A noite até começou bem para o Botafogo. Com a vantagem
do empate, o time não se apoiou na vantagem do empate e partiu para cima do Figueirense. Somente no
primeiro tempo, foram sete boas finalizações a gol. Aos poucos, no entanto, a
carruagem alvinegra virou abóbora, desandou e, o que era para ser um dia de
festa, transformou-se um uma terça de horrores no Estádio Nilton Santos.
Em campo, o time saiu dos trilhos com a lesão de Elvis -
até então o melhor em campo - e sucumbiu à pressão do Figueirense. O gol de
letra de Marcão, nos minutos finais, desatou em uma série de acontecimentos
lamentáveis. Das arquibancadas, vieram os gritos de reprovação. Chamado de “burro”,
René Simões foi o principal alvo, ao lado do meia Tomas.
Após a partida, alguns torcedores ainda tiveram de
aturar uma provocação do goleiro Felipe, reserva do Figueirense. Ex-jogador do
Flamengo, o atleta imitou o gesto de choro e causou a ira de muitos alvinegros.
Eliminado da Copa do Brasil, o vice de futebol, Antônio
Carlos Mantuano, não aturou as provocações do técnico Argel Fucks e perdeu a
linha. Suspenso, o treinador do time catarinense acompanhou o jogo da tribuna
e, segundo relatos, provocou o dirigente do Botafogo. Transtornado, Mantuano
tentou agredir Argel na entrada do vestiário e precisou ser contido por
seguranças e policiais.
- Não vai tirar onda aqui, não – gritava um enfurecido Mantuano,
com o dedo em riste.
Sobrou para o jogador Yago, do Figueirense. Ao tentar
acalmar os ânimos, o atleta foi empurrado, bateu as costas em uma grade do estádio
e se machucou. O dirigente alvinegro ainda tropeçou, caiu no chão e passou mal. De acordo
com o presidente Carlos Eduardo Pereira, Mantuano teve uma queda de pressão e
precisou ser atendido pelos médicos do Botafogo.
Alheio à confusão, o técnico René Simões elogiou a
atuação do time, mas criticou a falta de atenção no fim do jogo que levou ao
gol do Figueirense. O técnico frisou não se sentir
ameaçado, mas reconheceu que dias difíceis virão.
- Treinador só tem uma certeza, que é a incerteza do cargo. Mas
não me sinto pressionado, me sinto trabalhando. O momento é difícil, falei para
os jogadores no vestiário que a temperatura subiu. Agora é a hora de mostrar
quem é cascudo para seguir em frente - disse René.
A liderança da Série B do Campeonato Brasileiro dá
credibilidade ao trabalho de René Simões, mas a sequência do trabalho é
incerta. Abatido e visivelmente aborrecido com a situação do time, que não
marca há três jogos e venceu apenas um das últimas seis partidas -, o próprio
presidente Carlos Eduardo Pereira gerou um clima de incerteza aos ser indagado,
duas vezes, sobre a permanência do treinador.
- Eu continuo, a diretoria continua, e, sobre o departamento
de futebol, vamos conversar nesta quarta, como sempre fazemos após as partidas.
Vamos ouvir o René e ver o que aconteceu. Vamos conversar com o Lopes e agir
com tranquilidade. Hoje é um momento de muita tristeza. Estou muito aborrecido,
muito decepcionado. Estamos nos empenhando profundamente para dar todas as
condições para a equipe de futebol. Então vamos deixar para amanhã, conversar
com a comissão técnica, com tranquilidade. Não vamos tomar nenhuma decisão
precipitada ou agir sem tranquilidade... Não vamos tomar decisões de cabeça
quente - disse o presidente.