Rio

'Quando acordei tinha 33 caras em cima de mim', diz menina que sofreu estupro coletivo

Polícia identificou quatro envolvidos no crime; imagens foram divulgadas em redes sociais
A menor de idade que foi vítima de estupro coletivo deixa o Hospital Souza Aguiar, acompanhada da mãe Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo
A menor de idade que foi vítima de estupro coletivo deixa o Hospital Souza Aguiar, acompanhada da mãe Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

RIO - A menina de 16 anos que foi vítima de um estupro coletivo em uma comunidade da Zona Oeste foi levada na manhã desta quinta-feira para o setor de ginecologia do Hospital Maternidade Maria Amélia, que é anexo ao Souza Aguiar, para fazer exames. A polícia já identificou quatro dos criminosos. A vítima passou a madrugada no Instituto Médico Legal e já foi ouvida na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), que investiga o caso. O Ministério Público informou que está acompanhando o caso e que já recebeu 800 denúncias pela ouvidoria. Ao sair do hospital, a jovem, ainda muito abalada, disse que foi dormir na casa do namorado, na última sexta-feira, e só acordou no domingo.

— Quando acordei tinha 33 caras em cima de mim— disse a menina, que tentou diversas vezes fugir do hospital — Só quero ir para casa.

Aos choros, o pai da menina, que pediu para não ser identificado, disse que ela teria ido a um baile funk no Morro São José Operário, em Praça Seca, na última sexta-feira.

— Ela foi num baile, prenderam ela lá e fizeram essa covardia. Bagunçaram minha filha. Quase mataram ela. Estava gemendo de dor. Ficou tão traumatizada que só conseguia chorar.

A avó da vítima, em entrevista à rádio CBN, disse que ela teria sofrido um apagão durante os abusos.

— O vídeo é chocante, eu assisti. Ela está completamente desligada. Ela tem umas coleguinhas lá, mas nessa hora nenhuma apareceu. Eles, inclusive, postaram diversos comentários a respeito, todos eles irônicos.

As imagens do estupro coletivo causaram revolta nos internautas. A hashtag #Estupro chegou a entrar nos trending topics do país.

Post no twitter que compartilhou o vídeo da menina que sofreu estupro no Rio Foto: Reprodução
Post no twitter que compartilhou o vídeo da menina que sofreu estupro no Rio Foto: Reprodução

O homem que postou na internet o vídeo teve a conta excluída do Twitter. Nas imagens, a menina, que aparentemente está dopada, tem suas partes íntimas exibidas. O rosto de um dos agressores também aparece.

COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS ACOMPANHA O CASO

O deputado Marcelo Freixo (PSOL), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), está acompanhando o caso da menina, que só reapareceu nesta quarta-feira.

— A comissão vai acompanhar o caso para garantir todo o atendimento à menina. Ontem (quarta-feira), a acompanhamos para fazer o exame de corpo de delito. Tentamos falar com ela, mas está muito abalada e sem condições de falar. Vamos garantir que ela tenha acompanhamento psicológico — disse o deputado.

Em nota, a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Câmara Municipal do Rio de Janeiro (CDDH) informou que exige rapidez e rigor na apuração e identificação dos envolvidos no crime.

" Trata-se de um ato de barbárie e covardia. A agressão a esta jovem é também uma agressão a todas as mulheres. Estamos assistindo crescente desumanização e desrespeito ao outro. As maiores vítimas têm sido as mulheres. Nossa solidariedade à jovem violentada, à sua família e a todas as mulheres", diz a nota assinada pelo vereador Jefferson Moura (Rede).

LEIA MAIS:

Estupro coletivo no Rio repercute na imprensa internacional

Adolescente luta para superar trauma de estupro coletivo na Praça Seca

Consentimento não interfere em caso de estupro de vulnerável, decreta STJ

Justiça do Piauí condena menores a cumprir internação por estupro coletivo

Exigências fora da lei dificultam acesso a aborto após estupro, diz pesquisa