Nos anos de 1980, o Peru tinha uma seleção forte e temida no vôlei feminino mundial, e o Brasil era um grande freguês das peruanas. Potência nos anos de
1980, o país sul-americano quase beliscou o ouro olímpico em Seul 1988, quando
ficou com a prata. Atualmente, o cenário está mais do que invertido, o Brasil é o atual bicampeão olímpico, e as peruanas penam. Sendo assim uma hipotética volta ao tempo na tarde deste sábado pode explicar o triunfo peruano no primeiro set: 25/27. Espantado, o Brasil tratou de acabar com a confusão na cronologia, diminui o número de erros e atropelou as rivais na sequência para ganhar o jogo por 3 sets a 1 (25/27, 25/5, 25/17 e 25/16), com direito a um verdadeiro show no segundo set, vencido em apenas 16 minutos, no Exhibition Centre.
Com duas vitórias em duas partidas, a seleção brasileira embalou nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, aumentou sua liderança no Grupo B, com sete pontos, e aguarda a partida contra os Estados Unidos, nesta segunda-feira, às 22h (de Brasília), para definir o primeiro lugar da chave.
- Eu não jogava naquela fase, mas eu escutei muito falar sobre como era bom o Peru no passado. Mas eu acho que nossa equipe jogou mal mesmo, no primeiro set. Nós iniciamos o jogo muito mal e não podemos deixar que isso aconteça de novo, ainda mais contra os Estados Unidos no próximo jogo - disse a ponteira Jaqueline.
O Brasil contou com uma grande distribuição de bolas da levantadora Macris para vencer. Prova disso é que três jogadoras somaram dois dígitos de pontuação. A principal delas foi a ponteira Fernana Garay, com 16 pontos. A oposta Joycinha (12) e a central Adenízia (11) vieram a seguir.
- O Peru jogou bem no primeiro set e nós cometemos muitos erros. A
partir do segundo set, nós conseguimos encaixar melhor o jogo e saímos
com essa vitória. O time ainda está se entrosando, mas vamos jogar cada
vez melhor - comentou a oposta Joycinha, titular no Pan.
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O jogo
Zé Roberto optou por repetir a formação inicial
do triunfo de estreia contra Porto Rico e colocou Macris, Jaqueline, Fernanda
Garay, Joycinha, Bárbara e Adenízia, além da líbero Camila Brait em quadra. O jogo começou
equilibrado. Era ponto lá e cá, os dois times ainda estavam estudando como
encaixar o saque. Quem encontrou primeiro a tática ideal foram as peruanas.
Elas forçaram o saque, dificultaram o passe brasileiro e ainda contaram com erros da seleção
bicampeã olímpica para dar uma vantagem de três pontos que insistia em ficar no
placar. Jaque, Fê Garay e Adenízia não conseguiam deslanchar em quadra. Do lado
peruano, a ponteira Frias era quem mais virava bola na quadra rival. Na segunda
parada técnica, o marcador apontava 18/16 para o Peru. A partir daí foram várias igualdades no placar, mas o Peru foi quem teve o primeiro set point (23/24). Fê Garay não
queria saber de perder e cravou na quadra rival. Mas a seleção brasileira cometeu mais erros (11 ao todo no primeiro set) e, em um set de 28 minutos, acabou dando Peru, que venceu por 25/27, após Mari Paraíba ser bloqueada.
Quem viu o começo do
segundo set não acredita que eram os mesmos times em quadra. O Brasil simplesmente
foi uma máquina. Sem errar e com aproveitamento excelente, a equipe abriu 12 a
1 no placar em apenas oito minutos. Tudo passou a encaixar, o saque, o passe e
o bloqueio. Também chamava a atenção a variação na distribuição de bolas da Macris.
Joycinha, Fê Garay, Mari Paraíba e Bárbara eram acionadas pela levantadora. As
peruanas, que não esperavam uma reação tão imediata das rivais ficaram atônitas
quando viram o placar assinalar uma desvantagem absurda a favor das bicampeãs
olímpicas. Imagine vencer o primeiro e estar perdendo o segundo por 21/3. E a
lavada foi ainda maior. Com apenas 16 minutos de duração e nenhum erro do
Brasil, o set mais fácil dos Jogos Pan-Americanos acabou em 25/5 para as
brasileiras, que enfim recolocaram a partida nos trilhos.
Soltinhas em quadra, as
jogadoras brasileiras continuaram imprimindo um jogo veloz no terceiro set e
praticamente não errando. A defesa amortecia a bola e facilitava o trabalho de
Macris, que descansara um pouco no segundo set para dar tempo de quadra para
Ana Tiemi. Tudo estava sob controle. As ponteiras peruanas Frias e Leyva não
incomodavam com a mesma intensidade do primeiro set, e o placar apontava 16/7
para o Brasil na segunda parada técnico da terceira parcial, com Fê Garay e
Joycinha lideram a relação de maiores pontuadoras no Exhibition Centre. A primeira,
que havia marcado 12 pontos, acabou sentindo dores na mão esquerda após uma
pancada e deu lugar para Mari Paraíba. As meninas não deixaram cair o ritmo e
precisaram de 26 minutos para enfim estar na dianteira do placar: 25/17 e 2
sets a 1 a favor do Brasil.
Não tinha mais para onde fugir. A vitória haveria de ser
brasileira. Jogando com velocidade e encontrando boas soluções no ataque, a
seleção brasileira caminhou tranquilamente para fechar o quarto set e a
partida. Destaque para o retorno de Fê Garay, que sentiu a mão esquerda no
terceiro set. Ela pontuava de tudo quanto é jeito. Macris encontrou seu espaço
em quadra e municiou muito bem as companheiras. O tempo passou e deu Brasil:
25/16 no set final e vitória em 3 sets a 1.