Ao todo, serão menos de 40 horas no Brasil, mas a passagem de
Ingrid Oliveira pelo Rio de Janeiro antes do embarque para o Mundial de
Esportes Aquáticos de Kazan, na Rússia, tem servido para a saltadora de
19 anos começar a ter uma ideia da popularidade que ganhou. Após
roubar a cena nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, onde se viu em grande
polêmica por uma foto postada na internet, caiu feio em sua primeira
apresentação e depois se recuperou com a medalha de prata na plataforma
sincronizada - ao lado da companheira Giovanna Gomes. A atleta, que já
vinha recebendo bastante reconhecimento por meio de suas redes sociais,
pôde sentir um pouco do carinho dos brasileiros pessoalmente. E não
teve dúvidas em afirmar: cara a cara, as pessoas são muito mais
educadas.
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- Está sendo bom. As pessoas não estão sendo
abusadas nem nada. Estão me recebendo com o maior carinho. Na internet,
tem aquela coisa de falarem o que querem, acharem que ninguém nunca vai
saber quem é. Criam até fakes (perfis falsos) para falar besteira.
Pessoalmente, não pode. Até porque eu posso reagir, pegar pelo pescoço,
estrangular (risos) - afirmou em tom descontraído a saltadora.
O
reconhecimento no retorno foi imediato. Os primeiros pedidos por selfies
vieram ainda no aeroporto, no desembarque com a equipe brasileira dos
saltos ornamentais na tarde desta quarta-feira. Mais tarde, uma ida ao
cinema e mais assédio. Nesta quinta, esteve na sede do seu clube, o
Fluminense, para atender a imprensa e receber os cumprimentos do
presidente Peter Simsen. Grudada em sua medalha, voltou a ser muito
requisitada para fotos. Situação um pouco assustadora, ela confessa, mas
bastante saborosa.
- É bem novo. Estou meio
assustada ainda. Não caiu a ficha de que agora eu sou uma pessoa vista
por todo mundo. Que as pessoas têm noção de quem eu sou, que eu faço
esporte, que sou atleta. É meio confuso ainda para mim. Mas é bem legal o
carinho do pessoal... Criaram até um fã clube na internet. Eu segui a
página e as meninas ficaram agradecendo, mandando força. É bem
gratificante.
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Além do assédio, o status alcançado por Ingrid após
o Pan aumenta também a responsabilidade. Algo que ela tem consciência.
Nas escolinhas de saltos ornamentais do Fluminense, já é uma referência
para os mais novos e sabe é importante dar bons exemplos.
- Isso é
uma coisa que a nossa técnica sempre cobrou muito. Treinamos ao lado de
várias crianças e acabo servindo de inspiração para elas. Por exemplo,
eu tenho mania de me enxugar o tempo todo. E tem um garoto aqui que
pegou essa mania de mim. Eu sirvo de espelho para eles e sei que tenho
que dar o melhor exemplo possível.
Outro item que
normalmente acompanha o pacote da fama é o retorno financeiro. Até o
momento, as propostas para patrocínio e apoio ainda foram pequenas. Mas
Ingrid espera que cresçam em breve, até porque os saltos ornamentais
ainda não é uma modalidade que possibilita grandes rendimentos aos
atletas.

- Espero um retorno (financeiro) também. Até
porque está bem difícil. Os saltos tiveram uma valorização grande nos
últimos tempos, com o Saltibum (quadro do programa Caldeirão do Huck),
agora Toronto, nossa medalha. Espero que sejamos mais valorizadas pelos
patrocinadores, como a natação. Tenho vários amigos que são nadadores e
já contam com patrocínio. Ainda lá no Pan, uma pessoa disse que tinha
alguém interessado em me patrocinar. Mas ainda não consegui contato.
Quando voltar do Mundial vai ser mais tranquilo para ver essas coisas.
Ingrid
e a equipe brasileira de saltos ornamentais embarcam nesta sexta-feira
para Kazan. O Mundial de Esportes Aquáticos começa no próximo dia 24 de
julho. Além dos saltos, serão disputados ainda polo aquático, nado
sincronizado, salto de penhasco, maratona aquática e natação.
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