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Nova casa para livros de arte, Zazie Edições lança sua primeira coleção

Onze obras digitais de artistas contemporâneos serão lançados neste sábado no MAM-Rio
Capa do livro “my head, my hand”, de Tove Storch Foto: Divulgação / Divulgação
Capa do livro “my head, my hand”, de Tove Storch Foto: Divulgação / Divulgação

RIO - No mesmo mês em que a Cosac Naify, referência em publicações sobre arte contemporânea, anunciou que vai encerrar suas atividades, outra editora nasce no Rio de Janeiro com o objetivo de se debruçar sobre a mesma matéria-prima, só que de maneira radicalmente diferente. Dirigida por Laura Erber, artista, escritora e professora da UniRio, e Karl Erik Schollhammer, crítico e professor da PUC-Rio, a Zazie Edições lança hoje, às 15h, no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio, onze livros da sua coleção de estreia, “Ninguém mais sabe”. As publicações são todas digitais e poderão ser baixadas gratuitamente no site www.zazie.com.br. O design é de Marcus Moraes.

Laura explica que a proposta da Zazie é ir na contramão do formato que dominou o campo artístico desde a década de 1990, de edições luxuosas e caras como as consagradas pela alemã Taschen.

— O que me interessa é a possibilidade de pensar o livro como campo de intervenção, menos voltado para a coroação do sucesso. Gostaria de recuperar um pouco o espírito da geração mimeógrafo. A publicação digital talvez possa ser esse lugar — diz a professora, ressaltando que exemplares impressos serão distribuídos nos lançamentos.

Sem cobrar pelas obras e contando com a colaboração dos artistas, a proposta é mesmo fugir do circuito comercial. No futuro, eles cogitam disputar editais e não descartam um financiamento coletivo.

— Nossa iniciativa é uma resposta ao engessamento do que há muito tempo caracteriza os modelos editoriais brasileiros — afirma Schollhammer. — Os títulos desaparecem logo das estantes e, sem boas bibliotecas, o estudante, o professor e o leitor engajado nunca saem da superfície e chegam aos títulos difíceis ou menos óbvios.

A primeira coleção é composta por cadernos de desenhos de artistas, acompanhados por breves comentários de cada um sobre a prática. O grupo de autores é bastante heterogêneo, e alguns nomes já tiveram trabalhos expostos no Brasil, como a dinamarquesa Tove Storch e o argentino Sebastian Diaz Morales.

— A ideia é criar um repertório que revele distintas compreensões do desenho a partir de suas práticas, chamando a atenção para a relação entre o desenho e outras linguagens, como o vídeo, o poema, a fotografia e a escultura.