mas também vai acompanhar a vida de indígenas acreanos nas cidades, fugindo dos estereótipos indígenas que são construídos na mídia.

Produçaõ deve ser finalizada em julho de 2017 (Foto: Talita Oliveira/ Divulgação)Produção deve ser finalizada em julho de 2017 (Foto:
Ana Paula Rabelo/ Divulgação)

"Queremos mostrar uma visão do contemporâneo, a movimentação que eles estão tendo hoje, o papel da mulher e o papel político. Como eles estão lidando com as novas tecnologias e as pressões políticas sobre os povos indígenas", explica o diretor.

Como exemplo de personagens, ele cita o pesquisador e artista plástico Ibã Huni kuin, que dará uma oficina no Museu de Arte de São Paulo. Assim como a indígena Alana Manchineri, que foi acompanhar o Acampamento Terra Livre no país, em Brasília. A equipe pôde ver toda a movimentação política atual pelo ponto de vista de uma mulher indígena acreana.

"Nosso olhar será positivo, pois sabemos que, mesmo com todos os problemas de cultura e disputa de terras, o Acre ainda é referencial. Vamos problematizar essa situação, mas mostrar como os indígenas estão se mobilizando e reagindo com relação a isso", explica Carvalho.

Para garantir a fuga do senso comum na série, o diretor afirma que as filmagens nas aldeias não serão impostas e sim planejadas e pensadas junto com os moradores. "Não estamos procurando o índio que só fica de cocar, nem vamos cobrir uma festa indígena. Estamos construindo com eles e debatendo os temas com eles", comenta o diretor.

Carvalho afirma ainda que o projeto só foi aprovado por uma recente política para descentralizar as produções do sul e sudeste do país. "Essa política de descentralização aconteceu principalmente no audiovisual, com as políticas públicas. Com a extinção do Ministério da Cultura, essa é uma preocupação", opina. A série deve ser finalizada em julho de 2017 e está na fase de pré-produção.