Ela Decoração

Vasos animados que parecem com bichos, monstros e até com o David Bowie estão com tudo

Designer chilena ganha espaço no Rio com vasinhos que remetem a raízes de plantas
Artesanal. A produção dos vasos de María começa na casa da própria designer. São cerca de 70 peças vendidas por mês Foto: Fernando Lemos
Artesanal. A produção dos vasos de María começa na casa da própria designer. São cerca de 70 peças vendidas por mês Foto: Fernando Lemos

RIO - Tem quem ache que o formato parece o de tetas de uma vaca. Há os que já disseram por aí também que mais parece um dente. Curioso é que as comparações fazem um certo sentido. Quando criou os vasos que hoje são sua marca registrada, a designer e artesã chilena María Paz Yachan buscava uma forma, acima de tudo, orgânica. Mas ela explica que nenhum desses dois formatos serviu de inspiração. María estava atrás de fluidez, algo que fosse uma espécie de continuação das raízes das plantas. O projeto deu tão certo que, em pouco mais de um ano desde o seu início, os produtos ganharam espaço em lojas de decoração e design como a Novo Desenho, do MAM, ou a Collector, e-commerce de São Paulo.

Foi assim que a designer de 33 anos conseguiu abandonar de vez o trabalho formal para se dedicar aos seus próprios desenhos e à cerâmica, criando a Paz! Design. Ela achava que, por ser estrangeira e morar no Brasil há apenas três anos, a aceitação talvez fosse mais difícil aqui. Estava enganada. Nos últimos meses, a arte de Maria apareceu em programas de TV, como “Decora”, do GNT, num dos projetos assinados pelo arquiteto Marcelo Rosenbaum, e nas vitrines de uma grande cadeia de lojas.

— Acho que o brasileiro consegue se conectar mais facilmente com as emoções, e talvez meu trabalho transmita isso. Ele é feito com o coração, tem uma clara inspiração na natureza. Foi a primeira vez na vida que decidi me dedicar a um projeto só meu, sem a história de trabalhar numa agência formal, como designer. E vem dando certo — conta.

Eventos como Junta Local e Feira Hype ajudaram muito no início. Foi a partir da participação neles que o trabalho de María começou a ficar conhecido no Rio. Hoje, por mês, são cerca de 70 vasos vendidos para todo o Brasil. Os próximos passos incluem investir em mercados internacionais, como Canadá, onde a designer morou antes de vir para o Brasil, e Espanha. Nos dois países, ela vem conversando com possíveis compradores.

— Estou agora me preparando para passar os próximos dois meses em Montreal. Morei lá antes de vir ao Brasil, e foi no Canadá que aprendi a mexer com cerâmica. Meu plano é passar um tempinho de novo no país para desenvolver outros produtos e expandir a arte para além dos vasos — explica María. — Tenho umas cinco ideias do que quero criar. Uma delas é uma luminária, porque sou apaixonada por iluminação. A outra é um jogo de pratos para petiscos no mesmo conceito dos vasos, seguindo suas formas orgânicas. Quero voltar com os protótipos e começar a produção um mês depois.

Parceria. Os vasinhos que são a marca registrada de María em edição especial, com a arte da argentina Miriam Brugmann Foto: Fernando Lemos / Agência O Globo
Parceria. Os vasinhos que são a marca registrada de María em edição especial, com a arte da argentina Miriam Brugmann Foto: Fernando Lemos / Agência O Globo

Não será a primeira vez em que o trabalho da designer vai se estender para além dos vasos. Nas vitrines de todas as lojas do Cantão, desde fevereiro, há tijolinhos feitos à mão por María. Em três semanas, ela produziu nada menos que cinco mil peças para compor os cenários.

— Foi uma loucura, mas foi uma delícia ver o resultado. Eles queriam algo que remetesse a Nova York, e eu sugeri que o tijolo terracota viesse pintado com as pontas brancas, para dar a ideia de neve, frio... Como o tempo era curto, formei uma equipe com duas amigas ceramistas. Nesse tempo, eu mal consegui ver meu marido — ri.

Para a gerente de branding do Cantão, Mariana Egert, María Paz acabou sendo uma inspiração para a marca.

— Nesta coleção, chamada Novos Artesãos, falamos dos jovens que vêm optando por um novo estilo de vida e que reinventam trabalhos manuais tradicionais. É exatamente o caso da Maria. — explica Mariana. — Depois de conhecer sua arte, resolvemos levá-la para falar com os funcionários num treinamento interno, e todo mundo se apaixonou. Tanto pela María quanto pelo seu trabalho.

A produção dos vasos é toda feita na casa da própria designer. Depois, os produtos passam pela queima num ateliê no Centro. Os preços finais vão de R$ 50 a R$ 180.

— Tudo depende do tamanho, do acabamento... Há opções em terracota com as pontas pintadas de branco. Ou em branco com as pontas pintadas em celeste, verde, amarelo, vermelho ou azul — diz María.

A designer começou com modelos lisos, apenas com os pés pintados, mas nos próximos dias lança uma coleção especial em parceria com a argentina Miriam Brugmann. Nas dez peças que as duas desenvolveram, aparecem os desenhos de Miriam, em versões coloridas e em preto e branco.

TENDÊNCIA

Quando criou o seu Estudio Gambare (www.estudiogambare.com.br), que tem uma coleção de vasos-monstrinhos, o designer Kim Kurosawa conta que não fazia ideia do sucesso que faria. Na mesma linha fofura segue Miriam Brugmann (mirubrugmann@gmail.com), com produtos em formato de gato, raposa, urso... Paula Izzo, da Fora da Caixa (paula@foradacaixa.art.br), é a responsável pelo pelo vaso-David Bowie, feito a partir de um porta-ovo.


Bowie. Os vasinhos da Fora da Caixa
Bowie. Os vasinhos da Fora da Caixa
Bichos. Fofuras de Miriam Brugmann
Foto: Divulgação
Bichos. Fofuras de Miriam Brugmann Foto: Divulgação
Monstros. Modelo feito pelo Estudio Gambare
Foto: Divulgação
Monstros. Modelo feito pelo Estudio Gambare Foto: Divulgação