Edição do dia 03/07/2015

04/07/2015 01h09 - Atualizado em 04/07/2015 01h09

Polícia Federal está de olho nas compras irregulares de ritalina

Medicamento que melhora a concentração virou febre entre estudantes.
Remédios podem ser falsificados ou roubados.

Renata KerberFlorianópolis, SC

A negociação de vendedores de remédios e estudantes de cursinhos e de universidades está se tornando cada vez mais comum. Por trás de uma rotina exaustiva de estudos um segredo para dar conta dessa maratona. Eles estão turbinando o cérebro com o uso de um remédio altamente controlado, que tem o efeito parecido com o da cocaína.

Mas quais são as conseqüências disso? Quais são os perigos de se arriscar tanto pelo emprego dos sonhos ou uma vaga na faculdade? “Hoje tem praticamente uma febre entre os estudantes de vestibular e concurso público com essa crença de que tal substância vai melhorar a chance de ele ser aprovado no concurso. Isso não é verdade”, disse o psiquiatra Marcos Zaleski.

O remédio conhecido como ritalina tem como princípio ativo o metilfenidato, recomendado para quem tem transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. A substância eleva os níveis de dopamina, que é um neurotransmissor associado ao prazer, estimula a atividade cerebral e aumenta a capacidade  de concentração.

O problema é que tem muita gente se automedicando e recorrendo ao mercado negropara conseguir o produto. Em uma rede social, uma mulher da Bahia oferece ritalina a pronta entrega. “ Há grandes possibilidades de ser o medicamento falsificado ou resultado de cargas roubadas, que não se tem idéia de como foi armazenado”, declarou 
Raquel Bittencourt, diretora da Vigilância Sanitária de Santa Catarina.

Remédio podem ser enviados pelos Correios, desde que acompanhados e nota fiscal e de receita médica. Mas nem sempre é o que acontece. “Nós não temos estrutura suficiente para dar conta disso”, afirmou Gustavo Trevisan, delegado da Polícia Federal.

O Ministério da Saúde não tem um levantamento sobre o uso da ritalina por região, mas uma pesquisa da Universidade estadual do Rio de Janeiro mostrou que o uso do medicamento cresceu quase  800% nos últimos dez anos no Brasil.