(Foto: Reprodução)
Brasília volta a receber o festival Anima Mundi, um dos maiores do gênero no mundo e o maior da América Latina, a partir desta quinta-feira (26). São 37 produções de diversos países, com exibição gratuita até domingo (29) no Centro Cultural da Caixa.
O Anima Mundi mostra um “amplo painel” do que é feito da arte no Brasil e no mundo. A capital faz parte de um circuito reduzido da mostra, que esteve em Salvador e irá para Fortaleza. A versão com todas as produções selecionadas acontece em São Paulo e Rio de Janeiro.
Em Brasília são exibidos filmes de países como Brasil, França, Inglaterra, Alemanha, Coreia do Sul, Estados Unidos, Chile, Polônia, Argentina, México, Suíça, Rússia, Portugal e República Tcheca (veja programação). Em São Paulo e no Rio de Janeiro, participam animações de 45 países.
A programação também reserva oficinas gratuitas de animação pela técnica “stop motion” com massa de modelar – os alunos aprendem a montar um filme quadro a quadro. O curso é indicado para maiores de 8 anos.
“Em Brasília será um Anima Mundi ‘pocket’, com os melhores filmes selecionados nos últimos anos”, afirma a produtora do circuito da mostra, Beca Furtado. A capital volta a receber o evento depois de oito anos. O Anima Mundi foi criado em 1993 e foi realizado todos os anos desde então.
“Brasília está se transformando em um polo importante de animação, temos importantes produtores, não só na capital, mas nos arredores também. A gente já fez o Anima Mundi em Brasília, sempre com um público muito bom”, afirma o diretor do festival Cesar Coelho.
Entre os filmes em exibição no festival estão o vencedor do Oscar de melhor curta de animação deste ano, “História de um urso”, primeira produção latino-americana a vencer o prêmio.
Outras produções de destaque são o filme “L. E. R.”, do diretor João Angelini, de Brasília, e “Passo”, de Alê Abreu – responsável por “O menino e o mundo”, animação brasileira que recebeu indicação ao Oscar 2016.
Expressão e arte
Um dos criadores do Anima Mundi, Cesar Coelho afirma que o mercado de animação se transformou desde 1993, quando o festival estreou. Um dos pontos citados por ele para a evolução é o avanço da tecnologia e a consequente queda nos custos.
“Tenho uma produtora de animação desde antes do Anima Mundi. Para fazer um comercial naquela época, você tinha de fazer a animação toda na mão”, diz.
O processo envolvia a gravação dos desenhos em acetato, gravação, a animação propriamente dita, revelação do filme, passagem para vídeo e dublagem, entre outros trabalhos. As etapas, depois de feitos todos os desenhos, levava mais de uma semana.
“Hoje faço em uma tarde isso tudo com uma câmera. A animação virou uma forma de expressão, como era uma carta. Você consegue hoje se comunicar através do audiovisual.”
Para quem quer se aventurar pela produção de animação, o diretor recomenda “talento e muita paciência”. “Mesmo com a ajuda da tecnologia, o processo é todo detalhado. Demora muito tempo”, diz Coelho.
“O avanço permitiu que qualquer um conseguisse se expressar como em um estúdio de milhões de dólares. O filme brasileiro que concorreu ao Oscar [O menino e o mundo] custou 300 vezes menos do que o filme que ganhou. Na animação, as chances do Davi são enormes em relação ao Golias.”