Edição do dia 01/10/2015

01/10/2015 21h25 - Atualizado em 01/10/2015 21h25

Juíza diz que foi agredida em visita a prisão de policiais no Rio

Na visita, juíza conta que foi recebida com hostilidade por grupo de PMs.
Tribunal de Justiça do Rio determinou o fechamento imediado do batalhão.

A Justiça do Rio de Janeiro mandou fechar o Batalhão Especial Prisional da Polícia Militar. Uma juíza da Vara de Execuções Penais foi agredida por presos de lá, durante uma inspeção.

A confusão começou quando a juíza Daniela Barbosa Assumpção de Souza foi vistoriar celas e as galerias. Duzentos e vinte e um policias militares, acusados dos mais diversos crimes, estão detidos no local aguardando decisão judicial.

Daniela Souza é considerada linha dura. Em agosto passado ela denunciou privilégios dos presos que, de acordo com a juíza, tinham churrasco e visitas íntimas sem autorização.

Na visita surpresa desta quinta, ela conta que foi recebida com hostilidade por um grupo de PMs. Foi cercada. A escolta da juíza tentou intervir, mas também foi agredida. Daniela Souza teve a blusa rasgada, perdeu os óculos e os sapatos e foi obrigada a deixar o presídio.

A juíza voltou com reforço policial: Batalhão de Choque, Operações Especiais e Corregedoria da Polícia Militar e fez a vistoria.

Por causa da agressão, o Tribunal de Justiça do Rio determinou o fechamento imediado do Batalhão Especial Prisional.

O deputado Flávio Bolsonaro da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio criticou a transferência.

“Uma insanidade uma decisão como esta. Tem que ser reformada urgentemente. Coloca não apenas a vida dos policiais em risco, a dos seus familiares em risco como coloca a própria tranquilidade do sistema penitenciário em risco. São policiais militares que estão aguardando o julgamento. Muitos voltarão a trabalhar nas ruas normalmente e ao serem tratados como bandidos por uma pessoa representando o estado se sentiram indignados”, disse o deputado estadual Flávio Bolsonaro, PP, comissão Direitos Humanos – ALERJ.

O secretário de segurança do estado já pedia a desativação do presídio militar. “E este é um dos motivos que a gente há tempo pede a retirada do Batalhão prisional dali, porque ele e não é um lugar prisional. Aquilo era um batalhão de polícia”, destacou José Mariano Beltrame, secretário de Segurança Pública-RJ.

"Ela vai fazer uma inspeção para a garantia dos direitos dos próprios presos e não pode se ver diante de uma tentativa covarde de intimidação. Fatos como esse não podem e não devem se repetir", disse o desembargador Luiz Fernando Ribeiro De Carvalho, presidente do Tribunal de Justiça-RJ.

Ainda cabe recurso contra a decisão que determinou a transferência do batalhão. A juíza Daniela Souza não quis comentar o assunto, só disse que nunca se dirigiu aos presos como se fossem bandidos. Na noite desta quinta-feira (1), o presidente do Tribunal de Justiça do Rio informou que vai reavaliar a decisão de fechar o Batalhão Prisional da Polícia Militar.