Política

Senador Vicentinho Alves, do PR, notificará Dilma de seu afastamento

Presidente do STF assume hoje mesmo o comando do processo de impeachment
Senador Vicentinho Alves, do PR, notificará Dilma de seu afastamento Foto: Agência Senado
Senador Vicentinho Alves, do PR, notificará Dilma de seu afastamento Foto: Agência Senado

BRASÍLIA -  A tarefa de comunicar nesta quinta-feira a presidente Dilma Rousseff de seu afastamento do cargo de presidente da República até o julgamento final pelo Senado será do discreto primeiro secretário da Casa, o senador Vicentinho Alves (PR-TO). Em 1992, o então senador Dirceu Carneiro (PMDB-RS) entrou para a História ao atravessar a Praça dos Três Poderes levando debaixo do braço uma pasta com os documentos que o então presidente Fernando Collor assinaria selando seu afastamento do Planalto.

— Não é uma tarefa fácil nem difícil. É meu dever cumprir a atribuição de forma respeitosa e discreta — disse ontem Vicentinho Alves.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, deve ir hoje à tarde ao Senado, onde receberá do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), a presidência de todos os atos do processo de impeachment. O ministro vai nomear dois assessores do STF para serem auxiliares dele na condução do processo. Em seguida, Lewandowski vai assinar o mandado de citação para ser entregue a Dilma. Trata-se de um comunicado oficial de que ela responde ao processo no Senado.

No dia do julgamento final, em 29 de dezembro de 1992, Collor renunciou para não ser cassado, mas o julgamento prosseguiu, e ele foi condenado à perda dos direitos políticos. Collor fez questão de fazer uma cerimônia pública para receber a citação, escrevendo no ofício a hora em que assinava o documento — segundo disse a assessores, para ficar registrado na História o momento exato em que era tirado do cargo. Diferentemente de Collor, Dilma deve ser citada em uma reunião fechada, no Palácio do Planalto.

Depois de comunicar a petista sobre o afastamento, Vicentinho Alves deve notificar oficialmente o vice-presidente Michel Temer de que ele vai assumir o comando do país.

Depois de ser notificado por Dirceu Carneiro, o então presidente Collor saiu de mãos dadas com a então primeira-dama Rosane Collor rumo ao helicóptero que o levou de volta à Casa da Dinda. Seria sua última passagem pelo Planalto como presidente, embora ele ainda tivesse esperança de ser inocentado e voltar. Na despedida, Collor divulgou um carta falando dessa confiança.

“Eu passo a chefia do governo ao meu substituto legal na forma da Constituição, com a consciência e a alma limpas, com a convicção plena de que o povo brasileiro vai se tornar mais confiante quando tomar conhecimento da verdade”, escreveu ele na carta.

Vicentinho tem carreira política marcada por intensa troca de partidos. Já esteve em seis legendas (PDT, PFL, PSDB, PL, Solidariedade e atualmente PR). Pecuarista, começou a vida política como prefeito de Porto Nacional, em Tocantins, sua cidade natal. Foi presidente da Assembleia Legislativa do estado e deputado federal antes de se eleger senador em 2010. Na época, declarou patrimônio de R$ 9,6 milhões. Os bens mais valiosos são duas fazendas — uma delas avaliada em R$ 5,9 milhões.

Vicentinho é favorável ao impeachment. Mas a posição a favor do afastamento de Dilma não é consenso na família do senador. Seu filho, o deputado Vicentinho Júnior, votou contra a abertura do processo na Câmara. No discurso, disse que era fácil para os colegas “falar em moralidade no microfone”.