Vivinho era jogador de futebol, pai, avô, pastor e ídolo. Uma figura
pública, mas que nunca deixou suas raízes de lado. Natural de Uberlândia, Minas
Gerais, despontou no futebol aos 21 anos, e seguiu carreira com belos gols pelos clubes por onde passou. Mesmo com a fama, colocava a família em
primeiro lugar.
O filho Welves Dias Marcelino Filho, o Vivinho Filho, carrega o nome do
pai. Tentou ser jogador de futebol profissional, mas preferiu voltar para casa
na cidade do Triângulo Mineiro. Hoje com família constituída, disputa o
Campeonato Amador de Uberlândia e leva o nome do pai por onde passa.
– Era um espelho que eu tinha. Acabei não dando
certo no futebol profissional e voltei para casa. Infelizmente eu não queria
estar neste dia aqui. Mas foi o ciclo natural da vida, o filho enterrando o
pai. Para mim e para muitos, é um dia muito ruim, mas para Deus é um dia muito
especial. Eu tenho certeza absoluta, pela pessoa que ele era, pelo carinho que
ele tinha com a família, que está em um lugar melhor que o nosso.
Só tenho a agradecer ao meu pai – contou.
Imagem boa que o eterno ídolo de Vasco e Uberlândia passava
com um sorriso no rosto. Alegria contagiante e ensinamentos de um pai que serão
levados para outras pessoas. A filha dele, Paula Marcelino, contou que
conversou com Vivinho no sábado, um dia antes de morrer, e que não teve tempo de
dizer o quanto era feliz ao lado dele.
– Para mim, era meu ídolo, por tudo que representou no
esporte, na igreja, eu tenho muito orgulho de ser filha dele. Não deu tempo de falar o quanto eu era feliz por ser filha dele. O quanto ele foi
importante na minha vida, mesmo distante. Mas ele vai ter sempre um lugar no
meu coração, vou sempre lembrar do sorriso dele, que ia de orelha a orelha, e
vou levar tudo que ele me ensinou. A última vez que eu falei com ele foi
sábado, ele disse: "Filha, você confia em Deus? Então, aquieta seu coração que
a minha vida eu já entreguei a Ele. Ele está cuidando de mim" – contou emocionada.
Simplicidade que o amigo de infância Nivaldo Cecílio recorda bem. Sempre
que o ex-jogador ia a Uberlândia, os dois se encontravam juntamente com
outros amigos. Futebol era o que ele queria jogar. Segundo Nivaldo, já tinham
planos até para o final do ano, quando iriam passar as férias em uma chácara.
– Desde que eu o conheço, quando tínhamos 12, 13 anos, é aquilo que
vocês conhecem: sempre rindo, brincando. Nossa brincadeira era andar no brejo e
pegar rã, matar passarinho. Do Uberlândia foi para o Vasco. Mas ele nunca perdeu as origens dele. Ele vem
aqui e quer fazer tudo o que fazia antes. Sempre pedia para marcar um racha
para ele jogar. Passamos as melhores férias de janeiro com ele agora. Parece
que estava até despedindo, porque ele nunca tinha passado um mês aqui. Fizemos
vários jogos no fim do ano. Queria era jogar bola. O negócio dele era futebol –
contou.
Vítima de uma embolia pulmonar, Vivinho faleceu na manhã de domingo, em
sua residência, no Rio de Janeiro. O ex-jogador estava se recuperando de uma
cirurgia no nariz e de um afundamento da face após choque com o goleiro em um
jogo de máster na cidade de Altamira, no Pará. Vivinho foi sepultado nesta
terça-feira, no cemitério Bom Pastor, em Uberlândia, e deixa esposa, quatro filhos e dois netos.