Edição do dia 22/05/2015

23/05/2015 02h02 - Atualizado em 23/05/2015 02h23

Orson Welles, o gênio que criou ‘Cidadão Kane’, nasceu há 100 anos

Nelson Motta

Orson Welles estaria completando 100 anos neste mês de maio. O diretor que mudou a linguagem da tela grande ensinava: "Cinema não tem fronteiras nem limites e é um fluxo constante de sonho". O gênio que criou "Cidadão Kane" está hoje na coluna de Nelson Motta:

Em todas as listas que vem sendo feitas desde que o cinema é cinema, o troféu de melhor filme de todos os tempos sempre vai para "Cidadão Kane", que Orson Welles escreveu, dirigiu e interpretou com 25 anos de idade, revolucionando a linguagem do cinema e se tornando um dos maiores diretores de todos os tempos.

Além de genial, Orson Welles era muito precoce: aos sete anos tocava Stravinski no violino, aos 10 anos era ator de teatro, aos 16 anos era diretor premiado e especializado em Shakespeare, fumava charuto e era um mulherengo vocacional. Aos 23 anos, dirigiu o rádio-teatro "Guerra dos Mundos", narrando uma invasão da Terra por marcianos tão realista que levou pânico a Nova York e provocou até suicidios e processos judiciais, mas tornou famoso Orson Welles.

Escreveu, dirigiu e interpretou o clássico "Cidadão Kane", que provocou uma revolução técnica e narrativa na linguagem cinematográfica, baseado na história sinistra do magnata da imprensa William Randolph Hearst, que ficou furioso e fez uma grande campanha contra Welles, estigmatizando-o em Hollywood como um diretor maldito que fazia filmes difíceis.

Nunca mais o cinema seria o mesmo depois do "Cidadão Kane" e o proprio Orson Welles carregaria por toda a vida a maldição dos filmes dificeis, tornando sua relação com os estudios uma guerra permanente, que começou com o fracasso comercial de um de seus futuros clássicos, "A Dama de Xangai", com Rita Hayworth, com quem Welles acabou se casando.

A ambição artistica de Welles não tinha limites e milagrosamente ele conseguia produtores dispostos a bancar clássicos de Shakespeare que ele dirigiu e interpretou como "Macbeth", "Othelo" e e o genial "A Marca da Maldade", mas todos foram fracassos comerciais.

Em 1942, Orson Welles veio ao Brasil para filmar o Carnaval para o seu lendário e inacabado "É Tudo Verdade", que era para ser um filme pra melhorar as relações dos Estados Unidos com a América do Sul, mas resultou em um contundente documentário sobre as riquezas e misérias do Brasil, que desagradou os governos americano e brasileiro e nunca foi terminado por Welle, só sendo lançado em 1993.

Os filmes de Orson Welles quase smepre davam muito aborrecimento e grandes prejuízos aos estúdios mas se tornavam patrimônio artístico da humanidade, como seu último filme, "Verdades e Mentiras", uma discussão sobre a arte e a ética na história de um falsário tão genial quanto os artistas que falsificava.