Mãe de Jandira pede pena severa a acusados que vão a júri: ‘Fizeram do pior jeito possível’

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126 Comentários

  • VARACURTA2
    PENA MÁXIMA PARA ESSA QUADRILHA DE ASSASSINOS.
  • JorgeBengala
    A mãe diz que a filha achava que os abortadores eram pessoas boas. Não existem pessoas boas que fazem abortos. São assassinos.
  • skip
    Esse Done muda o nome, mas não muda essa filosofia Que ninguém entende P/o/r/r/a Nenhuma.
  • paulohenrik
    ...só o bem ,amor ,perdão ilumina as almas ...enquanto cultivar o ó dio terão & estarão em t revas !!! "LIBERE A ALMA DE SUA FILHA DESSA PRISÃO IN FERNAL ",perdoe a todos (ame até os inimigos )
  • VOVOZONA
    QUEM PROCURA ACHA, NA HORA DE VIRAR OS OLHINHOS FOI BOM NÉ,...

Mãe de Jandira pede pena severa a acusados que vão a júri: ‘Fizeram do pior jeito possível’

Maria Ângela dos Santos, a mãe de Jandira Foto: Fabio Teixeira / Extra / Agência O Globo
Breno Boechat
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Mais de um ano depois, a dona de casa Maria Ângela dos Santos ainda tenta entender por que não tentaram salvar a filha dela, a auxiliar administrativo Jandira Magdalena dos Santos Cruz, depois de complicações em um procedimento de aborto, em uma clínica clandestina de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, no dia 26 de agosto de 2014. Nesta sexta-feira, a Justiça decidiu que seis integrantes da quadrilha responsável pelo crime vão a júri popular. Uma possível e provável condenação soaria como um alívio, um ponto final em uma história que despedaçou uma família inteira, que ainda tenta se reerguer: “A vida segue, a gente é forte, mas todo dia 26 eu fico muito abalada”, diz a mãe.

Contrária ao aborto, Maria Ângela, hoje, consegue entender os motivos que levaram à filha a procurar ajuda em uma clínica clandestina. Desesperada com a terceira gestação, desta vez de um relacionamento casual, Jandira estava decidida em não ter o bebê. Mãe solteira de duas meninas, a jovem trabalhava para dar educação, comida e conforto às filhas. Mais uma criança para que ela criasse sozinha, além de estourar o orçamento da família, diminuiria as chances de uma possível reaproximação do ex-marido, pai das filhas de Jandira, que ela confessava a pessoas próximas ser o grande amor de sua vida.

— A minha filha foi mais uma de milhares de mulheres que, desesperadas, vão pedir socorro a essas pessoas. Confiam, acreditam que vai dar tudo certo e que o problema vai ser resolvido. Não imaginam que pode acontecer algo ruim. Aborto é uma coisa que tem muitos riscos. A minha filha caiu nas mãos de um grupo de bandidos. Antes, foi bem tratada, achou que era um grupo de gente boa. Depois vê que não é nada disso. É uma mulher que vai pedir socorro e cai na mão de uma pessoa que te pega e te esquarteja. Eu até hoje não acredito que isso aconteceu — diz Maria Ângela.

Jandira Magdalena dos Santos Cruz morreu após fazer um aborto
Jandira Magdalena dos Santos Cruz morreu após fazer um aborto Foto: Reprodução

A crueldade do assassinato e a ocultação do cadáver, que foi encontrado em um carro carbonizado, impressionam a dona de casa. As netas precisaram de acompanhamento psicológico, mas não deixaram de frequentar a escola. Durante mais de um ano de provações e desafios, Maria Ângela ainda questiona o motivo de tamanha atrocidade.

— O que fizeram com a minha filha não tinha necessidade nenhuma. Sumiram com tudo dela. Na carteira, tinha foto minha, das filhas dela. Eles viram isso tudo e não levaram em consideração. Podiam ter deixado ela em um hospital, mas não. Fizeram tudo do pior jeito possível. Não pude nem de enterrar direito a minha filha. O que enterrei foi um pedaço de osso. As filhas dela não puderam nem se despedir da mãe. Hoje, graças a Deus, elas estão bem melhor. Foram para psicólogo, recebemos muita ajuda do pessoal da nossa igreja também. A gente crê muito em Deus. No começo, elas sofreram muito, acho que não só pela morte da mãe, mas pelo jeito como aconteceu.

Jandira foi morta em uma clínica clandestina, em Campo Grande
Jandira foi morta em uma clínica clandestina, em Campo Grande Foto: Facebook / Reprodução

Entre os desafios de uma investigação longa e complexa e de um julgamento carregado de emoções, Maria Ângela classifica como o mais difícil o momento em que teve que ficar de frente para os acusados. Ela diz que é capaz de perdoá-los, mas exige justiça.

— Eu sou uma pessoa de Deus e perdoo pelo que eles fizeram. Se eles forem soltos, vão voltar a fazer. É muito dinheiro. Ninguém desiste de muito dinheiro. O aborto é uma coisa muito comum. Sempre vai haver mulheres procurando. E existem esses bandidos que fazem isso sem segurança nenhuma. Eu acredito tanto na Justiça de Deus quanto na dos homens. Espero que eles peguem uma pena bem alta. Eu não desejo a morte deles, mas acho que Deus não vai me condenar por eu querer justiça. Quero que eles fiquem lá e paguem pelo que fizeram não só com a minha filha, mas com outras mulheres também.

Agora, a família de Jandira aguarda a data do julgamento, que ainda não foi definida. Pronunciados pelos crimes de homicídio qualificado, formação de quadrilha e aborto provocado por terceiro estão o falso médico Carlos Augusto Graça de Oliveira, a chefe da quadrilha Rosemere Aparecida Ferreira, Vanuza Vais Baldacine e Carlos Antônio de Oliveira Júnior, que trabalhavam com o transporte das gestantes que iam para a clínica clandestina, e o casal Mônica Gomes Teixeira e Marcelo Eduardo de Medeiros, donos do imóvel onde a clínica clandestina funcionava, em Campo Grande, em troca de diárias. Rosemere, Vanuza, Carlos Antônio e Marcelo ainda foram pronunciados pelo crime de ocultação e destruição de cadáver.

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