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Peter e a tática do banho-maria no Flu

Presidente está, mais uma vez, usando seu tradicional método. Talvez seja o melhor

Por GloboEsporte.com

Coletiva Peter Siemsen - Fluminense Fred (Foto: André Durão)Peter Siemsen em coletiva: tática do banho-maria (Foto: André Durão)

O presidente do Fluminense, Peter Siemsen, é um personagem peculiar. Nos últimos anos, ele tem comandado em relativo silêncio, a reorganização do clube de futebol mais antigo do Rio fora de campo - se valendo dos recursos de Xerém, construindo um CT com recursos próprios (ainda que financiados por um sócio apaixonado), e gerenciando a crise financeira. Em campo, tem patinado - não ganha um título desde 2012. Mas muitos diziam que o Fluminense acabaria com a saída da Unimed. Não acabou.

Nesta segunda, porém, Peter pareceu pisar na bola. Convocou uma entrevista coletiva para dizer que nada tinha a dizer de novo sobre o caso Fred. Na superfície, o dirigente levantou a bola para a cortada alheia. Aqui mesmo, no Globoesporte.com, o jornalista Emiliano Tolivia criticou a indecisão de Peter - questionando, além, a postura de todos os personagens do caso Fred.

Abaixo da linha da maré, porém, há outra leitura. Peter está, mais uma vez, usando sua tradicional tática: a do banho-maria. Foi assim que foi desligando a Unimed, foi assim que cozinhou o vice Mário Bittencourt e outros personagens dos bastidores do clube. Sempre alternando entre fala macia e pragmatismo - deixando que o ritmo dos acontecimentos conduzisse ao ponto desejado por ele.

Fred é só o maior ídolo do século tricolor - tendo participado da célebre arrancada salvadora de 2009 e dos títulos de 2010 e 2012. Ao dizer que entende a insatisfação e espera uma solução - Peter evita o confronto e a desvalorização do ativo. O cartola sabe que Fred não deve ficar no tricolor. Se ficar, sua mera presença terá alto potencial de conflito no vestiário. Será impossível evitar a constante marcação de sua relação com o técnico Levir Culpi.

Pensando pragmaticamente, o Fluminense precisa buscar a melhor maneira de... se desligar do ídolo. E isso não é fácil. Fred não é jovem, tem se contundido bastante e não vem jogando bem. Mas, no deserto de centroavantes do futebol brasileiro, ainda desperta interessados.  Esses interessados, porém, se assustam diante de seu salário - que se aproxima no milhão mensal. Por isso, Peter sabe que terá que negociar - talvez trocando Fred por outros ativos, talvez arcando com parte do seu salário.

A entrevista, no fundo, era desnecessária. Peter podia dizer que não havia nada a acrescentar. Tentar "organizar" o discurso é um equívoco tradicional dos cartolas. O estilo da fala macia com banho-maria gera críticas - mas, nesse caso, talvez seja o melhor caminho para o Fluminense.

*O artigo em questão não traduz, necessariamente, a opinião do GloboEsporte.com; é de responsabilidade de seu autor.