Política

Após ‘atentado’, boneco de Lula volta às ruas escoltado por seguranças e pela PM

Protesto contra a corrupção terminou com bate-boca e xingamentos entre grupos pró e contra o governo; ministro da Justiça foi hostilizado nas proximidades

SÃO PAULO - Após sofrer um “atentado” e ser rasgado na última sexta-feira durante ato em frente à prefeitura de São Paulo , o boneco inflável do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vestido de presidiário — conhecido como “Lula inflado” ou “Pixuleco” — reapareceu na manhã deste domingo na Avenida Paulista. O ato, organizado por movimentos que pedem o impeachment da presidente Dilma Rousseff, ocorreu em frente ao prédio do Tribunal de Contas da União (TCU). O boneco começou a ser inflado por volta das 10h30m e ficou por lá até as 14 horas.

Desta vez, o “Pixuleco” ganhou proteção. Ele foi cercado por grade e “escoltado” por cinco seguranças. O Movimento Brasil Melhor informou que gastou R$ 1.800 com essa estrutura. Duas viaturas da Polícia Militar também acompanharam a manifestação à distância, a pedido da organização. No fim do ato, no início da tarde, houve troca de xingamento e empurra-empurra entre grupos pró e contra o governo Dilma Rousseff.

— A previsão era esvaziar o boneco às 14 horas e fizemos isso. Ninguém nos intimidou — afirmou Cristiane Polo, do Movimento Brasil Melhor.

Um evento registrado numa rede social convocou pessoas para estarem na Avenida Paulista neste domingo para furar o boneco. O objetivo é fazer isso onde ele aparecer. Cerca de mil pessoas confirmaram presença. Um dos movimentos que apoiam o ato com “Pixuleco” atribuiu os focos de tumulto na Paulista a essa organização.

— Eles convocaram pessoas para furar o boneco pelas redes sociais. Eles querem causar confusão — disse Carla Zambeli, do movimento Nas Ruas.

Heduan Pinheiro, do Movimento Brasil Melhor, disse que a próxima aparição do boneco deverá ser em Brasília no dia 7 de Setembro. Ele disse que a programação em São Paulo era de três eventos apenas, e que os ânimos exaltados em torno do ato vão fazer o movimento “pensar duas vezes para fazer um evento extra” na capital paulista.

A ação deste domingo chegou a ser cancelada na sexta-feira após o incidente no centro de São Paulo, quando a estudante de direito Emmanuelle Thomaziello Valerio de Souza, de 20 anos, atingiu o boneco com facadas. O “ataque” chegou a ser filmado e repercutir nas redes sociais . Houve um princípio de confusão, e ela e manifestantes foram levados para a delegacia. Um boletim de ocorrência foi registrado por dano ao patrimônio, mas Emmanuelle, que se declarou filiada ao PCdoB, negou que tivesse esfaqueado "Lula Inflado". O caso está sendo investigado.

Segundo os movimentos responsáveis pelo boneco, o objetivo é levá-lo a cartões postais do país para mobilizar a população para a luta pelo fim da corrupção. A estreia do "Pixuleco" foi em Brasília, no protesto do dia 16 deste mês, quando ganhou fama nas redes sociais.

Na sexta-feira passada, ele fez duas aparições em São Paulo. A primeira foi na Ponte Estaiada, na Zona Sul, e, à tarde, em frente à prefeitura, no centro da cidade. Naquele dia, "Lula Inflado" sofreu rasgos por duas vezes. Antes do ataque no centro, apareceu um furo no pescoço durante o ato na Ponte Estaiada.

"Lula Inflado", de 12 metros de altura, custou cerca de R$ 12 mil, segundo o Movimento Brasil . A ideia do grupo é sempre fazer aparições surpresas em locais de grande movimentação. O Rio de Janeiro poderá ser o próximo destino do boneco, mas a data ainda não foi definida.

MINISTRO DA JUSTIÇA É HOSTILIZADO

O grupo Revoltados On Line publicou um vídeo na sua página no Facebook em que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, é hostlizado por um grupo de manifestantes na Avenida Paulista. Com o som que imita uma sirene de polícia, e aos gritos de “Fora PT” e “Pega Ladrão”, Cardozo foi seguido por algumas pessoas antes de entrar em um restaurante. Questionado por um integrante do movimento Revoltados On Line, o ministro declarou que a ação é “absolutamente democrática”.

O ministro estava com um amigo, o advogado Marco Aurélio Carvalho, que usava uma camisa polo vermelha e foi empurrado por um dos integrantes.

— Ele disse: ‘ô, bacana, quem te deixou andar assim de vermelho na Paulista?’. Eu respondi que era para ele me mostrar onde estava proibido, em que parte da Constituição — contou o advogado.

Carvalho contou que o ministro e ele entraram em uma livraria porque Cardozo queria comprar um CD e um livro, com um grupo ainda de manifestantes atrás. Ele informou que o ministro não foi tocado nem bateu boca com eles.

— Dentro da livraria, alguns se deram conta e pediram desculpas. Teve até quem quis fazer foto com ele — disse o advogado.