Política

Decisão de Cunha adia depoimento de investigado em CPI das Próteses

Ato do presidente da Câmara impediu que comissão ouvisse empresário acusado no esquema de fraudes em cirurgias

BRASÍLIA - Uma decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), impediu que a CPI das Próteses ouvisse na tarde desta quarta-feira o depoimento de um dos investigados pela comissão. Cunha deferiu um recurso de Miguel Iskin, da empresa Oscar Iskin, e lhe concedeu um prazo maior para atender à convocação da CPI. Com a decisão, o depoimento só poderá ocorrer na próxima semana. Pelo cronograma de trabalho, porém, a próxima semana estaria reservada para a apresentação do relatório final, uma vez que o prazo para o encerramentos do trabalho é 17 de julho.

A CPI tem como origem reportagem do programa Fantástico, da TV Globo, que mostrou negociações entre médicos e representantes de empresas para a realização de cirurgias de implantação de próteses, mesmo sem necessidade. A Oscar Iskin é uma das maiores empresas do ramo e um representante dela está entre os que aparecem na reportagem oferecendo vantagens aos médicos que realizarem cirurgias utilizando a prótese da marca. A empresa demitiu o vendedor que apareceu na gravação.

A decisão de Cunha foi questionada em plenário pelo deputado Sílvio Costa (PSC-PE). O parlamentar afirmou que a CPI estava desde seu início, em março, realizar o depoimento e reclamou da decisão do presidente.

— Vossa Excelência vai ter que explicar porque está protegendo bandido – disse Costa.

Cunha afirmou que o regimento dá à Presidência da Câmara caráter recursal e que apenas atendeu o pedido de mais prazo. Reiterou que o depoimento poderá ser realizado na próxima semana.

– Não estou protegendo ninguém. Respeite a Presidência – respondeu Cunha para o deputado do PSC.

Costa, com o microfone cortado, continuou repetindo do plenário, aos gritos, a acusação de que o presidente da Câmara teria protegido o empresário.