16/04/2016 06h24 - Atualizado em 16/04/2016 06h26

Ocupação de escolas é legítima, diz secretário de educação do RJ

Antonio Neto reconhece problemas de infraestrutura em 50 colégios.
Titular da Seeduc, no entanto, diz temer politização do movimento.

Gabriel BarreiraDo G1 Rio

Alunos cuidam da limpeza da Escola Estadual Prefeito Mendes de Moraes na Ilha do Governador, na zona norte do Rio de Janeiro. A escola está ocupada pelos estudantes desde o dia 21 de março por melhorias no sistema de ensino e mais verbas  (Foto: Tânia Rego/Agência Brasil)Alunos cuidam da limpeza da Escola Estadual Prefeito Mendes de Moraes na Ilha do Governador, na zona norte do Rio de Janeiro. A escola está ocupada pelos estudantes desde o dia 21 de março por melhorias no sistema de ensino e mais verbas (Foto: Tânia Rego/Agência Brasil)

O secretário estadual de educação do Rio, Antonio José Vieira Neto, afirmou ao G1 que considera legítimo o movimento de estudantes que já ocuparam 40 escolas em todo o estado. Ele disse, no entanto, temer que os interesses do movimento sucumbam a uma "política de enfrentamento" contra o Governo e pediu diálogo.

"Todo movimento de jovens, de estudantes, é sempre legítimo. Se o jovem se propõe a colocar uma questão, ele tem legitimidade nisso. Até porque me alinho com os jovens quando fazem crítica ao modelo do Ensino Médio. Eu trabalho na criação de uma base nacional comum de um novo Ensino Médio que dê ao jovem a centralidade da escola. Isto é um valor enorme", defendeu.

A entrevista exclusiva foi concedida após uma audiência pública no Ministério Público do Rio, na sexta (15), sobre a superlotação de unidades de internação para menores infratores.

Antonio José Vieira Neto, secretário estadual de educação do RJ (Foto: Reprodução/ TV Globo)Antonio José Vieira Neto, secretário estadual de
educação do RJ (Foto: Reprodução/ TV Globo)

Em relação às reivindicações, Neto garante que ao menos uma delas é "ponto pacífico": a eleição para diretores nas escolas. O secretário reconhece, porém, problemas de infraestrutura nos colégios, que levaram os funcionários da educação a entrarem em greve no início de março. Segundo ele, em sua gestão, o número de escolas em "péssimo estado" estrutural caiu de 200 para 50.

"O cenário era muito ruim. Para avançar, a gente precisa de mais investimento e estamos vivendo dificuldades. Pedimos desculpas públicas a sociedade por isso. Mas a gestão pedagógica não parou. Tem recurso para manutenção, para merenda e para transporte, que são o coração da educação", diz.

A partir de segunda-feira (18), Neto disse que vai pôr em prática um cronograma de visitas para encontrar pais, alunos e professores dos colégios ocupados.

Cartaz é visto na grade do Colégio Estadual Amaro Cavalcanti, no Largo do Machado, na zona sul do Rio de Janeiro. A escola está ocupada por estudantes (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)Cartaz na grade do Colégio Estadual Amaro
Cavalcanti, no Largo do Machado, na zona sul
(Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

O titular da Secretaria de Educação (Seeduc) diz que alguns líderes foram demovidos da ocupação por ele, mas que acabaram sendo convencidos a permanecer no local por diretórios acadêmicos de universidades e outras associações.

"O risco que estamos vendo é ver esse movimento submergir numa discussão que é política de enfrentamento. É real, é claro: o jovem milita. Mas se o movimento político contra um governo for colocado como carro de frente vai dificultar a discussão qualitativa. Eu quero propôr a mudança necessária", disse.

Neto garantiu ainda que a secretaria de educação jamais admitiu a entrada de policiais nos colégios ocupados e que a reintegração de posse, determinada pela Justiça, não seria executada por militares. "Temos a determinação de que a polícia fique longe das unidades".

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