Bruninho tocava a quadra, fazia sua oração e
olhava para cima. Sabia que a missão não seria das mais fáceis. Do outro
lado estavam os Estados Unidos, atuais campeões, que chegaram até as finais
da Liga Mundial credenciados por uma primeira fase muito consistente.
Para completar, o Brasil teria de passar por eles, com um placar de 3 a 0
ou 3 a 1, para poder continuar com chances de seguir vivo na
competição. Foi na conta do chá. Nesta quinta-feira, no Maracanãzinho,
derrubou o gigante e manteve a esperança de avançar às semifinais: 3
sets a 1 (28/26, 22/25, 25/22 e 27/25).
Lucarelli liderou o Brasil com 21 pontos, sendo 19 deles em ataques.
Evandro veio logo atrás, com 16. Matt Anderson foi o maior pontuador do
jogo, com 30, quatro deles de saque.
- Independentemente da derrota ontem, que foi contra uma grande equipe e não podemos tirar o mérito da França, mas ganhar de uma equipe como os Estados Unidos dá uma confiança muito grande. Independentemente do resultado de amanhã, saímos com a cabeça em pé - afirmou Lucarelli.
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Agora, a equipe só corre risco de ser eliminada caso os americanos vençam os franceses por 3 a 1 nesta sexta-feira. Com o empate triplo, as vagas serão decididas no ponto average (resultado da divisão dos pontos conquistados pelos sofridos). O jogo será às 14h05, com transmissão do SporTV e cobertura em Tempo Real do GloboEsporte.com. Antes, às 11h, o GloboEsporte.com transmite ao vivo do ginásio um programa especial para debater a fase final. A apresentação será de Monique Cardone, com comentários dos ex-jogadores Giba e Tande.
Na
edição de 2007, já no formato atual, o Brasil havia passado por
situação semelhante à que viveu nesta quinta-feira ao perder o primeiro jogo para a
Bulgária e entrar precisando passar pela Rússia para se manter na
competição. Naquele ano, foi até a decisão e ergueu o troféu.
O jogo
A postura era diferente. Agressiva, do jeito
que Bernardinho queria. Um ace de Lucão atendia ao pedido da torcida
(6/4). Os americanos voltavam suas atenções para Lucarelli. O triplo
subia com vontade e parava o jovem ponteiro. Com inteligência, ele
retribuía, explorando as pontas dos dedos de David Lee e deixava o jogo
empatado (12/12). O saque dos rivais começava a funcionar melhor. Matt
Anderson fazia uma boa passagem por lá. Conseguia um ace e a virada
(16/15). O oposto ainda tentava arrancar mais um pontinho no ataque, mas
Murilo estava atento a ele. As ações se equilibravam. Os anfitriões
passavam à frente com uma pancada de Lucarelli (21/20). Mas Isac
desperdiçava seu serviço. Os Estados Unidos deixavam tudo igual (22/22).
Vissotto subia e não colocava a bola no chão no contra-ataque. Redimia-se ao fazer o ponto seguinte, criando a primeira chance do Brasil de
fechar o set. Depois dali foram necessárias mais três. Um bloqueio
simples de Lucão colocava fim ao sofrimento: 28/26.
No intervalo, Serginho mexia com os brios de Evandro. Wallace, sem poder
atuar por conta da dor nas costas, conversava com Lucão. A equipe se
ajudava. E dava sorte também. Um saque de Max Holt tocava na fita e
caprichosamente saía. Bruninho sorria. A arquibancada jogava junto. Não
poupava vaias a cada jogador americano que ia para linha de saque. Isac
não se intimidava diante do paredão que se formava na sua frente. Holt
também não e mantinha os atuais campeões em vantagem (8/7). Se os
comandados de John Speraw tentavam escapar, Lucão e Lucarelli se
apresentavam (11/11). O levantador Christenson variava bem as jogadas, e
os companheiros correspondiam (14/12). Lucarelli não se intimidava e
buscava o empate (14/14). A seleção lutava, ocupava os espaços. Lucão
fazia uma defesa com o pé e tinha o esforço recompensado ao ver o ponto
garantido. Mas as três falhas ofensivas em sequência tiravam Bernardinho
do sério (22/18). A equipe voltava a se concentrar e corria atrás. Dois pontos eram recuperados. Os jogadores olhavam o placar
(23/21). A situação se complicava com o saque de Bruninho parando na
rede. Christenson também perdia o seu. Os americanos marcavam Lucarelli e
o freavam: 25/22.
Dali em diante, os donos da casa não podiam mais pensar em ceder um set
sequer. Com a corda no pescoço, a seleção mantinha a cabeça no lugar. Os
EUA pressionavam. Lucão se livrava da marcação e dava um respiro para o
Brasil (10/8). Os adversários iam buscar e contavam com o toque de
Evandro na rede para deixar tudo igual (11/11). Russell era o dono do
fundo da quadra dos adversários. Salvava todas as investidas dos
anfitriões, até Isac acabar com a boa sequência de defesas. Mas os
americanos insistiam e se distanciavam (16/13). Bernardinho fazia a
inversão. William Arjona e Vissotto deixavam o banco. Empurrado pela
torcida, o time encostava (17/16). Lucarelli forçava o saque e errava.
Lucão fazia o mesmo pouco depois, mas contava com a falha de Russell.
Isac, no jeito, passava a bola para o outro lado da rede e comemorava
(19/19). Lipe providenciava a virada. A torcida cantava. Matt Anderson
atacava para fora. Set point (24/22). Lucarelli não perdoava. A
arquibancada se levantava: 25/22.
Enquanto Bernardinho respirava fundo, o canto de "O campeão voltou!"
tomava conta do Maracanãzinho. Bruninho enfrentava o duplo, levava a
melhor, vibrava e chamava a equipe (4/1). O volume aumentava. Os
americanos sentiam. Christenson errava o levantamento (7/3). O jogo do
Brasil fluía, e a diferença aumentava (15/8). Os rivais quebravam o passe
brasileiro, tinham sucesso nos bloqueios e conseguiam o que parecia improvável àquela altura. Empate
(19/19). Iam mais longe. Um ace de Matt Anderson colocava os atuais
campeões na frente (22/21). Mas o americano errava a mão na tentativa seguinte. Lipe
não perdia tempo e dava o ponto para o Brasil. Os Estados Unidos
falhavam novamente no serviço. Match point. Matt Anderson salvava o
primeiro. Taylor Sander, o segundo (25/25). Evandro criava a nova
oportunidade. E Lucarelli fechava a conta: 27/25.
tabela de jogos da fase final
Quarta-feira
Brasil 1 x 3 França
Sérvia 2 x 3 Itália
Quinta-feira
Brasil 3 x 1 Estados Unidos
Polônia 3 x 1 Itália
Sexta-feira
14h05 - Estados Unidos x França
16h05 - Sérvia x Polônia
Sábado
10h00 - Semifinal 1
12h05 - Semifinal 2
Domingo
9h10 - Disputa do terceiro lugar
11h30 - Final