• Texto Carol Scolforo | Realização Nuria Uliana
Atualizado em
poltrona-madeira-sala-de-estar-neutro-mesa-de-centro-rede-quadros (Foto: Gui Morelli/Editora Globo)

Living | Despojado e com certa aura vintage, o ambiente tem sofá adquirido em garage sale, além de arranjo de mesas de centro que une desenhos e épocas diferentes: em primeiro plano, a de jacarandá, do designer Giuseppe Scapinelli; tronco de madeira guarantã; atrás, a mais alta, da Roda; pufe amarelo Larmod; e, ao fundo, de Jorge Zalszupin. Na parede, cuja metade é revestida por papel de parede da Paper.com, poltrona Regg, da Lattoog. Em pontos estratégicos, as arandelas garimpadas são acesas por dimmers (Foto: Gui Morelli/Editora Globo)

Um arranjo único, sem clichês, revela ao primeiro olhar: nesse apartamento mora alguém que pensa além do óbvio. Não há luz no centro do teto, em parte alguma. Não há portas – apenas vidros. E por aí seguem mais ousadias. Afinal, para que é preciso aplicar a mesma fórmula que todo mundo? Por trás dessas ideias está Walter Fagundes, designer de interiores há 25 anos, um homem fisgado por arte e arquitetura e que não gosta de padrões. Há dez anos, ele encontrou no edifício projetado por Artacho Jurado, nos anos 1950, o lugar perfeito para morar só. Criador de obras reconhecidas mundialmente, Jurado não era arquiteto, mas sabia fazer boas bases – e isso agradou Walter.

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Para adaptar a planta original a essa nova realidade, saíram de cena algumas paredes, as esquadrias de madeira das janelas foram resgatadas, o piso original de tacos foi reassentado. Uma bela integração deu conta de uma atmosfera mais fluida e ampla, e agora nenhum dos ambientes é delimitado, nem mesmo o quarto de Fagundes. “O conceito foi esticar a linguagem do estar para a cozinha e a suíte usando transparências, andar pelo apartamento todo com a sensação de ainda estar no living”, explica. Para dar privacidade ao lavabo ou à suíte, divisórias de vidro escuro e cortina são suficientes. “As pessoas se adaptam ao estilo e ficam à vontade; até minha avó já se acostumou”, ri.

Em um ano, o designer reanimou tudo e reposicionou também os pontos de luz. Já que a ideia é contemplar o skyline da cidade e torná-lo parte de seu interior, em cada ambiente dos 90 m² foram evitadas lâmpadas diretas e cortinas. De dia, a única barreira são os painéis de proteção solar, para preservar os móveis. À noite, acendem-se arandelas dimerizadas, abajures e luzes indiretas, que pontuam todos os espaços. Era o clima que o morador queria. Na cozinha e na área de serviço, soluções criadas por ele: objetos ficam suspensos por roldanas, ganchos e mosquetões, e deixam o piso livre.

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Apesar de ter uma aura vintage, o designer diz logo que não foi levado pelo estilo retrô que hoje faz sucesso na decoração. Aliás, ele se considera vanguardista – concluiu o projeto há nove anos. “Ninguém buscava isso ainda, depois virou um estilo”, conta. “Gosto de ousadia, de evitar regras e experimentar muito”, completa ele, na rede de balanço. É seu lugar preferido para avistar a cidade de um ângulo diferente.

quadros-mesinha-madeira (Foto: Gui Morelli/Editora Globo)

Jantar | Sob o quadro de Gustavo Rezende, da Galeria Marilia Razuk, a bancada de madeira apoia a coleção de esculturas de Palatnik. A lareira da Ecofireplaces foi encaixada no banco de penteadeira. À esq., banco desenhado por Walter Fagundes, em produção pela Index Brasil Design (Foto: Gui Morelli/Editora Globo)

quadros-papel-de-parede-quadros-piso-de-madeira (Foto: Gui Morelli/Editora Globo)

Estar | A cadeira antiga ganhou prateleiras para apoiar os livros. Na parede, cofre de Nazareno Rodrigues, e, acima dele, caixa de acrílico com máscara dos Campana. Relógios de Marton e, no corredor, obra cor-de-rosa de Amilcar Packer (Foto: Gui Morelli/Editora Globo)

cozinha-abajur-azulejos (Foto: Gui Morelli/Editora Globo)

Cozinha | O abajur verde foi herança de família e acolhe quem chega ao espaço. À frente dos azulejos garimpados ficam os eletrodomésticos: todos à disposição. Prancheta de desenho antiga, de ferro fundido, faz as vezes de mesa para refeições rápidas (Foto: Gui Morelli/Editora Globo)

cozinha-canelas-prateleira-potes (Foto: Gui Morelli/Editora Globo)

Canequinhas | Vieram de uma viagem a Cunha, SP, e ficam penduradas por gancho e mosquetão (Foto: Gui Morelli/Editora Globo)

patinho-infusor-de-cha-porta-velas (Foto: Gui Morelli/Editora Globo)

Detalhe | O patinho é um infusor de chá em um suporte de velas, suspenso por gancho e prendedor de papel: Walter inventa objetos (Foto: Gui Morelli/Editora Globo)

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Área de serviço | Os ganchos, moitão e mosquetões organizam os objetos em suspensão – um estilo industrial-naval, segundo o arquiteto. No teto, rede de bagagens e, à esq., roldana com utensílios (Foto: Gui Morelli/Editora Globo)

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Quarto do morador | À frente da cama, banco desenhado por Walter e desenvolvido pela Index Brasil Design; sobre o móvel, abajur garimpado na Feira do Bixiga e, ao lado, cadeira de meditação da Legado Antiguidades (Foto: Gui Morelli/Editora Globo)

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Suíte | A um nível superior ao do quarto, o acesso ao banheiro se dá com carpete de alto tráfego. O boxe ganha privacidade apenas com uma faixa do vidro escurecida, e com as shopping bags de sua coleção (Foto: Gui Morelli/Editora Globo)