Ministeriáveis apontados por Michel Temer Foto: Montagem/O GLOBO

Confira o perfil dos ministeriáveis de Temer

Vice tem conversado com referências para compor seu eventual Ministério

por O Globo

RIO - Apesar de não ter convidado formalmente ninguém para integrar seu eventual governo, Michel Temer adiantou ao GLOBO que cogita Henrique Meirelles, para ocupar o Ministério da Fazenda; José Serra, para a área social, provavelmente no comando da Educação; Mariz de Oliveira, na Justiça; Eliseu Padilha, na Casa Civil e Geddel Vieira Lima, na articulação política.

Em entrevista ao colunista Jorge Bastos Moreno , o vice disse ter ficado "muito bem impressionado" com a conversa que teve com Henrique Meirelles, sondado por ele para ser ministro da Fazenda. Sobre a área econômica, Temer deixou escapar que ele escolheria o ministro do Planejamento, mas delegaria "ao Meirelles" o direito de indicar o presidente do Banco Central e outros integrantes da equipe. Também disse que pretende ter no máximo 25 ministros.

Quanto aos outros ministérios que serão indicados pelos partidos aliados, Temer tem algumas exigências:

— Que tenham familiaridade com a área, com competência demonstrada no setor e de nomes reconhecidos e respeitados.

Ministério da Fazenda: Henrique Meirelles

Henrique Meirelles, ex-presidente do BC - Agência O Globo

Foi o mais longevo presidente do Banco Central. Ocupou o cargo no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, entre 2003 e 2010, e esteve, portanto, no comando do BC no auge da crise econômica de 2008. Em 2002, então filiado ao PSDB, foi eleito deputado federal pelo estado de Goiás, mas não exerceu o mandato para assumir o comando do BC. Na época, também deixou o PSDB, partido de oposição ao governo, para ocupar o posto. Em 2004, o cargo de presidente do BC passou a ter status de ministro. Beneficiado pela medida provisória editada por Lula, Meirelles passou a ter foro privilegiado, após se tornar alvo de denúncias de sonegação de patrimônio. Havia a suspeita de que ele fraudara contratos de empresas no Brasil e no exterior. O inquérito, no entanto, foi arquivado pelo STF em 2010. No mesmo ano, foi cotado para ser o vice na chapa de Dilma Rousseff nas eleições presidenciais e se filiou ao PMDB, mas perdeu o posto para Michel Temer. Também foi cotado para se candidatar ao governo de Goiás, mas permaneceu no BC. Foi ainda presidente do Conselho Público Olímpico (CPO), órgão criado para coordenar as obras para as Olimpíadas de 2016, mas se afastou do posto em 2015 alegando que passaria a cuidar de"questões ligadas à sua atividade". Antes de entrar para a política, Meirelles seguiu carreira no setor financeiro, noBank of Boston. Hoje, é filiado ao PSD e preside o conselho de administração da J&F

Casa Civil: Eliseu Padilha

Ex-ministro Eliseu Padilha faz romaria por lideranças de partidos que apoiam o impeachment. Arquivo: 07/12/2015. - Michel Filho / Agência O Globo

Filiado ao PMDB desde a década de 1960, quando o partido ainda era o MDB, é ex-ministro da Aviação Civil. Na Esplanada, era o mais próximo a Michel Temer e foi o primeiro a deixar o governo Dilma, em dezembro do ano passado. Um dos principais motivos para sua saída foi o fato de a presidente ter desautorizado uma de suas indicações para a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Ocupou também o Ministério dos Transportes, no governo Fernando Henrique de 1997 a 2001. Na época, teria apoiado a indicação de Delcídio Amaral (sem partido-MS) para a diretoria de Gás e Energia da Petrobras em 1999, segundo a delação do senador. Foi deputado federal pelo Rio Grande do Sul. Na Câmara, onde assumiu o primeiro mandato em 1995, foi vice-líder do PMDB. Foi eleito prefeito da cidade gaúcha de Tramandaí na década de 1980, e ocupou cargos de secretário dos Negócios do Trabalho, Cidadania e Assistência Social do Governo de Antônio Britto no estado. De 2007 a 2015, foi presidente da Fundação Ulysses Guimarães, ligada ao partido.

Área social (Educação): José Serra

Senador José Serra (PSDB-SP) - Edilson Rodrigues / Edilson Rodrigues/Agência Senado

O tucano já foi governador de São Paulo, de 2007 a 2010, e prefeito da capital paulista, de 2005 a 2006, quando deixou o mandato para concorrer ao governo do estado. Ocupou os ministérios do Planejamento e da Saúde no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Perdeu a disputa pela Presidência em 2002, para Luiz Inácio Lula da Silva, e em 2010, para Dilma Rousseff. Desde 2015, é senador pelo estado de São Paulo. Começou a carreira política na União Nacional dos Estudantes (UNE) na década de 1960. Durante a ditadura militar, ficou exilado na França e no Chile. Na década de 1980, foi um dos fundadores do PSDB.

Secretaria de Governo: Geddel Vieira Lima

Geddel Vieira (PMDB-BA) - Pedro Kirilos / Agência O Globo

É ex-vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa e ex-ministro da Integração Nacional, cargo que ocupou entre 2007 e 2010, no governo Lula. Jamais mudou de partido, pelo qual foi eleito cinco vezes deputado federal sendo líder da bancada da sigla na Câmara em quatro ocasiões. Relatório da Polícia Federal mostra que atuou no banco, na Secretaria da Aviação Civil da Presidência e junto à prefeitura de Salvador para atender a diferentes interesses da construtora OAS tendo pedido, inclusive, recursos à empreiteira para campanhas de aliados no interior da Bahia e para sua própria candidatura ao Senado em 2014, quando foi derrotado na disputa. Liderança do PMDB na Bahia, foi apontado como um dos articuladores contra a aliança entre PMDB e PT nas últimas eleições, quando o diretório baiano votou contra a manutenção da chapa na Convenção Nacional do partido. Administrador de empresas de profissão, exerceu a função de diretor da corretora do Banco do Estado da Bahia (BANEB), entre 1983 a 1984, assessor da Casa Civil da Prefeitura de Salvador, entre 1988 e 1989, diretor da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (EMBASA), em 1989 e presidente na Bahia da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER) em 1990.

Justiça: Antonio Cláudio Mariz de Oliveira

O advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira - Divulgação/STF

É advogado criminalista e defendeu a Camargo Corrêa, seu ex-dirigente Eduardo Leite e fez um parecer para a Odebrecht, atacando nos últimos anos alguns pilares da Lava-Jato. Suas críticas à operação da Polícia Federal são pautadas nos argumentos de falta de imparcialidade do juiz Sérgio Moro e no uso de delações premiadas, entre outros. Mariz, inclusive, assinou manifesto contra a força-tarefa, em texto que a acusa de violar as regras mínimas para um justo processo ao ignorar a presunção de inocência dos investigados. Amigo pessoal de Michel Temer, tem dito na mídia que é preciso acabar com a história de que haverá influência do novo governo para acabar com as investigações, configurando qualquer abordagem das autoridades neste sentido em crime de prevaricação e concussão.