Apresentadores falam das primeiras lembranças do Hoje, que faz 45 anos

Evaristo Costa e Sandra Annenberg na bancada do Jornal Hoje em 2014 (Foto: Paulo Cardel/TV Globo)

Evaristo Costa e Sandra Annenberg apresentam atualmente o telejornal (Foto: Paulo Cardel/TV Globo)

Em 21 de janeiro de 1971 ia ao ar pela primeira vez na Globo um telejornal que mesclava noticiário com uma variedade de assuntos culturais, reportagens e entrevistas. 45 anos depois, o Jornal Hoje comemora a permanência no ar com a passagem de alguns apresentadores pela sua bancada: de William Bonner a Léo Batista, passando por Pedro Bial, Fátima Bernardes, Mônica Waldvogel , Leda Nagle, e os atuais titulares: Sandra Annenberg e Evaristo Costa. Para marcar a data, o EGO lançou o desafio a jornalistas que passaram pelo JH de buscarem na memória suas primeiras lembranças do telejornal.

Mirian Leitão e Fátima Bernardes na bancada do
Jornal Hoje (Foto: Arley Alves/TV Globo)

ego nas redes sociais

Para Fátima Bernardes, sua primeira recordação do Jornal Hoje vem de muito antes de sua estreia como jornalista. "A primeira lembrança que tenho do Jornal Hoje é como telespectadora, chegando da escola, almoçando e assistindo ao jornal. Desde aquela época, o que me chamava atenção é que ele tinha colunas de moda com a Cristina Franco e de cultura, com Nelson Motta, apresentação da Leda Nagle. Lembro até de uma apresentação anterior com a Marcia Mendes e Sônia Maria. É um jornal que eu realmente assistia e tenho uma lembrança muito forte dele na memória. Além disso, o JH foi o primeiro em que atuei como editora-chefe, em 1996. Foi uma experiência muito diferente, além de apresentar, ter sido editora-chefe desse jornal, que é realmente uma companhia para a hora do almoço." Fátima esteve na bancada até o ano de 1997.

Para Pedro Bial, as lembranças do "JH" também remetem à infância. "As minhas primeiras memórias são de bem menino, quando o Jornal Hoje apareceu, entrou no ar a primeira vez. Na programação era logo depois do 'Agente 86', que eu adorava assistir, do 'Nacional Kid'... Era no início da tarde, com um jeito mais jovial e leve de fazer jornalismo. Coincidiu que anos depois foi ali que eu comecei minha carreira na Globo, no jornalismo como editor do 'JH' e depois conduzindo entrevistas especiais de sábado, que me trouxeram certo destaque. Tenho um carinho enorme, adoro assistir Jornal Hoje até hoje. Hoje é sempre", disse Bial.

Carla Vilhena é outra que se recorda dos tempos da escola quando se fala em Jornal Hoje. "Lembro de quando eu ia para a escola à tarde e acompanhava o jornal na hora do almoço e achava o máximo aquelas mulheres maravilhosas que apresentavam... Leda Nagle, que fez história no jornal, e a Sônia Maria, que era uma apresentadora ao mesmo tempo tão firme e tão doce", recorda Carla. Ela fala ainda de outras apresentadoras que marcaram sua trajetória: "E há outras duplas de apresentadoras que fizeram história no telejornal, como Valéria Monteiro, Cristina Ranzolin, mulheres que apresentavam o jornal que, para mim, era o símbolo dessa presença feminina na televisão. E é o que eu acho do Jornal Hoje, que sempre valorizou muito nós, mulheres", completa ela que ficou na bancada entre 2001 e 2003.

Incentivo a ser jornalista
Para Mônica Waldvogel, que hoje comanda o programa "Entreaspas", da GloboNews, sua primeira memória é marcada por uma das apresentadoras. "Não me lembro exatamente da primeira vez que vi o ‘Jornal Hoje’. Faz muito tempo. Mas me recordo muito bem da apresentadora - a bela Márcia Mendes, de faiscantes olhos verdes. Chegava da escola, almoçava depressa, e me sentava em frente à televisão com a sobremesa para acompanhar o noticiário", conta.

E foi aí que nasceu o sonho da Mônica de fazer a sua carreira no jornalismo. "Sonhava desde então em ser jornalista, estar envolvida na cobertura de palpitantes acontecimentos. Havia então uma pontinha de melancolia: se para ocupar uma bancada como a do JH era preciso tanta beleza e talento, como eu conseguiria chegar lá? Muitos anos depois, quando assumi o posto de âncora e editora-chefe do JH, foi para Márcia Mendes que eu prestei minha homenagem reservada. Por causa dela e do JH foi que decidi trabalhar duro para também chegar lá", se emociona. Mônica assumiu a bancada nos anos de 1997 e 1998.

Não foi como apresentadora do Jornal Hoje que a memória de Renata Vasconcellos ficou marcada, mas foi igualmente importante. "A minha primeira matéria na Globo entrou no ‘Jornal Hoje’. Foi sobre uma exposição do Christian Dior no Brasil. E me lembro do JH com a Leda Nagle e com a maravilhosa Bete Lima e suas colunas de moda." A jornalista assumiu a bancada com a saída de Mônica Waldvogel e antecedeu a estreia de Sandra Annenberg, em 1998.

Leda Nagle e Luisa Lara Resende
(Foto: Nelson Di Rago/Globo)

Treze anos de Jornal Hoje
Foi entre 1976 e 1989 que a história de Leda Nagle e a do JH se fundiram. Por 13 anos, a jornalista ficou à frente do telejornal e por lá fez (a sua) história. Aos sábados, o Jornal Hoje trazia entrevistas com artistas, atletas, políticos e personalidades que estavam em alta. Tudo sob o comando de Leda.

"Naquela época, tudo foi sendo feito com muita espontaneidade... E as entrevistas começaram de uma maneira inusitada e foi acontecendo ao longo dos anos. De certa forma, o que acontecia naquela época é o reflexo da televisão de hoje. Por muito tempo a gente tinha uma postura formal na bancada. E eu, de certa forma, contribuí para a quebra dessa formalidade. Hoje, a forma de se fazer jornalismo, de se fazer entrevista, está muito mais perto daquilo que eu fiz há alguns anos, e que começou se perpetuou", analisa Leda que apresenta há 20 anos o programa de entrevistas Sem Censura, na TV Brasil.

E, no seu farto currículo de entrevistadora, Leda tem uma preferida. "A entrevista mais importante foi com certeza a com o poeta Carlos Drummond de Andrade, mas assim como várias outras. As entrevistas eram muito disputadas, porque as pessoas queriam e gostavam de ir. Elas se sentiam muito honradas em estar participando. Eu gostava muito... Fazia porque todo mundo tinha prazer em fazer: eu de entrevistar e o convidado de estar ali", relembra.

Sobre ter se tornado inspiração para tantas outras apresentadoras do JH, como Carla Vilhena e Renata Vasconcellos, Leda Nagle se sente lisonjeada. "Eu sinto um carinho enorme e muito feliz. Nem imaginava que, em algum momento da minha carreira, eu seria inspiração para outras pessoas. É muito prazeroso, mas nunca tive essa pretensão de alguma forma influenciar alguém."