Arquitetura
Com tijolos à vista e estilo industrial, casa foi pensada para as crianças
Declive de 9 metros e entorno esplendoroso. O Estúdio Penha idealizou a casa de campo de 560 m², no interior de São Paulo, respeitando a topografia do terreno. Belo e imperfeito, o projeto expõe elementos construtivos e materiais que despertam sensações e afetos
2 min de leituraAo passar pela rua do condomínio fechado onde fica esta casa de 560 m², no interior de São Paulo, você praticamente não a verá. Discreta, a construção idealizada pelo arquiteto Vitor Penha reserva surpresas para quem tem a sorte de conhecê-la por dentro. Projetada em terreno inclinado, a casa acontece “para baixo”, segundo o arquiteto. Terraplanar jamais foi uma opção, nem do ponto de vista econômico nem em relação à filosofia do escritório de arquitetura. “Tiramos partido do entorno em busca de um resultado autêntico”, diz Vitor. O que se vê de fora é uma laje verde com mirante e os primeiros degraus da escada metálica que conecta os pavimentos pela área externa. Com estilo brutalista, a casa encaixa-se na natureza ao redor. “Ela não poderia pertencer a outro lugar”, afirma a arquiteta Veronica Molina, coordenadora de projetos do Estúdio Penha.
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Mãe de duas meninas, de 9 e 6 anos, a administradora paulistana Laura Constantini, proprietária do imóvel, solicitou a Vitor um projeto amigável a crianças. Dessa forma – e por causa do declive –, a área íntima, composta de três suítes, ficou no primeiro pavimento abaixo do nível da rua. Descendo outro patamar, surgem as áreas social e de lazer. Lá estão as salas de estar, de jantar, de TV, cozinha, piscina e churrasqueira, além do quarto de hóspedes e lavabo. “Eu não ficaria tranquila em um lugar que tivesse a piscina afastada, como acontece em casas de campo”, afirma Laura. Ao abrir uma porta de vidro, cozinha e varanda tornam-se o mesmo ambiente, com fluidez e otimização dos espaços.
O horizonte com vista para a Mata Atlântica inspirou Vitor na escolha dos painéis de vidro deslizantes valorizados pelo pé-direito de 5 metros na área social. Cozinha, quartos e corredor são beneficiados com a entrada de luz natural – este último tem abertura no teto, que traz para o interior o calor do Sol, resultando em conforto térmico e economia de energia. Tubulações elétrica e hidráulica aparentes, a ausência de forro, de pintura e de outros acabamentos que escondem elementos construtivos são marcas do escritório. Até as vigas foram pensadas no aspecto estrutural e no visual, já que ficariam expostas. “É preciso coragem para driblar o senso comum e fazer obra consciente, sem revestimentos”, diz Vitor.