Mundo

Ex-ditador panamenho Noriega quebra silêncio de 19 anos: ‘Quero pedir perdão a todos’

Líder centro-americano cumpre penas por assassinato, lavagem de dinheiro, corrupção e apropriação indébita
Noriega fala na TV panamenha Foto: CARLOS JASSO / REUTERS
Noriega fala na TV panamenha Foto: CARLOS JASSO / REUTERS

CIDADE DO PANAMÁ — Quase 20 anos após sua última entrevista — ouvido por Larry King em 1996, em Miami —, o ex-ditador panamenho Manuel Noriega quebrou o silêncio. Em rápida entrevista concedida à rede Telemetro, ele pediu desculpas aos compatriotas após refletir sobre suas ações no poder, marcadas pela perseguição e escândalos financeiros.

Noriega disse que sentiu um “desejo sincero de fechar o período militar do país”, época que devastou recursos econômicos do país e matou centenas de pessoas.

—Quero fechar o ciclo como o último comandante do grupo a pedir perdão — disse o ex-ditador, 81 anos. — Peço desculpas a todos aqueles ofendidos, afetados, machucados ou humilhados por minhas ações ou as de meus superiores e subordinados durante o regime. Estou em paz comigo mesmo.

Noriega não entrou em discussão sobre os vários abusos pelos quais foi condenado, como o desaparecimento e o assassinato de líderes opositores. A ditadura local durou três décadas. O aprofundamento da crise levou à invasão americana, que poderia ter deixado milhares de mortos.

A última entrevista de Noriega foi em 1996, para Larry King, na CNN. Ele havia sido preso por soldados americanos após ser considerado um facilitador do tráfico de drogas na Colômbia. Ele foi extraditado para a França, subsequentemente, para cumprir prisão por lavagem de dinheiro. O fim de sua sentença de 60 anos vem sendo cumprido no país natal, onde serve penas por assassinato, corrupção e apropriação indébita.

Uma crítica levantada pelo público panamenho foi a de que Noriega estaria demonstrando arrependimento para poder cumprir o resto da pena em regime domiciliar.

— O problema de Noriega é que não é possível saber o que é verdade e o que não é — criticou R.M. Koster, escritor americano que biografou o ex-ditador.