29/09/2015 11h58 - Atualizado em 29/09/2015 13h27

Mais da metade dos cariocas tem vontade de sair do Rio, diz pesquisa

Levantamento foi feito ONG Rio Como Vamos; 1.500 foram entrevistados.
Roubos de rua preocupam classes mais altas e balas perdidas as baixas.

Fernanda RouvenatDo G1 Rio

Cristo Redentor, no Rio de Janeiro (Foto: Pedro Kirilos/Riotur)Cristo Redentor, no Rio de Janeiro (Foto: Pedro Kirilos/Riotur)

Um estudo feito pela ONG Rio Como Vamos, divulgado nesta terça-feira (28), indica que 56% da população tem o desejo de deixar o Rio. O número era de 48%, em 2013, e de 27%, em 2011. A violência é o principal motivo que fez aumentar a quantidade de cariocas que têm essa vontade.

Os números citados são da pesquisa perceptiva realizada em junho deste ano. Essa foi a quinta edição da avaliação que é feita de dois em dois anos. Ao todo, 1.500 pessoas foram entrevistadas e responderam cerca de 50 perguntas. A ONG Rio Como Vamos busca abrir um diálogo com o poder público e monitorar o desenvolvimento político. Após os resultados, a pesquisa é levada aos secretários responsáveis por cada serviço e avaliada para que possam ser feitas análises e melhorias nos respectivos setores.

Segurança pública
As críticas em relação à segurança pública foram as que mais chamaram atenção no levantamento: 71% da população acredita que a segurança piorou na cidade. No total, 64% deu as notas mais baixas - que vão de 1 a 4 - na avaliação dessa questão. Esse é o percentual mais alto de notas baixas já registrado no histórico da pesquisa. Os roubos de rua são a principal ocorrência citada, especialmente nas classes mais altas. A bala perdida deixou de ser o principal motivo de preocupação para essa fatia da população, mas continua representando o maior medo entre as classes C e D.

O medo de bala perdida é o principal medo das classes C e D - 32% disse que essa é a maior preocupação - e também ficou em primeiro lugar na pesquisa, na opinião de 40% dos entrevistados. Em segundo lugar vem o medo de assaltos, com 23%.

As Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) são vistas também como uma preocupação para os moradores dos bairros com o sistema — 41% acredita  que as UPPs trouxeram mais efeitos negativos do que positivos, como o aumento de roubos e ameaças de criminosos.Esse foi o primeiro ano que o sistema de UPPs foi avaliado pela ONG.

Para a presidente da Rio Como Vamos, Rosiska Darcy, a diminuição do orgulho dos cariocas com a cidade foi o dado mais impactante daessa pesquisa.

"Na medida que você começa a perder a esperança com o Rio, isso diminuiu o comportamento mais construtivo para a cidade. Nós precisamos, sobretudo em uma época de crise, de força do cidadão para ajudar a cidade", disse Rosiska.

Furtos e assaltos nas praias
Nas praias do Rio os assaltos e os furtos são os principais problemas relatados. A pesquisa, que foi feita ante dos episódios recentes que assustaram a população, mostra que o índice de preocupação no quesito saltou de 16%, em 2013, para 69% este ano. Em seguida, estão a sujeira na areia (49%) e a qualidade ruim da água (41%).

Educação
A educação pública em geral piorou na opinião dos entrevistados. Este ano, apenas 34% dos cariocas acreditam que o ensino melhorou. O número é inferior aos 46% que apontavam melhora em 2013.

Nas creches e pré-escolas a qualidade do ensino foi bem avaliada: 53% das notas são positivas. As reclamações de dificuldades para encontrar vagas caiu de 18% em 2013 para 12% em 2015.

A percepção de qualidade do Ensino Médio foi o maior avanço de 2015 na educação. A média das notas entre 7 e 10 subiu para 44% este ano contra 34% em 2013. Já a do Ensino Fundamental caiu. Este ano, apenas 40% deram notas entre 7 e 10. Em 2013 o percentual chegava a 47%.

Saúde
O número de entrevistados que considera boa a qualidade do atendimento médico recebido no sistema público de saúde e deu notas entre 7 e 10 subiu de 20%, em 2013, para 24% este ano. A procura pelo sistema também aumentou: entre as classes C e D, 67% das pessoas usam o sistema. Na classe A, o número chega a 39%. Na B, 52% usam o atendimento público. Ao todo, 58% dos entrevistados procuraram o sistema público de saúde no último ano.

Segundo a presidente Rosiska, esses números mostram que cada vez mais a população está procuranso as UPAs e as Clínicas da Família.

Olimpíadas e grandes eventos
A população tem demonstrado menos otimismo com os benefícios que os Jogos de 2016 podem trazer para a cidade. O percentual de cariocas que acreditava em melhorias por conta dos grandes eventos passou de 63%, em 2011, para 27%, em 2015.

Após a Copa do Mundo de 2014, os principais investimentos, na opinião dos cidadãos, continuam relacionados ao transporte público e 66% citam as novas linhas expressas, como os BRTs e a TransOlímpica sendo o melhor investimento.

"Em 3013 os grandes eventos eram uma esperança, hoje, o número caiu e é um motivo de frustrações", explicou Rosiska.

Bilhete único e transportes
O Bilhete Único foi avaliado pela primeira vez este ano e os cariocas se mostraram muito satisfeitos com o sistema - 72% dos entrevistados deram notas boas e quase 60% disseram usar o recurso.

Os meios de transportes tiveram 25% de avaliações positivas. O metrô é o mais bem avaliado e mais da metade dos entrevistados disseram que usariam o transporte público se houvesse mais qualidade.

Ordem pública
O aumento dos pontos de venda de drogas na cidade é a principal reclamação nessa categoria: 71% considera essa o principal problema com relação à segurança.

A Câmara dos Vereadores também foi avaliada e 64% dos entrevistados consideraram o sistema ruim ou péssimo.

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Imagem da Praia de Copacabana vista do alto. O bairro é um dos destinos favoritos dos turistas na cidade. (Foto: Fernando Maia/ Riotur)Imagem da Praia de Copacabana vista do alto. O bairro é um dos destinos favoritos dos turistas na cidade. (Foto: Fernando Maia/ Riotur)

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