Política

Em entrevista a rádio, Lula diz que disputará eleições de 2018 ‘se for necessário’

Ex-presidente reafirma intenção à candidatura; e admite erros na condução da economia

O ex-presidente Lula
Foto: Ailton de Freitas/14-08-2015 / Agência O Globo
O ex-presidente Lula Foto: Ailton de Freitas/14-08-2015 / Agência O Globo

SÃO PAULO — O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, na manhã desta sexta-feira, que “se for necessário” vai disputar as eleições presidenciais de 2018. Em entrevista à Rádio Itatiaia, de Minas Gerais, ele disse que vai passar a ter uma atividade política mais intensa a partir de agora, viajando pelo país, reconheceu que o PT cometeu erros na condução da política econômica, defendeu punição a quem cometeu desvios no esquema da Lava-Jato e criticou as tentativas da oposição de derrubar a presidente Dilma Rousseff.

Ao ser perguntado se seria candidato em 2018, Lula evitou se colocar na disputa e disse esperar que outros nomes fortes apareçam dentro do partido:

— Sinceramente, não posso dizer que sou ou que não sou (candidato). Espero que tenham outras pessoas para serem candidatas. Agora, se a oposição pensa que vai ganhar, que não vai ter disputa, que o PT está acabado, pode ficar certo o seguinte: se for necessário, eu vou pra disputa e vou trabalhar para que oposição não ganhe as eleições.

Esta não é a primeira vez que o ex-presidente cogita voltar a se candidatar. Ano passado, em 2014, em Caxias do Sul, o ex-presidente declarou não descartar seu retorno, para evitar que 'retrógrados voltem ao poder'. Ainda durante a campanha da então candidata à reeleição Dilma Roussef, o presidente do PT Rui Falcão lançou o nome de Lula para 2018 .

Lula concedeu a entrevista durante visita a Montes Claros, no interior de Minas Gerais, onde começou, na quinta-feira, uma série de viagens para discutir o momento vivido pelo país. Segundo o ex-presidente, um dos seus objetivos é popularizar o Plano Nacional de Educação, aprovado ano passado no Congresso com as diretrizes para o ensino do país até 2024. O ex-presidente afirmou que as viagens também devem marcar uma presença maior dele na imprensa:

— Vou voltar a falar, vou voltar a dar palpite nas coisas porque eu vejo muita gente que já governou esse país, que já foi deputado, governador, que não fez nada e agora fica dando palpite como se fosse salvador da pátria. Então pode ficar certo o seguinte: o Lula vai voltar a ter uma atividade política mais intensa. Vou viajar o Brasil e quero disputar com eles no campo das ideias.

Assim como a presidente Dilma havia feito no início da semana, Lula admitiu que o governo federal errou na economia:

— Lógico que teve erro. Se não tivesse erro não teríamos chegado onde nós chegamos, e a Dilma reconhece que teve erros. Acho que houve alguns equívocos na questão econômica e que Dilma tentou consertar quando propôs o ajuste fiscal. A Dilma fez essa correção e trabalha com a ideia que vamos ter 2015 sofrido, mas, em 2016 começa a melhorar.

Durante a entrevista, Lula foi questionado sobre a Operação Lava-Jato. Ele voltou a dizer que não sabia que havia um esquema de desvio de dinheiro na Petrobras, defendeu que Dilma também não tinha informações sobre a corrupção da estatal e cobrou punição de políticos do PT e de outros partidos que cometeram equívocos:

— Acho que o PT cometeu desvios porque o PT passou a fazer política igual aos outros partidos. O PT era pra ser diferente de verdade. Mas os erros aparecem. E aí o PT começa a pagar. Serão punidos todos que errarem.

Lula também criticou a oposição e os pedidos de impeachment:

— Acho que a oposição tem que ter paciência. A oposição precisa parar de resmungar, precisa parar de xingar a presidenta. Ela tem que torcer para que esse país melhore, volte a crescer pra viver em paz, não pode querer antecipar mandato. Até porque o povo não aceita golpes. Ninguém quer mais golpe nesse país. Quem quiser ser candidato à Presidência da República que espere até 2018.

Sobre o pedido de impeachment contra Dilma, Lula disse não acreditar que ele vá adiante, e pediu para que a população espere o mandato terminar para avaliar o segundo mandato da presidente.

RUI FALCÃO

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou nesta sexta-feira que existe um “desejo muito grande” do PT de que Lula concorra à Presidência da República, mas que a decisão só será tomada em 2018.

— Eu ouço no povo, na militância do PT, um desejo muito grande de que ele seja (candidato). Mas, daí, voltar ou não é uma decisão para 2018 — disse o petista.

Desde o ano passado, o retorno de Lula tem sido cogitado pelo PT é lembrado pelo próprio ex-presidente.

— Lula tem dito duas coisas: não quero ser como o Schumacher (piloto de F1), fez o que tinha de fazer, voltou e não teve uma pole position. E a outra é: se ficarem me enchendo o saco, eu volto — falou Falcão.

Para o dirigente petista, no entanto, não é essa antecipação eleitoral que tem acirrado a campanha contra Lula e sim tentativas de “destruir o PT e destruir o Lula”.