02/02/2016 15h20 - Atualizado em 02/02/2016 20h25

Deputados fazem coro a servidores do RJ em críticas à reforma de Pezão

Fundações ameaçadas de extinção se reuniram com deputados.
Governo diz que projeto entregue em dezembro não vai extinguir fundações.

Alessandro Ferreira e Káthia MelloDo G1 Rio

Pouco antes da abertura oficial do ano legislativo no Estado do Rio de Janeiro, representantes de várias fundações do estado foram recebidos por um grupo de deputados e pelo presidente da Assembleia Legislativa (Alerj), Jorge Picciani. Eles se posicionaram contra o projeto de lei 1.292/15 encaminhado pelo Executivo à Alerj em dezembro. Os funcionários alegam que pelo projeto fundações estariam ameaçadas de serem extintas na reforma administrativa proposta pelo governo.

Estavam presentes na reunião representantes das fundações ameaçadas: Fundação para a Infância e Adolescência (Fia), Fundação Anita Mantuano de Artes (Funarj), Fundação Santa Cabrini, Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (Fiperj), Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos (Ceperj), Fundação da Imagem e do Som(Mis)  e Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro (Suderj), que é uma autarquia. Eles foram ouvidos pelos deputados e manifestaram preocupação sobre o andamento dos projetos. Eles temem por uma aprovação rápida e sem discussão.

Em nota, o governo esclarece que a proposta não prevê a extinção das funções e ações da autarquia Suderj e de seis fundações, mas apenas de suas estruturas. As funções e ações passariam a ser incorporadas a secretarias de Estado, como medida para reduzir despesas e reorganizar os gastos estaduais.

Segundo a nota, o compromisso do governo do estado é manter as ações e a missão dos  órgãos. "Ganha-se em eficiência uma vez que a nova estrutura poderia se dedicar integralmente às questões técnicas usando a estrutura administrativa de uma secretaria".

Aos servidores, Picciani disse que nada será votado sem os devidos esclarecimentos. Ele criticou o projeto enviado pelo governo. "Não tenho medo de desgaste, não tenho medo de vaia."

Ele disse que vai discutir tudo à exaustão. Os deputados presentes, entre eles líderes da oposição, também se posicionaram sobre às reivindicações e fizeram críticas ao projeto do governo.

O deputado Luis Paulo (PSDB) chamou o projeto de "alegoria" e um desrespeito à inteligência média do parlamento. E questionou: "Porque não acabam com as secretarias?"

O deputado Zaqueu Teixeira (PT) disse que o estado deveria fazer primeiro a sua reforma e "depois jogar para o parlamento".

Para o deputado Paulo Ramos (PSOL), o propósito do estado é terceirizar tudo em nome de uma alegada economia.

Pela manhã houve uma manifestação de cerca de 100 funcionários da Fundação para a Infância e Adolescência (FIA). Após o protesto, os representantes das fundações foram recebidos pelos deputados. No final da reunião, o governador Pezão chegou para a solenidade e cumprimentou os presentes.

Deputados da bancada do PSOL levaram cartazes contra o governo (Foto: Alessandro Ferreira / G1)Deputados da bancada do PSOL levaram cartazes contra o governo (Foto: Alessandro Ferreira / G1)

Reforma contra crise financeira
O pacote de 12 medidas também teve resposta imediata dos servidores. A Federação das Associações e Sindicatos dos Servidores Públicos do Rio disse que considera inconstitucional o aumento da alíquota da contribuição previdenciária, uma das ações propostas pelo governo contra a crise financeira, e que vai recorrer na Justiça.

Todas as aposentadorias passariam por uma revisão e os novas aposentadorias seriam analisadas com mais rigor para gerar uma maior economia.

Outra mudança sugerida no projeto é sobre o rombo da Previdência, que chega a R$ 12 bilhões. O governo quer que essa conta seja dividida entre Executivo, Judiciário e Legislativo. A divisão seria feita de forma proporcional. Atualmente, despesas com os pensionistas do Legislativo e do Judiciário representam cerca de 15% do déficit. Os outros 85% são do poder Executivo.

O governo também quer mexer no fundo de despesas. Pelo projeto que será encaminhado à Alerj, os saldos de recursos dos poderes, ao final do ano, devem ser descontados dos repasses seguintes. Em 2015, sobraram R$ 800 milhões nos caixas dos três poderes.

“Se poderes concordarem com isso ninguém vai economizar, então se gastar tudo não sobrou saldo. Não é medida que vai dar economia. É, não é uma medida para corrigir nada, é medida que pode virar gastança e não economia”, disse o deputado Luiz Paulo (PSDB).

O governo também quer criar um cálculo que limite o crescimento do gasto com o funcionalismo público, mesmo em um cenário de aumento de arrecadação. No projeto, a ideia é gastar menos com os subsídios.

Pedágios podem ser afetados
De acordo com o governo, o equilíbrio econômico e financeiro dos contratos de concessão deve ser garantido pelas tarifas. Isso significa, que o que o cidadão paga pelo transporte, água e pedágio nas rodovias deverá ser suficiente  para manter o orçamento das empresas que prestam o serviço. Se houver um aumento nos gastos das concessionárias, isso poderá impactar o preço das tarifas ou no tempo do contrato de concessão.

No projeto de lei, o governo também quer que os repasses mensais ao Judiciário e ao Legislativo possam ser reajustados a cada dois meses. Atualmente, esses repasses são definidos uma vez por ano, quando o orçamento é aprovado. O que ocorre é que quando a arrecadação é menor como aconteceu em 2015, os repasses continuam os mesmos.  Com a medida, os repasses para o Judiciário e para a Alerj também seriam menores em anos de crise.

Bombeiros protestaram na porta da Alerj (Foto: Káthia Mello/G1)Bombeiros protestaram na porta da Alerj (Foto: Káthia Mello/G1)

Queda de arrecadação
O pacote de medidas foi elaborado após o aperto financeiro enfrentado pelo Estado, principalmente em 2015. O governo alega que os preços do petróleo despencaram no mercado internacional nos últimos meses. Em 2014, a arrecadação com os royalties foi de R$ 8,7 bilhões. No ano passado, ela passou para R$ 5,5 bilhões, uma redução de 39%, segundo dados do governo.

Ainda de acordo com o governo, os cofres do estado receberam R$ 6 bilhões a menos em Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (Icms).

"Se elas todas forem aprovadas, a gente espera arrecadar no ano de 2016, ela significa 13 bilhões de reais, 300 milhões. Mas é muito dificil , elas serem implementadas todas de uma vez. A gente sabe que tem que trabalhar nos proximos três, quatro anos, mas acho que é um prazo razoável pra estabelecer todas essas leis", disse Pezão.

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